Ônibus

Deputados e vereadores se mobilizam contra a demissão de cobradores

Ação judicial, pedido de informações e até projeto de lei foram feitos pelos deputados Wellington do Curso e Adriano Sarney e o vereador Umbelino Júnior

Ronaldo Rocha da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Deputado Adriano Sarney pede explicações ao Sindicato dos Rodoviários
Deputado Adriano Sarney pede explicações ao Sindicato dos Rodoviários (Adriano Sarney)

Ronaldo Rocha
Da editoria de Política

Deputados estaduais e vereadores de São Luís têm se mobilizado contra a possível demissão de cobradores de ônibus que atuam no sistema de transporte público da capital. As demissões são defendidas pelo Sindicato das Empresas de Transportes (SET) e aceitas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Maranhão (Sttrema), como atesta documento assinado pelas duas entidades.
Até o momento, de acordo com o Sindicato dos Rodoviários, cerca de 20% da frota de ônibus da capital já circula sem cobrador. A medida começou a ser implantada pelo Consórcio Upaon-Açu, que atua na região da Cidade Operária.
O objetivo do SET é fazer com que o motorista de ônibus acumule as duas funções, dispensando assim a necessidade da figura do cobrador no interior dos veículos, o que reduz consideravelmente os gastos com a folha salarial das empresas.
Foi justamente esse cenário que motivou o deputado estadual Wellington do Curso (PSDB) a propor uma Ação Civil Pública no Ministério Público Federal (MPF) para tentar impedir a demissão em massa de cobradores.
Na ação, Wellington pede para que seja obrigatória a alocação de cobradores. “O pedido da representação é para que a União (por meio do Contran) seja obrigada (facere) a editar e publicar resolução normativa que institua a alocação de cobradores no interior dos ônibus que compõem o transporte coletivo urbano, suprindo lacuna existente quanto ao dever fundamental de proteção, impedindo assim a retirada de tais profissionais dos ônibus de São Luís”, defendeu o parlamentar.

Informações
O deputado estadual Adriano Sarney (PV) apresentou requerimento ontem à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, com pedido de informações ao presidente do SET, Cláudio Siqueira e à presidente do Tribunal Regional do Trabalho, desembargadora Solange Cristina Passos de Castro Cordeiro, a respeito da eliminação da função de cobrador de ônibus em São Luís.
Na tribuna, ele questionou a atuação de Isaías Castelo Branco à frente do Sindicato dos Rodoviários. “Vamos falar de praticidade da política. Então, vamos cobrar. Eu acho que nós precisamos atacar o problema na sua raiz. Ora, se o presidente do Sindicato dos Trabalhadores, que é do PCdoB, seu Isaías, não defende a sua categoria, assina uma ata concordando com a demissão de cobradores, o que esse sujeito está fazendo como presidente do sindicato que representa a sua categoria?”, questionou.
O requerimento de Adriano foi deferido pelo plenário da Assembleia Legislativa na manhã de on­tem.

Câmara
Já na Câmara Municipal de São Luís, o vereador Umbelino Júnior apresentou Projeto de Lei que proíbe o acúmulo de função por motorista de ônibus.
Pelo texto, os consórcios que descumprirem a norma terão os seus respectivos veículos retirados de circulação e, em caso de reincidência, deve ser aplicada a suspensão da permissão da linha em que o veículo faz o trajeto.
“Quando o passageiro entra em um coletivo, a primeira placa alerta que é proibido conversar com o motorista, justamente para não tirar a concentração dele no serviço. Com o acúmulo de funções, o motorista irá precisar fazer diversas paradas para dar troco de cada passageiro, o que irá atrapalhar sua função. Nossa proposta é baseada justamente no que já prevê a CLT [Consolidação das Leis Trabalhistas], e precisamos garantir que ninguém seja prejudicado com o acúmulo de funções”, justificou o vereador.

Sindicato dos Rodoviários nega a demissão em massa

Por meio de nota, o Sindicato dos Rodoviários do Maranhão – que defende os interesses de trabalhadores [motoristas, cobradores e fiscais de ônibus], negou a articulação por uma paralisação da categoria e rechaçou a demissão em massa de profissionais da capital.
O sindicato, presidido por Isaías Castelo Branco, que nas eleições 2018 participou da campanha política do PCdoB, informou que, para haver qualquer tipo de movimento grevista, é necessário primeiro que sejam realizadas assembleias gerais, para que os trabalhadores sejam ouvidos e se posicionem.
Na nota, o sindicato criticou o deputado Wellington do Curso e afirmou que ele tenta “inflamar” as discussões em torno do assunto.
“É importante ressaltar, que em nenhum momento, o Sindicato dos Rodoviários do Maranhão, fez qualquer tipo de acordo com o Sindicato Patronal, SET, para por fim a função de cobrador em São Luís”, destaca a nota.
Documento divulgado pelo próprio SET, contudo, desmente a versão do sindicato dos trabalhadores e atesta que a entidade acatou sim a decisão do fim da função de cobrador de ônibus, mas de forma escalonada, ou seja, gradativa.
“[...] considerando-se a garantia de qualificação dos cobradores e aproveitamento destes para a função de motorista e outras, de acordo com a necessidade do Sistema de Transporte, o Sindicato dos Rodoviários se manifesta favorável à medida, como forma de se evitar demissão em massa”, destaca a ata assinada por ambos os sindicatos e que confronta a nota emitida somente ontem pelo Sindicato dos Rodoviários.

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