Premiado em Cannes

"Chuva é cantoria na aldeia dos mortos", está em cartaz em SL

Longa de João Salaviza e Renée Nader Messora está em cartaz no Cine Lume

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
"Chuva é cantoria na aldeia dos mortos" foi rodado em Tocantins
"Chuva é cantoria na aldeia dos mortos" foi rodado em Tocantins (Chuva é cantoria na aldeia dos mortos)

“Chuva é cantoria na aldeia dos mortos", dirigido por João Salaviza e Renée Nader Messora, fez sua estreia mundial na última edição do Festival de Cannes, onde ganhou o Prêmio Especial do Júri da mostra Un Certain Regard. Depois de percorrer mais de 50 festivais internacionais e obter 11 prêmios, o longa chega ao circuito comercial brasileiro. Em São Luís, o filme está em cartaz no Cine Lume em sessões às 18h30.

Rodado ao longo de nove meses na aldeia Pedra Branca (Terra Indígena Krahô, no Tocantins), em negativo 16mm, o filme acompanha Ihjãc, um jovem Krahô, que após um encontro com o espírito do seu falecido pai, se vê obrigado a realizar sua festa de fim de luto. Rejeitando seu dever e com o objetivo de escapar do processo de se transformar em xamã, ele foge para a cidade, onde enfrentará a realidade de ser um indígena no Brasil contemporâneo.

As filmagens foram precedidas por uma longa relação de Renée com o povo Krahô, que se iniciou em 2009. Desde então, a diretora (também fotógrafa do filme) trabalha com a comunidade, participando na mobilização do coletivo de cinegrafistas indígenas Mentuwajê Guardiões da Cultura. O trabalho do grupo é focado na utilização do audiovisual como instrumento para a autodeterminação e o fortalecimento da identidade cultural. Em 2014, João Salaviza conheceu os Krahô e, juntos durante longas estadias na aldeia, começaram a imaginar o que viria a ser o filme.

“O filme é inspirado na história real de um desses jovens cineastas indígenas, que em uma das nossas viagens à aldeia, começou a se sentir fraco e assustado porque um pajé tinha jogado um feitiço nele. Se ficasse na aldeia, ele achava que iria morrer, então fugiu para a cidade. Este caso, que acompanhamos muito de perto, foi o disparador. Depois, com a nossa convivência na aldeia, participando da rotina da comunidade, o filme começou a ganhar novos contornos. Quando finalmente decidimos que Ihjãc seria o protagonista, ele também trouxe todo o seu núcleo familiar, suas questões cotidianas e sua maneira muito particular de se relacionar com o mundo. Então, o filme foi se moldando, ancorado numa forte presença de elementos reais, do dia a dia na aldeia, naquele núcleo familiar específico. Queríamos filmar a intimidade daquela família”, lembra a diretora. Todo esse tempo partilhado com os Krahô, levou os realizadores à convicção de que não seria possível fazer esse filme com um modelo de produção convencional.

“O que mais aprendemos nessa relação com os Krahô foi a respeitar o tempo das coisas. Você não pode controlar tudo. Na aldeia, nosso filme era tão importante quanto lavar roupa, ir colher mandioca ou fazer reunião no pátio. Não era especialmente importante para ninguém. Nós também passamos a encarar o filme com esta perspectiva. O importante era justamente estar ali, 100% presente, vivendo aqueles dias com aquelas pessoas e tentando contribuir de alguma forma. Para isso, precisávamos de tempo”, finaliza Nader.

O longa é produzido por Ricardo Alves Jr. e Thiago Macêdo Correia, da EntreFilmes (responsável pela produção do longa Elon não Acredita na Morte), em coprodução com a portuguesa Karõ Filmes e a Material Bruto, de São Paulo. O longa é distribuído no Brasil pela Embaúba Filmes.

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