Memória

Memória preservada em documentos

Com novas instalações, Arquivo Histórico do Tribunal de Justiça abriga memória coletiva do Poder Judiciário em acervo de cerca de 120 mil processos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Arquivo Histórico, Laboratório de Conservação de Papéis e Laboratório de Digitalização do Arquivo Judiciário têm novas instalações
Arquivo Histórico, Laboratório de Conservação de Papéis e Laboratório de Digitalização do Arquivo Judiciário têm novas instalações (Arquivo Tribunal de Justiça)

São Luís - Construir teias de diálogos entre acontecimentos passados registrados em documentos para delinear um percurso histórico e, assim, manter e formar a memória coletiva de um povo. Tudo isso se torna possível, a partir da riqueza das informações preservadas e catalogadas nos arquivos públicos. Nesse sentido, o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) inaugurou as novas instalações do Arquivo Histórico, do Laboratório de Conservação de Papéis e do Laboratório de Digitalização do Arquivo Judiciário, localizados na sede do arquivo do TJMA, no bairro Alemanha.

O espaço funciona das 8h às 17h, com atendimento aberto ao público. Qualquer pessoa tem acesso ao acervo, desde que o documento a ser ésquisado tenha condições de manuseio. Para visitações de grupos com mais de dez pessoas é necessário um agendamento prévio.

O Arquivo do Tribunal de Justiça do Maranhão possui um acervo total – entre as categorias de judicial intermediário, administrativo e permanente – de aproximadamente um milhão de documentos, com um acervo histórico de cerca de 120 mil processos.

Também, sob a guarda do TJMA, relíquias de documentos compõem o acervo de obras raras da Biblioteca do TJMA, como os “Registros de Testamentos” séculos XVIII e XIX e obras de fundamental valor histórico, a exemplo de “O Código Phillipino” (1603), “Novellas de Justiniano” e “Coleção de Leis do Império do Brasil” (a partir de 1750) e “Registro de Títulos de Desembargadores” (1813). A biblioteca é coordenada por Cíntia Valéria Andrade.

O presidente do TJMA, desembargador Joaquim Figueiredo, afirmou que – além do imensurável valor histórico que carrega consigo – o arquivo é a memória coletiva do Poder Judiciário alicerçada em áreas de conhecimento fundamentais para pesquisas científicas de cunho institucional.

“Entendido como local de memória, o arquivo é de fundamental importância para a história do Poder Judiciário, por trazer farta e riquíssima documentação dos escritos e iconográficos do Poder Judiciário, com registros relevantes da sua trajetória, da sua cultura e da sua tradição como”, assinalou o presidente do TJMA, desembargador Joaquim Figueiredo.

Sobre a relevância do Arquivo Histórico para a história do Maranhão e do Brasil, o desembargador Lourival Serejo sustenta que está nessa luta para conservar esses papéis que guardam uma parte importante da nossa história. “Estamos investindo na eternização desses documentos para preservar a memória”, frisou o desembargador Lourival Serejo. “Hoje temos prestígio reconhecido fora do estado. Temos um dos arquivos mais bem organizados, com farta documentação à disposição da população”, completou o desembargador Lourival Serejo.

O trabalho de organização e conservação documental é fruto de uma preocupação nacional dos tribunais de Justiça, advertidos pelo Conselho Nacional de Justiça, com base na Recomendação nº 37/2011 do CNJ, considerando o art. 216, § 2º da Constituição Federal e a Lei nº 8.159/1991.

Arquivos

Para o historiador Reinaldo Barroso, o arquivo representa uma das instituições mais importantes na existência da memória, um pedaço do passado que mexe com aquilo que se entende enquanto realidade desse passado. “Sem o arquivo, basicamente, nós não conseguimos montar todo percurso histórico que nós tivemos anteriormente, quem são os nossos ancestrais, os indivíduos que têm notoriedade, importância, preponderância, os fatos, as narrativas”, afirmou Barroso, que é pesquisador associado do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão sobre África e o Sul Global (Neafrica) e pesquisador Colaborador do Slave Wreck Project (SWP).

O historiador Christofferson Melo explica que a memória é um elemento fundamental na formação da identidade coletiva de um povo. “Seja na instituição das tradições, seja na significação do passado, a memória constitui um dos fios condutores do que entendemos como sociedade e nação”, elucida.

O professor da UFMA e mestre em História, Manoel de Jesus Barros Martins, entende ser de grande relevância a preservação do documento no fortalecimento das instituições. “O arquivo já pressupõe um conjunto organizado de documentação produzida e acumulada por instituições ou pessoas. A cada movimento, um documento surge. Dando prova de que a instituição está cumprindo de alguma forma sua pertinência”, disse.

É nesse sentido que “os arquivos públicos têm o condão de não apenas serem os guardiões da memória, mas sobretudo, os arquivos são um caminho para se entender as experiências humanas no seu aspecto individual e coletivo”, disse Melo, que é chefe da Divisão de Acervo Judicial e Histórico do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA).

Ele enfatiza que, justamente pelo fato de serem um caminho, também, como ferramenta para o exercício da cidadania – sim, o direito à memória é um direito fundamental – é que a manutenção e valorização dos arquivos públicos se fazem necessárias e urgentes.

Neste sentido, o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) e o Arquivo Público do Estado do Maranhão (APEM), promoveram, semana passada, a 3ª Semana Nacional de Arquivos.

A semana – que aconteceu simultaneamente em arquivos e instituições de memórias de todo o país – teve como objetivo aproximar essas instituições da sociedade e divulgar os valiosos trabalhos nelas desenvolvidos, como o tema “Desenhando Arquivos”. A atividade aconteceu em alusão ao Dia Internacional do Arquivo (9 de junho) e contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema).

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