Encomenda

Mais de 20 mortes por pistolagem em dois anos no interior do estado

Segundo a polícia, em menos de 30 dias, alguns casos foram elucidados e 16 criminosos presos; entre eles havia policiais militares envolvidos nos crimes

Ismael Araújo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Luzivan,Cleantes, Nenem e Fogoió, presos pela morte de Iolanda Pereira
Luzivan,Cleantes, Nenem e Fogoió, presos pela morte de Iolanda Pereira (Pistoleiros)

SÃO LUÍS - O interior do estado está sendo marcado por crime de pistolagem. Segundo a polícia, existem militares suspeitos de participação nesse tipo de ato bárbaro e há, também, organizações criminosas que já teriam cometidos mais de 20 assassinatos em menos de dois anos, a maioria em série. Em menos de 30 dias, 16 criminosos já foram tirados de circulação.

Ainda na última segunda-feira, a polícia deu cumprimento a quatro mandados de prisão em desfavor de Luzivan Rodrigues, o Luizão; José Cleantes Almeida Moreira, o Maranhense; Carlos César, o Nenem, e Antônio Francisco, o Fogoió, que são acusados do assassinato de Iolanda Pereira de Sousa, ocorrido em fevereiro de 2017, em Barra do Corda.

Carlos César e Antônio Francisco foram os primeiros a serem identificados e confessaram a autoria do crime e informaram o nome do agenciador, Luzivam Rodrigues. O mandante do crime foi José Cleantes, que é irmão do ex-marido da vítima, identificado como Renato Almeida.

Ainda de acordo com a polícia, Renato Almeida foi morto a tiros pouco antes da ex-esposa. Havia informações de que esse assassinato teria sido ordenado por Iolanda Pereira, motivado por supostas traições. Os detidos foram levados para a unidade prisional do município onde ficarão à disposição do Poder Judiciário.

Mais morte

No último domingo foram presos na cidade de Viana, Júnior Sousa Pinheiro, o Júnior de Batata; William de Jesus Pinheiro Penha, o Barbudinho; Nilton César dos Santos Frazão, o Bojico, e Sebastião Jorge Nogueira Amaral Frazão. De acordo com a polícia, eles foram presos em cumprimento de uma ordem judicial, por acusação de pistolagem e roubo de gado nessa região.

Uma das vítimas desse grupo foi o vaqueiro Augusto Belfort, o Gudinho, de 63 anos, que foi encontrado morto com perfurações de tiros nas proximidades de uma fazenda, às margens da MA-014, zona rural de Viana, no dia 5 de fevereiro deste ano.

Outras ocorrências

A polícia também identificou crimes de pistolagem nas cidades de Santa Inês, Bom Jardim, São João do Carú, Zé Doca e Governador Newton Belo. Foi constatado que um bando criminoso estava agindo na região e teria cometido 22 assassinatos na região de Pindaré-Mirim, no biênio de 2017 a 2018. A maioria das vítimas era envolvida em diversos crimes como homicídios, roubo e tráfico de droga. Nos assassinatos, o executor atingia sempre a cabeça da vítima e fugia em uma motocicleta.

O delegado Guilherme Sousa Filho declarou que o executor dos assassinatos era Libário Aderbal e José da Silva Oliveira, o Kambute, era quem intermediava a ação criminosa. A maioria dos crimes era articulado no bar pertencente a Kambute, em Bom Jardim.

Uma das vítimas dessa organização criminosa foi Rawnnisson Silva Andrade, que segundo o delegado, foi morta em um clube de eventos, em Bom Jardim, no dia 26 de outubro do ano passado. Rawnnisson foi assassinado por engano já que o alvo seria um criminoso identificado como Loirão. Já o crime foi encomendado pelo pai da vítima e está sendo investigado.

No dia 7 de maio deste ano foi realizada a operação Cifra Negras que prendeu integrantes desse bando, identificados como Raimundo Nonato Alves, o Raimundinho de Aderbal, e José da Silva Oliveira. Com eles, a polícia apreendeu uma escopeta 12, uma espingarda calibre 28 e munições de calibres 12, 28 e 38. Os detidos foram apresentados na Delegacia Regional de Santa Inês.

Balaiada

Um grupo, chefiado por militares, acusado de pelo menos 14 assassinatos na Região do Cocais e no estado do Piauí, além de crimes de extorsão, milícia, pistolagem, lavagem de dinheiro e roubo, foi desarticulado no dia 30 do mês passado durante a Operação Balaiada, desencadeada nas cidades de Caxias e Aldeias Altas, no Maranhão, composta por agentes da Superintendência de Homicídio e Proteção a Pessoas (SHPP).

Durante o cerco policial, foram presos sete criminosos, entre eles, cinco policiais militares, além da apreensão de armas de fogo, munições de calibres diversos e uma balaclava. Os militares presos foram Evandro Oliveira dos Santos, Sérgio Adriano Gomes Nunes, Enedito Silva, Raimundo Nonato Lima Chaves e Walmara Mourão Carvalho. Os outros detidos foram Antônio Simão dos Santos e Cícero da Silva.

No campo

O Maranhão é o terceiro estado do país em ações de pistolagem no campo. Um total de 1.065 casos de ações de pistoleiros contra famílias em 2018 no estado foram registrados, além de 201 conflitos no campo envolvendo 80.803 pessoas. Estes dados foram divulgados ontem no lançamento da publicação Conflitos no Campo Brasil 2018 pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), no auditório do Departamento de História da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).

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