BALNEABILIDADE

Ano segue com 100% das praias impróprias para banho na Ilha

Praia do Araçagi foi a última a apresentar resultados adversos das demais praias da Grande São Luís, em dezembro, mas agora também está incluída no rol daquelas sem condições de banho; somam-se 89 dias de impropriedade

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Praias da Ilha estão impróprias há 89 dias
Praias da Ilha estão impróprias há 89 dias (impróprias)

A orla da Grande São Luís ainda não apresentou pontos próprios para balneabilidade durante o ano de 2019. De acordo com resultados de análises realizadas pelo Laboratório de Análises Ambientais (LAA) da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), divulgados semanalmente pelo órgão, desde dezembro do ano passado, até o momento, nenhuma das praias apresentou condições favoráveis para banho de mar. A última praia que apresentou resultado positivo para banho e práticas esportivas foi a do Araçagi, em São José de Ribamar, conforme laudo emitido em
20 de dezembro de 2018, com apenas um ponto próprio.

A situação torna-se ainda pior quando o recorte refere-se a São Luís, cujo último resultado positivo foi apresentado em seis de dezembro do ano passado, quando o laudo indicava dois pontos próprios para banho na Praia de São Marcos. Calhau e Ponta d’Areia tiveram resultado semelhante há cerca de quatro meses, com um ponto cada, registrados em 22 e 28 de novembro, respectivamente.

Neste ano, nove laudos foram emitidos, confirmando impropriedade nos 21 pontos analisados que, além das praias já citadas, contempla também Olho d’Água e do Meio. Os resultados seguem negativos em todos os pontos desde 27 de dezembro, ao último laudo emitido sexta-feira (8), totalizando 89 dias de praias impróprias até hoje. A situação é resultado de uma série de problemas relacionados, principalmente, à drenagem e descarte incorreto de lixo que, somados ao período chuvoso, acometem a orla, conforme explicou o consultor ambiental Márcio Vaz.

“Basicamente, a gente tem um padrão associado à época chuvosa e à seca. Durante a chuvosa, as praias tendem a ficar impróprias devido às chuvas carrearem toda a poluição oriunda de depósitos de lixo nas ruas, áreas da cidade que não possuem saneamento, por causa da urbanização informal, e lançarem estes resíduos no mar. Outro fator refere-se à drenagem. São Luís tem um problema de possuir muitos pontos de esgoto lançados irregularmente em drenagens de chuva, nas galerias pluviais. Então, quando chove, a água da chuva leva, também, esses dejetos para as praias”, explicou.

Ainda de acordo com o especialista, as condições de balneabilidade devem ser levadas a sério devido aos riscos à saúde. “É um indicador de risco à saúde humana, isto é importante deixar claro. Então, a questão de uma contaminação indicada pelas bactérias que são monitoradas na água diz que esse recurso tem um potencial de risco para pessoas que entrarem em contato com essa água. Pessoas de grupos de risco, como crianças e idosos, apresentam maior probabilidade de contaminação, visto que, tendo um organismo mais exposto e frágil, podem contrair doenças ao entrar em contato com este ambiente”, ressaltou.

A Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) informou, em nota, que desenvolve ações para aumentar de 4% para 70% o índice de esgoto tratado em São Luís.

Para tanto, está instalando 355 km de rede coletora de esgoto e interceptores, construindo novas Estações Elevatórias de Esgoto e duas novas ETEs (Vinhais, já entregue, e Anil, em construção), que se somam às duas já existentes para tratamento de esgoto na capital. As iniciativas implicam na melhoria da balneabilidade da orla.

Por sua vez, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) informou que atua na fiscalização dos empreendimentos ao redor da orla, no que tange ao lançamento de esgoto irregular. Quando constatadas irregularidades, adota todas as medidas cabíveis e pune os responsáveis. Além disso, realiza o Projeto Atitude Consciente nas Praias, com ações de educação ambiental, conscientizando os ambulantes, donos de bares e população, quanto à manutenção da balneabilidade das praias.

Balneabilidade
A classificação da balneabilidade é a indicação da qualidade das águas destinadas à recreação de contato direto e prolongado, como natação, mergulho e lazer. É realizada por meio da coleta de amostras de águas e análise laboratorial para a avaliação de indicadores coliformes termotolerantes.

Como são feitos os testes
Os testes de balneabilidade são simples e são feitos por amostragens. Biólogos retiram do mar amostras da água em diferentes pontos da praia e em diferentes profundidades. Estas amostras são levadas para os laboratórios especializados, onde são feitas as contagens de bactérias fecais presentes nas amostras - que não pode ser superior a 100 enterococcus (gênero de bactéria) por 100 ml - e, então, é determinado se a praia está apropriada ou não para o banho.
Porém, este resultado não é obtido somente por uma medição. São apurados os resultados de cinco medições realizadas durante uma semana para obter o laudo. Se em duas destas medições o número de bactérias for maior que o determinado como seguro, a praia é considerada imprópria para banho.

SAIBA MAIS

Doenças mais comum transmitida pelo mar poluído

As mais comuns são as gastroenterites, que podem ser causadas por bactérias ou protozoários, como as amebas, ou por vírus, como o rotavírus e o norovírus. Esses micro-organismos entram no corpo em contato com a água contaminada e pode desencadear vômito, diarreia, cólicas, febre e até sangue nas fezes

Praias impróprias

Praia da Ponta d’Areia
Praia de São Marcos
Praia do Calhau
Praia do Olho d’Água
Praia do Meio
Praia do Araçagi

NÚMEROS

6 praias
21 pontos impróprios

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