Criminalidade

Policiais entram para o mundo do crime e são presos no Maranhão

Em menos de um mês, oito policiais, entre civis e militares, foram detidos; um PM reformado está foragido; um delegado foi afastado e outro expulso

Ismael Araújo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Delegado Thiago Bardal, um dos policiais presos no Maranhão
Delegado Thiago Bardal, um dos policiais presos no Maranhão (Bardal)

SÃO LUÍS - Em menos de 30 dias, ocorreu a prisão de oito policiais, entre militares e civis, e um militar reformado, José Alves dos Santos, conseguiu fugir do cerco policial em Igarapé do Meio. Também nesse período, houve o afastamento do delegado Kairo Clay de Mesquita e Mesquita da direção da Delegacia de Grajaú por determinação judicial e a expulsão do ex-superintendente da Seic, delegado Thiago Bardal, da Polícia Civil pelo conselho da instituição.

Esses profissionais da área de segurança pública são acusados de terem cometido diversos crimes no estado, principalmente associação criminosa, extorsão e milícia.

No dia 30 de abril, uma equipe da Superintendência de Homicídio e Proteção a Pessoas (SHPP), com apoio da Polícia Militar, realizou a Operação Balaiada, nas cidades de Caxias e Aldeias Altas, que resultou na prisão dos militares Evandro Oliveira dos Santos, Sérgio Adriano Gomes Nunes, Enedito Silva, Raimundo Nonato Lima Chaves e Walmara Mourão Carvalho. Com eles, foram apreendidos armas de fogo, munições de calibres diversos e uma balaclava. Os detidos foram encaminhados para o presídio militar, no Calhau.

O delegado Jeffrey Furtado, da SHPP, afirmou que esses policiais são suspeitos de serem os líderes de uma organização criminosa que teria participado de pelo menos 14 assassinatos na Região dos Cocais e no interior do estado do Piauí. Esse crime era motivado por vingança, encomenda ou queima de arquivo. Eles também são acusados de crimes de extorsão, milícia, pistolagem, lavagem de dinheiro e roubo.

Furtado informou que durante os últimos dois anos vinha ocorrendo uma série de assassinatos na Região dos Cocais, nas cidades de Caxias e Aldeias Altas. A Delegacia Regional de Caxias deu início às investigações, mas devido à complexidade dos casos, esse trabalho foi transferido para a SHPP. “Esses crimes eram coordenados por policiais e lotados no quartel de Caxias. As investigações continuam, pois existe a possibilidade de haver mais pessoas envolvidas nessa ação criminosa que, inclusive, podem ser integrantes do sistema de segurança pública”, disse o delegado.

Expulsão
No último dia 27, a imprensa divulgou a expulsão do ex-superintendente estadual de Investigações Criminais, delegado Thiago Bardal, pelo conselho dessa instituição policial. Bardal foi preso, primeiramente em fevereiro do ano passado, suspeito de integrar um bando internacional de contrabandistas. Após três meses, foi posto em liberdade, mas voltou a ser detido em novembro, acusado de extorquir dinheiro de assaltantes de bancos no Maranhão e em outros estados.

Bardal estava respondendo a um processo administrativo na Secretaria de Segurança Pública (SSP), mas o conselho se antecipou e determinou a perda do cargo. Essa decisão ainda vai ser apreciada ainda este mês, pelo governador Flávio Dino, e após o seu despacho será publicado em diário oficial. A defesa de Bardal, no momento, não quis falar sobre o assunto.

Em março do ano passado, Thiago Bardal foi exonerado da função de superintendente da Seic e preso. O secretário de Segurança Pública, delegado Jefferson Portela, informou que a perca do cargo foi devido a acusação de ele fazer parte de um bando internacional de contrabandistas. Em fevereiro do ano passado, a polícia fez uma operação em um porto clandestino no povoado Quebra-Pote, zona rural da capital, e prendeu várias pessoas e apreendeu uma carga ilegal de armas, bebidas alcoólicas e cigarros.

No ato, os policiais identificaram militares, advogados e políticos envolvidos nessa ação criminosa. Um dos abordados foi o ex-vice-prefeito de São Mateus, Rogério de Sousa Garcia, que, no momento, está preso em uma unidade prisional, na capital.

Cerco da Seccor
Um cerco realizado por uma equipe da Superintendência Estadual de Prevenção e Combate à Corrupção (Seccor), órgão da Secretaria de Segurança Pública (SSP), prendeu no dia 24 do mês passado o policial civil Eduardo Daniel Ribeiro, na cidade de Igarapé do Meio, acusado de crimes de concussão, associação criminosa e receptação. O policial militar reformado José Alves dos Santos, e o seu irmão, José Raimundo Alves, que já exerceu a função de carcereiro da delegacia de Santa Luzia, conseguiram fugir.

A polícia informou que Eduardo Daniel foi preso em cumprimento a uma ordem judicial. Os outros dois são considerados foragidos. Durante a busca na residência do militar reformado, foram apreendidas uma pistola e duas motocicletas. Segundo a polícia, eles fazem parte de uma organização criminosa que estava sendo investigada desde 2016. Durante esse tempo, a Seccor constatou que o trio exigia valores de proprietários de motocicletas roubadas para terem o seu veículo restituído. Os valores cobrados variavam de R$ 2 mil a R$ 4 mil. Eles agiam nas cidades de Santa Inês, Santa Luzia e Igarapé do Meio.

Esses crimes eram coordenados por policiais lotados no quartel de Caxias. As investigações continuam, pois, existe a possibilidade de haver mais pessoas envolvidos nessa ação criminosa”Jeffrey Furtado, delegado da SHPP

Afastamento
No dia 4 de abril deste ano, o delegado de Grajaú, Kairo Clay Mesquita de Mesquita, foi afastado do cargo por uma decisão judicial assinada pelo juiz da 1ª Vara Criminal de São Luís, Ronaldo Maciel. Ele era acusado de corrupção passiva, peculato, extorsão e corrupção de menor para execução de crimes. O Poder Judiciário também determinou a prisão da equipe policial dessa delegacia, Sandra Helena Alencar Pinheiro e Carlos Sérgio Nunes Silva, que participavam de ações criminosos coordenadas pelo delegado.
Nesse mesmo dia, Kairo Cay foi informado do seu afastamento da cidade de Grajaú. Sandra Helena e Carlos Sérgio já estavam presos.

Roberto Fortes informou que esses profissionais da área de segurança foram denunciados por cometerem vários crimes em Grajaú e passaram a ser investigados pela Seccor desde janeiro do ano passado. Durante a investigação, ficou comprovado que eles tinha envolvimentos em crimes de corrupção passiva, peculato, extorsão e incentivo de menores para execução de crimes. Há, pelo menos, nove processos contra eles.

Entenda

Relação dos policiais envolvidos com crime

Dia 2 de abril: prisão da investigadora da Polícia Civil Sandra Helena Alencar Pinheiro;

Dia 3 de abril: prisão do investigador da Polícia Civil Carlos Sérgio Nunes Silva;

Dia 4 de abril: afastamento do delegado Kairo Clay Mesquita de Mesquita;

Dia 24 de abril: Prisão do policial civil Eduardo Daniel Ribeiro, na cidade de Igarapé do Meio;

Dia 27 de abril: Expulsão do delegado Thiago Bardal da Polícia Civil pelo conselho da instituição policial;

Dia 30 de abril: os militares Evandro Oliveira dos Santos, Sérgio Adriano Gomes Nunes, Enedito Silva, Raimundo Nonato Lima Chaves e Walmara Mourão Carvalho foram presos em Caxias.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.