Saúde e Bem Estar

O futuro chegou e ele não é cinza, é prateado

Pesquisador repercute a importante participação dos "maduros" no mundo contemporâneo e sua representação

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24

[e-s001]São Paulo - Quantos anos você acredita que ainda vai viver? Já se imaginou com 100 anos? E chegar aos mil anos, seria possível? É fato que nunca antes tivemos uma média de idade tão elevada e uma participação tão grande das pessoas maduras em relação ao total das populações. No dia dos avós, comemorado nesta sexta-feira, 26, saiba que as pessoas estão vivendo cada vez mais e têm cada vez menos filhos em todos os países. E a consequência óbvia disso é o envelhecimento populacional.

Mas no que esta mudança de parâmetros na pirâmide populacional pode significar? Para o pesquisador e CEO da Mind Pesquisas, Alexandre Correa Lima, o aumento da expectativa de vida impacta, e continuará impactando, nossa maneira de viver de forma profunda. Segundo ele, estamos vivendo a chamada “Revolução Prateada”, um fenômeno global e inédito na história da humanidade.

“Presenciamos as grandes mudanças deste novo paradigma. Estima-se que em 15 anos tudo mudará. A vida não começará aos quarenta e nem acabará aos 60. Um mundo onde pela primeira vez, na história da humanidade, teremos mais sêniors que jovens”, afirma.

Correa afirma que tais mudanças já obrigam a sociedade, como um todo, a lançar um novo olhar para a geração sênior. Baseado em levantamentos e análises a cerca da longevidade, ele explica que não se pode ignorar as mudanças que virão com a Revolução Prateada.

“Não é futurismo, são dados. Não se trata apenas de mais anos de vida, mas sobretudo de mais vida nos anos. Viveremos não apenas mais, mas com mais qualidade de vida”, diz.

Os impactos já podem ser sentidos, por exemplo, em diversas áreas: mercado de trabalho, relações de consumo, marketing, economia, cultura, e sociedade e politica publicas. Por isso também. Entender este novo público diante das reformas previdenciárias é importante, e sua incompreensão pode deixar de levar em consideração elementos relevantes.

“Ao mesmo tempo, apesar da importância desse assunto, vemos que sua repercussão parece absolutamente invisível para sociedade em geral, um verdadeiro iceberg. Os prateados não estão representados nos comerciais de TV, nas ações de recursos humanos e nos debates de politicas públicas, e quando estão, quase invariavelmente o são de maneira caricata: frágeis velhinhos necessitando de cuidados especiais”, argumenta.

Os dados demográficos não mentem: As pessoas estão alongando seus ciclos de vida: casando mais tarde, trabalhando mais tempo, tendo projetos por toda a vida.

Nesse sentido, Correa afirma: os prateados estão com tudo. “Cientistas cunharam o termo superagers para se referirem àqueles que chegam a uma idade madura mantendo características físicas ou cognitivas bastante preservadas. Esse é o futuro e ele chegou e não é cinza, é prateado”, afirma.

[e-s001]Nova pirâmide
Pirâmide etária ou populacional é o tradicional gráfico utilizado para classificar a população de uma determinada localidade conforme as faixas de idade. Por muitas décadas, os dados brasileiros constituíam uma pirâmide no formato convencional: base larga, devido à prevalência de crianças e jovens, e ponta estreita, por conta do número menor de pessoas com idades avançadas.

A partir de 1980, uma combinação de fatores começou a provocar mudanças no formato do tal gráfico. As mulheres passaram a ter menos filhos, à medida que a dedicação aos estudos e à carreira crescia. Em quarenta anos, essa mudança de comportamento foi enorme: em 1980, cada brasileira tinha, em média, 4,4 filhos. Atualmente, o índice está abaixo de 1,72 filho por mulher.

No mesmo período, a expectativa de vida do brasileiro deu um salto positivo. Até a década de 1980, um adulto vivia, em média, 62,52 anos, sendo que, entre mil adultos que completavam 60 anos de idade, apenas 343,8 alcançavam os 80 anos de idade. Tais índices eram semelhantes aos demais países em desenvolvimento, mas, aos poucos, avanços sociais foram mudando essa realidade no Brasil.

Vida média
Hoje, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o brasileiro já vive, em média, 75,8 anos. “Algumas razões que levam a uma maior sobrevida da população estão ligadas diretamente a ações de promoção de saúde, que envolvem não só as tecnologias, como novos tratamentos e exames diagnósticos mais precisos, mas em grande parte se explica pelo aumento do saneamento básico, diminuição da mortalidade por doenças infectocontagiosas, disseminação das vacinas, antibióticos. Foram vários ganhos na área da saúde e de políticas sociais, que proporcionaram melhor qualidade de vida”, detalha o médico geriatra e diretor científico da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Renato Bandeira de Mello.

Combinando esses avanços a uma queda na taxa de fecundidade, o Brasil já enfrenta o mesmo processo de envelhecimento visto em países europeus, por exemplo.

Dados oficiais do IBGE confirmam essa mudança profunda e crescente no perfil da população brasileira. Em 2004, apenas 9,7% da população tinha 60 anos de idade ou mais. Em apenas uma década, o percentual passou para 13,7. As projeções estimam que até 2030 os idosos já representarão 18,6% de todo o país e, em 2050, chegarão a 1/3 de toda a população.


ENTENDA UM POUCO MAIS SOBRE ISSO

Número de idosos no Brasil hoje
O Brasil tem hoje 26 milhões de pessoas acima dos 60 anos de idade.
Quantas pessoas nascem e morrem/dia?
Nascem em torno de 7,7 pessoas por dia no Brasil, enquanto 150 mil indivíduos morrem por dia em todo o globo – cerca de dois terços devido à idade avançada.

Número de idosos do sexo masculino x sexo feminino
55,7% são mulheres e 44,3% são homens.

Fatores que fazem com o que o idoso viva mais
• Hábitos de vida saudáveis, como ter alimentação balanceada, praticar exercícios físicos regularmente, não fumar e evitar uso de bebida alcoólica.
• Bom acesso a serviços de saúde.
• Acesso a saneamento básico.
• Vida social ativa.

Número de idosos economicamente ativos
O número de idosos ativos no mercado de trabalho já soma 7,2% da população brasileira. Em quase uma década, a participação desse grupo aumentou 35,8%.

Quantos idosos teremos em 2025
A estimativa é de que o Brasil terá 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade.

Fontes: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG); Ministério da Fazenda (MF); Ministério da Saúde (MS); e Nielsen

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