Para festejo

Casa do Divino, em Alcântara, necessita de reparos em sua estrutura

Vistoria realizada pela Defesa Civil Estadual verificou a demanda; há deficiência na instalação hidráulica, entre outras; festa do Divino Espírito Santo se aproxima

IGOR LINHARES / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Casa  do Divino,  em Alcântara
Casa do Divino, em Alcântara (Casa do divino)

ALCÂNTARA – Um dos casarões mais visitados em Alcântara, a Casa do Divino, localizada na Rua Gran­de, no centro do pequeno município, foi um dos alvos de recente vistoria realizada pelo Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA), por meio da Defesa Civil Estadual, que identificou pontos carentes de reparos na estrutura. A edificação, elevada a Museu do Divino e mantida pelo Governo do Estado do Maranhão, atrai dezenas de milhares de visitantes, sobretudo no período de festejo do Divino Espírito Santo, que começará, este ano, no dia 29 de maio. Há, em tramitação no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), uma solicitação de pequenos serviços a serem realizados no imóvel.

A bela edificação, erguida ainda no século XVIII, é tida como museu histórico da cidade e retrata os importantes acontecimentos da festa do Divino Espírito Santo, grande manifestação católica realizada há centenas de anos. O imóvel, que se transforma em “Casa do Império”, com diversificadas cerimônias, durante o festejo, integra, além do roteiro turístico de Alcântara, o patrimônio cultural do município e serve como espaço de registro, divulgação e revitalização de sua história, tradição e cultura. Atualmente, a construção guarda, em mais de 10 salas, parte do acervo dessa importante festa celebrada pelo catolicismo, com influência escrava e afro-brasileira.

Assim como grande parte do casario histórico da capital São Luís, comprometido pela ação do tempo e falta de investimentos de seus proprietários e, inclusive, do poder público, Alcântara é mais uma das várias cidades, de grande valia para a história do estado e do país, que debruça suas construções seculares sobre a necessidade de reparos que mantenham firme suas estruturas, erguidas por materiais diferentes e não tão resistentes, à chuva, por exemplo, como os utilizados, atualmente, para a construção dos imóveis contemporâneos.

Na quarta-feira (27), em entrevista a O Estado, o tenente Veiga, da Defesa Civil Estadual, informou que, durante vistoria em Alcântara, a Casa do Divino necessita de alguns serviços, em vista dos problemas identificados, uma vez que o imóvel recebe vasto número de visitantes durante o festejo do Divino Espírito Santo, os quais merecem a boa recepção e segurança do imóvel. “O mapeamento que estamos fazendo se estendeu à cidade de Alcântara e lá vistoriamos a Casa do Divino, que necessita de revitalização pelo que foi verificado, o que é preocupante, em virtude de ser um local bastante visitado, que reúne grandes públicos, principalmente durante o festejo do Divino Espírito Santo”.

Segundo o coordenador da Casa do Divino, Antônio Tavares, o imóvel está, de fato, necessitando de alguns reparos. “Acompanhei a vistoria realizada pela Defesa Civil. Realmente, o museu está precisando de uma reforma. Portas e janelas estão com defeito, assim como a parte hidráulica requer uma revisão, pois vem apresentando problemas. Pintura também é uma das necessidades”, informou, por telefone. “Em maio, será iniciada uma reforma, antes da festa do Divino Espírito Santo. É o que sabemos”.

O Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secma), informou a O Estado que os técnicos da Superintendência de Patrimônio Cultural já fizeram levantamento das necessidades estruturais do prédio da Casa do Divino, em Alcântara, e que os serviços de reparos e manutenção têm previsão de início na próxima segunda-feira (1°), assim que o projeto for aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Por fim, a Secma frisou que mantém uma equipe permanente de técnicos atuando na manutenção de todas as casas de cultura vinculadas ao Governo do Estado. O Escritório Técnico do Iphan em Alcântara confirmou que há, em tramitação, um processo para que a demanda levantada pela Defesa Civil Estadual seja realizada e que os serviços de reparo devem ser iniciados ainda no começo de maio.

Cidade Monumento

Alcântara fica do outro lado da Baía de São Marcos, de onde se vislumbra São Luís no horizonte. Construída no início do século XVII, em l648 transformou-se em residência dos grandes senhores de fortuna da época, sede da aristocracia rural maranhense. Em l948, foi tombada pelo Patrimônio Nacional como Cidade Monumento.

Pouco mais de 300 prédios, três praças, oito travessas e dez ruas, formam uma das mais belas e importantes cidades históricas brasileiras, retrato de uma época em que muito se desenvolveram as fazendas, os engenhos e o comércio de escravos, rivalizando com a capital nos negócios da exportação de algodão e açúcar. Mas, aos poucos, São Luís foi crescendo em importância econômica e Alcântara viu chegar a decadência que faria sobrados, igrejas e palácios se transformarem em ruínas. Ficou entregue a seu próprio destino.

Sobrados com sacadas de ferro, mirantes, paredes de pedra e cal, janelas em cantaria vindas de Portugal e fachadas de azulejos portugueses são, entre outras, grandes atrações para os visitantes.

SAIBA MAIS

A Festa do Divino Espírito Santo acontece no domingo de Pentecostes , 50 dias depois da Páscoa. A data comemora a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo e é realizada em diversas cidades do País. Fiéis recorrem ao Espírito Santo com pedidos e promessas, em busca dos mesmos milagres solicitados aos santos da igreja católica.

O Divino Espírito Santo não é santo nem padroeiro, mas uma divindade para agradecer e festejar. É uma força representada pela pomba branca, pelas bandeiras coloridas e pelo mastro, que anuncia um novo tempo por meio da propagação de sete dons: fortaleza, sabedoria, ciência, conselho, entendimento, piedade e temor a Deus. A Festa do Divino é baseada principalmente nas relações de parentesco e vizinhança, que se organizam em mutirões para arrecadar fundos para a própria comunidade.

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