TAPETE DE ALGAS

Tapete de algas cobre faixa de areia na Praia de São Marcos

Fenômeno natural das algas Sargassum, segundo especialistas, ocorre pela variação da maré, pelo curso dos rios que desembocam no mar e pelo período chuvoso; outros dejetos, resultado da ação humana, compõem o cenário

Igor Linhares / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25

Uma grande quantidade de algas mudou, mais uma vez, o cenário da Praia de São Marcos, em São Luís, na manhã de sexta-feira (29). A areia das praias da capital maranhense costuma ser clara e fina, mas, nos últimos dias, tem estado tomada pelo aparecimento da vegetação marinha, de cor avermelhada, que forma um tapete quilométrico pela extensão da orla de São Marcos, uma das mais movimentadas na cidade. Além dos resíduos provenientes do mar, que se explica pelo intenso período chuvoso, restos de plásticos também se misturam e contribuem para o novo ambiente. A espécie é conhecida como Sargassum.

O fenômeno tem deixado não só um extenso rastro de sujeira por toda a faixa de areia da Praia de São Marcos, mas, também, intenso mau cheiro, por causa da decomposição da vegetação marinha, sentido pela população, fato que tem reduzido, inclusive, a presença de quem costuma caminhar, todas as manhãs, pela orla.

Além das algas provenientes do fundo do oceano, todo lixo a ele direcionado, como o plástico, é regurgitado para a faixa de areia. Tais resíduos sólidos são decorrentes do descarte irregular feito nas áreas próximas e têm sidos coletados, regularmente, pelo Comitê Gestor de Limpeza Urbana de São Luís.

Segundo especialistas, o fenômeno é normal, sobretudo por causa do período chuvoso, e se dá devido à variação da maré, e o curso dos rios da capital que se findam no mar, carreando grande quantidade de material orgânico, o que contribui para o que se tem registrado na orla marítima de São Luís, nas últimas semanas.

“No litoral maranhense, o fenômeno de algas pardas foi noticiado em abril de 2015 e novamente maio de 2015, indicando o primeiro aparecimento de mancha escura nas águas das praias maranhenses da Baía de São Marcos. Com a maré baixa, a imensa quantidade dessas macroalgas vai sendo depositada na orla das praias, o que causa espanto aos banhistas, comerciantes e moradores da área. Fenômenos como estes já haviam sido descritos em mares do Caribe, onde falava-se sobre o mar de Sargassum na parte média do Oceano Atlântico, que costuma ser levadas por correntes marítimas alteradas devido às pronunciadas mudanças de temperatura e, em geral, do clima”, explicou a coordenadora do Laboratório de Biologia Vegetal e Marinha (LBVM) da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Andrea Cutrim. “O fenômeno da ocorrência de Sargassum nas praias não só está relacionado ao período chuvoso e à preamar, mas também com a época de reprodução dessas algas nos locais onde ocorrem, ocasionando o mar de Sargassum”.

“Ocorre que os rios que desembocam no litoral de São Luís acabam trazendo bastante sedimento. Por isso, a cor da água tem um aspecto meio acinzentado, e como está chovendo muito, ocorre um envolvimento, ou seja, as partículas que estão no fundo do mar acabam sendo arrastadas para a superfície, o que resulta nessa quan­tidade de componentes orgânicos dispersos pela areia da praia”, complementou o biólogo e professor Fernando Santos.

Além da sujeira dispensada pela praia, uma característica das algas é o mau cheiro, que se dá pela decomposição desse componente orgânico. “As macroalgas são todas marinhas e crescem fixas ao solo. Sargassum é a única, reportada em literatura, que pode viver flutuando, portanto são levadas pelas correntes marítimas. Como chegam às praias, em maré cheia, ficam expostas ao sol e à dessecação, apodrecendo, causando o mau cheiro. Nos locais onde ocorrem, são retiradas pelas prefeituras”, concluiu a pesquisadora.

SAIBA MAIS

LIXO

Quanto aos demais resíduos sólidos verificados por O Estado, o Comitê Gestor de Limpeza Urbana de São Luís informou que está com equipes em toda a cidade atendendo às demandas decorrentes das fortes chuvas dos últimos dias e que, desde o domingo (24), mais de 230 toneladas de lixo foram retiradas das praias de São Luís. O órgão comunicou, também, que o maior acúmulo de lixo na orla de São Luís, que tem sido observado ao longo desta semana, é decorrente do descarte irregular feito nas áreas próximas, uma vez que a água das chuvas arrasta o lixo que se acumula na faixa de areia.
O comitê ressaltou, ainda, que por esse motivo, desde a segunda-feira (25), foram mobilizadas 52 equipes de limpeza urbana para a faixa de praia da cidade, e que para este fim de semana, estão previstas a remoção de mais 20 toneladas de resíduos nas faixas de praia. As ações deste terão o apoio de mais 12 equipes na orla, além de seis caçambas e mais uma máquina retroescavadeira que estarão de plantão para atender às demandas do Plano de Contingência.

ATENÇÃO

Ao ir para a praia, em respeito à natureza e aos outros banhistas, recolha seu lixo e deposite em local adequado. Lembrando que em alguns locais não passa a coleta de lixo, ou as latas de lixo podem estar muito cheias devido ao excesso de pessoas na alta temporada. Por isso, leve sempre uma sacola para retirar os restos.
Veja abaixo o tempo de decomposição de diferentes materiais:
– Jornal: de 2 a 6 semanas
– Embalagens de papel: de 3 a 6 meses
– Fósforos e bitucas de cigarros: 2 anos
– Goma de mascar: 5 anos
– Nylon: 30 anos
– Tampas de garrafas: 150 anos
– Latas de alumínio: de 200 a 500 anos
– Isopor: 400 anos
– Plásticos: 450 anos
– Fralda descartável comum: 450 anos
– Vidro: 1 milhão de anos

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