Poluição ambienta

Dia do Meio Ambiente: veículos são os principais culpados pela poluição do ar em centros urbanos

Ações de melhoria da mobilidade urbana podem trazer benefícios para o meio ambiente e para a saúde

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
As principais fontes de emissão de poluentes nas regiões metropolitanas são carros, ônibus, caminhões e motos
As principais fontes de emissão de poluentes nas regiões metropolitanas são carros, ônibus, caminhões e motos (poluente)

São Paulo - Na semana que passou foi comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, que tem como tema a poluição do ar, escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) alerta que a questão no Brasil é um desafio. Isso porque as principais fontes de emissão de poluentes nas regiões metropolitanas são móveis: carros, ônibus, caminhões e motos. Somando-se a isso, nem todo brasileiro pode saber o que respira, já que apenas 12 unidades da federação têm alguma informação acerca da qualidade do ar.

Atualmente, sete poluentes são regulados no país por seus reconhecidos danos à saúde, ou seja, devem ser acompanhados pelo poder público: fumaça, partículas totais em suspensão (PTS), partículas inaláveis (MP10), partículas inaláveis finas (MP2,5), dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2), monóxido de carbono (CO) e ozônio (O3). “A diminuição da poluição é um desafio em centros urbanizados devido ao grande volume de carros. Principalmente para alguns poluentes que sua formação é complexa, como o material particulado e o ozônio”, alerta Beatriz Sayuri Oyama, pesquisadora do IEMA.

Os governos estaduais e distritais são responsáveis pelo monitoramento da qualidade do ar e, das 27 unidades da federação, ele é feito pelo: Distrito Federal, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, Bahia, Mato Grosso do Sul e Sergipe - sendo que não há informação sobre a continuidade do monitoramento realizado por esses dois últimos estados. Vale ressaltar que as maiores redes de monitoramento se concentram na Região Sudeste do país, e as regiões metropolitanas dos demais estados que possuem monitoramento dificilmente aparentam ter uma cobertura adequada para acompanhamento da qualidade do ar. Assim, parte da população segue sem saber o que respira.

A falta de conhecimento sobre as fontes poluidoras também é outro desafio. Os dados sobre quais são as fontes, os poluentes e suas quantidades emitidas; quando essas emissões ocorrem são informações essenciais para qualquer medida de gestão do problema de poluição. Esses dados são compilados e apresentados em Inventários de Fontes Poluidoras do Ar, contudo há pouca informação disponibilizada.

Quem emite tanta poluição
As emissões veiculares são comuns em regiões densamente povoadas, uma vez que o aumento da quantidade de veículos está relacionado ao aumento da população. E o que fazer para controlar uma frota de veículos. Para evitar esse tipo de emissão, medidas focando principalmente na melhoria de tecnologias e na promoção do uso de combustíveis mais limpos têm sido tomadas por meio do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve).

Dividido em etapas, o programa foi desenhado em 1986 e até hoje tem suas fases atualizadas pelo Conama. Em lugares em que o monitoramento da qualidade do ar é suficiente para acompanhar medidas para redução de poluentes, como é o caso da cidade de São Paulo, a diminuição de alguns poluentes, tais como CO e NO2, está associada às melhorias trazidas pelo Proconve.

Porém, a queda na concentração de alguns poluentes não é notada, como no caso do material particulado e do ozônio. O material particulado é emitido pelo processo de queima dos combustíveis, também pelo desgaste dos componentes do carro como pneus e freios e da própria pista, além de sofrer processos na atmosfera que alteram sua composição química. Já o ozônio se forma por meio de reações químicas de outros poluentes lançados na atmosfera na presença da luz do sol. “Neste caso, a melhoria de tecnologias e combustíveis, embora extremamente necessária, parece atingir um limite no impacto da melhoria da qualidade do ar”, conta Oyama.

O que os olhos não veem, o corpo sente
Os efeitos à saúde dos chamados poluentes atmosféricos estão relacionados ao agravamento de doenças respiratórias, cardiovasculares e neurológicas, especialmente em crianças e idosos. Estudos indicam a correlação entre a exposição a alguns poluentes e a ocorrência de diferentes tipos de câncer.

A poluição atmosférica também afeta os ecossistemas. A deposição dos poluentes nas plantas pode levar à redução da sua capacidade de fotossíntese provocando, por exemplo, queda da produtividade agrícola. A acidificação das águas da chuva e a contaminação dos recursos hídricos, dos biomas aquáticos e do solo também são consequências.

Como enfrentar o problema
Uma das maneiras de se combater a poluição do ar é investindo em transporte público de qualidade, eficiente e que use combustíveis mais limpos. Na cidade de São Paulo, por exemplo, em 2013 foram implementadas faixas exclusivas de ônibus que permitiram que estes trafegassem a maiores velocidades. Assim, o tempo de viagem foi reduziu e, consequentemente, os poluentes originados da emissão veicular também diminuíram. Afinal, velocidades médias mais elevadas fazem com que os veículos consumam menos combustível e emitam menos poluentes. Reduzir o uso de automóveis e promover e usar o transporte ativo como praticar a caminhada, andar de bicicleta ou patinete também são maneiras de se evitar a poluição do ar. Ar mais limpo pode ser sinônimo de qualidade de vida.

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