PRECARIEDADE

Apesar de licitação, melhorias para o transporte não são concretizadas

Ônibus velhos e danificados, ausência de equipamentos para transporte de cadeirantes e as condições dos terminais de integração são as principais queixas de passageiros; conforme edital de 2016, consórcios são responsáveis pelos terminais

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Plataforma está isolada, e não há previsão de obra ou liberação no da Praia Grande
Plataforma está isolada, e não há previsão de obra ou liberação no da Praia Grande (terminal)

Apesar das definições constantes no edital de licitação para o transporte público de São Luís, ocorrida há cerca de dois anos, em junho de 2016, consórcios e empresas vencedoras não têm oferecido serviços de qualidade aos usuários do setor. Ônibus velhos e danificados, ausência de equipamentos para transporte de cadeirantes e as condições dos terminais de integração são as principais queixas de passageiros da capital. No fim do mês passado, o consórcio Via SL teve sete linhas interditadas devido à defasagem dos veículos que circulavam pela cidade.

Uma série de melhorias deveriam ser implementadas no sistema de transporte público da cidade. 100% dos ônibus deveriam ser acessíveis para cadeirantes, com elevadores, veículos só poderiam ser substituídos por ônibus com ar-condicionado, pelo menos 20 ônibus articulados com ar-condicionado deveriam ser incluídos nas frotas das empresas e disponibilização de painéis informativos nos terminais, com horários das linhas de acordo com as paradas, são algumas das determinações, que, segundo o edital, deveriam ser cumpridas pelos consórcios, no entanto, não é o que ocorre, de acordo com os passageiros.

Na manhã de ontem, O Estado esteve no Terminal de Integração da Praia Grande, no centro de São Luís, e conversou com passageiros e usuários do transporte público da cidade. Entre eles, opiniões negativas são unânimes quando o assunto é a condição dos ônibus que circulam no sistema e dos principais terminais da capital, que, de acordo com o edital vigente, devem contar com a atuação das empresas vencedoras na administração e manutenção dos espaços. Para o técnico em contabilidade, Arthur Nogueira, a condição dos veículos não é compatível com os valores das passagens, que, atualmente, variam entre R$ 2,95 e R$ 3,40, conforme o último reajuste, realizado em janeiro deste ano.

“Foi determinado que os veículos deveriam ser substituídos após 10 anos, mas não é o que acontece. Muitos deles nem tem manutenção e quando saem do terminal quebram no meio do caminho, além do desconforto enfrentado, principalmente no período chuvoso, que praticamente chove dentro do ônibus também. A gente paga uma passagem cara, para o nosso poder econômico, e o mínimo que se espera é um transporte de qualidade”, reivindicou.

A defasagem do ônibus causa contratempos aos passageiros, como destacou Nogueira, e enfrentar estas situações gera enormes transtornos a quem depende do serviço para chegar ao trabalho. A diarista Janés Maciel afirmou que, constantemente, se atrasa devido a problemas no percurso de casa para o local de trabalho.

“Os ônibus estão todos arrebentados. Quase todos os dias um para pelo caminho, prega, a gente precisa pegar outro e acaba se atrasando. Quando não, passam superlotados, não têm condição nem de entrar mais alguém. Aí, a gente perde uma hora, uma hora e meia nas paradas aguardando ônibus. É muito ruim, porque é o único meio de condução que a gente tem e, às vezes, o patrão não entende estas situações”, lamentou.

Outra questão que, de acordo com o edital, está entre as condições para atuação dos consórcios, refere-se aos terminais de integração da cidade. Os espaços possibilitam o Sistema Integrado de Transporte (SIT) na região metropolitana da capital há cerca de 15 anos, com a construção dos terminais da Praia Grande, São Cristóvão, Distrito Federal, Cohab-Cohatrac e Cohama-Vinhais.

De acordo com o edital de licitação do transporte da capital, passou a ser de responsabilidade das concessionárias o fornecimento de mão de obra e insumos necessários à operação e segurança, manutenção, conservação, limpeza e reformas prediais que assegurem o pleno funcionamento dos terminais de integração, no entanto, poucas intervenções são realizadas.

Problemas na infraestrutura dos diversos terminais são, constantemente, noticiados. Na edição de 12 de março, O Estado veiculou reportagem que denunciava, sobretudo, os buracos que se abriram no asfalto entre as vias das plataformas de embarque e desembarque, do Terminal da Cohama/Vinhais. Apenas após a reportagem foram iniciadas obras de recapeamento no espaço. Porém, o serviço contemplou somente duas faixas por onde circulam os ônibus, deixando outras faixas e a via principal de acesso ainda repletas de buracos.

No terminal da Praia Grande, as reclamações referem-se às construções inacabadas de boxes e à interdição de uma das plataformas do espaço, como contou o estudante Erick Sousa. “À noite, é muito complicado, porque os boxes ficam escuros, e ninguém sabe o que ou quem pode está abrigado lá. Além disso, a plataforma interditada têm gerado muitos transtornos, porque as linhas ficaram acumuladas na última plataforma e é uma verdadeira batalha na hora de pegar ônibus nesses horários de pico”, contou.

Para questionar sobre os problemas apontados pelos usuários do transporte público, O Estado manteve contato com o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de São Luís (SET), mas, de acordo com o presidente da entidade, “todas as informações relacionadas aos terminais e consórcios devem ser tratadas pelos respectivos consórcios”. A Prefeitura de São Luís também foi contatada para tratar do assunto, mas até o fechamento desta edição não se manifestou.

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