CONSCIENTIZAÇÃO NO CARNAVAL

Espaços públicos ficam vulneráveis a sujeira e degradação no Carnaval

Superintendente do Iphan no Maranhão e presidente do Comitê Gestor de Limpeza Urbana falam sobre conscientização; comportamentos incivilizados são frequentes

IGOR LINHARES / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

[e-s001]Não deveria, mas é cada vez mais frequente, nas festas carnavalescas em São Luís, que os espaços públicos, a maioria considerados patrimônio histórico e cultural, tombados pela Unesco, sejam degradados e até alvo de vandalismo, durante o período festivo - que se iniciou com um mês de antecedência na capital, com os circuitos de pré-Carnaval. Hábitos inconsequentes, como urinar em locais que não sejam os adequados, descartar copos plásticos, garrafas e outros detritos no meio da rua, danificar lixeiras e bancos de praças, quebrar luminárias e até depredar ou subtrair azulejos coloniais dos antigos casarões do Centro Histórico estão entre os principais registros.

A multidão nas ruas, além de evidenciar o brilho do Carnaval ludovicense, com seus tradicionais blocos ocupando as vias - principalmente na região central da cidade -, que geraram, inclusive, alteração no trânsito para garantir a segurança dos foliões, acaba sendo uma preocupação para os órgãos públicos e de preservação do conjunto arquitetônico que compõem a Praia Grande, espaço que tem atraído grande quantidade de foliões desde o primeiro dia de fevereiro, quando se iniciou, oficialmente, as manifestações pré-carnavalescas na Ilha.

Dever de preservar
Além das ações para intervir em práticas que possam comprometer os espaços públicos da capital, são sempre válidas as recomendações educativas, como mensurou o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Maranhão, Maurício Itapary. “O folião é um cidadão, e como cidadão ele tem, por dever, a preservação do nosso patrimônio. Eu sempre digo que a população é um dos pilares na preservação do nosso patrimônio - inclusive, o mais importante pilar. Portanto, que o folião que vá se divertir no Centro Histórico passe a ter um sentimento de pertencimento sobre o acervo, fazendo a sua parte, nos ajudando a preservar a cidade”.

Como destaque entre os principais comportamentos acompanhados de reflexos incivilizados durante o Carnaval está urinar nas ruas, nos cantos dos imóveis, tornando o espaço sujo e deixando-o com mau cheiro. “Que neste Carnaval o folião procure os banheiros químicos, instalados para que as necessidades possam ser feitas. Que eles não depredem bancos, luminárias, ou seja, que preservem e sejam foliões cidadãos”, ponderou o superintendente do Iphan-MA. “Há equipamentos deste tipo espalhados durante todo o percurso de festas. Então, é fundamental usá-los, pois isto evita que o circuito fique sujo e com mau cheiro”, completou Carolina Estrela, presidente do Comitê Gestor de Limpeza Urbana de São Luís, que também conversou com O Estado.

Ainda segundo Maurício Itapary, a depredação do patrimônio publico, principalmente durante as prévias de Carnaval, tem sido mais constante e perceptível por todo o Centro Histórico. “Temos visto luminárias e bancos quebrados, pichações, e isto é triste. Novamente, o cidadão precisa desse sentimento de pertencimento, sentir que São Luís pertence a ele, cuidar da cidade para que seja, também, um atrativo para os turistas, pois uma cidade malcuidada representa sua população, e sei que não é isso que queremos”, concluiu.

Ações de conscientização
Para evitar que a sujeira faça parte do Carnaval de São Luís, a Prefeitura de São Luís, por meio do Comitê Gestor de Limpeza Urbana, tem desenvolvido ações para inibir práticas durante a farra que possam causar prejuízos ao município, e mais gastos aos cofres públicos para reparar danos que podem ser evitados, bastando, apenas, que a população se conscientize sobre seus atos. “Lançamos, neste Carnaval, a campanha Folião Cidadão, uma ação coordenada pela Secretaria de Comunicação integrada ao Comitê Gestor de Limpeza Urbana, Subprefeitura do Centro e secretarias de Governo, Turismo, Cultura, Saúde, Trânsito e Transportes, Criança e Assistência Social e Segurança com Cidadania com o objetivo de conscientizar o folião e garantir que a festa de Carnaval ocorra em clima de muita alegria e respeito em todos os pontos de concentração dos blocos e na Passarela do Samba”, destacou Carolina Estrela.

Ainda segundo a presidente do Comitê Gestor de Limpeza Urbana, a mensagem da campanha está sendo transmitida não só nos canais de comunicação, mas também nas ruas, durante os eventos que antecipam o Carnaval. “A mensagem da campanha também está sendo exibida nos principais circuitos da folia, levada de forma descontraída por alguns personagens que já são conhecidos da população, a exemplo do Cidadão Limpeza”, explicou. “Durante a abordagem nos blocos, são repassadas diversas dicas para ser um Folião Cidadão, como jogar o lixo na lixeira, usar os banheiros químicos e preservar o patrimônio público”.

[e-s001]Dever do cidadão
“Manter a cidade limpa é uma responsabilidade de todos e compartilhada entre o poder público e a população. Em época de festividades, o Comitê Gestor de Limpeza Urbana reforça os serviços de limpeza nas áreas onde ocorrem a maior concentração de pessoas. São reforçadas as equipes de varrição, lavagem dos logradouros e de coleta do resíduo gerado.

A força-tarefa acontece antes e após as festas, para garantir ao público um ambiente limpo e agradável para se divertir”, destacou Carolina Estrela, que ressaltou, entretanto, que, além da parte educativa, somente “a manutenção e reforço dos serviços é a parte que cabe ao poder público”, ficando, portanto, todas as ações de preservação e contribuição à responsabilidade do folião.

“À população, cabe fazer o uso adequado dos serviços de limpeza urbana. Ao longo do percurso de folia, há lixeiras espalhadas. Então, o folião deve jogar o lixo na lixeira e não na via pública. Existem bons hábitos que contribuem para a manter a cidade limpa e podem ser adotados mesmo no Carnaval. O folião pode levar seu copo ou garrafinha de casa, para evitar o uso de descartáveis, por exemplo. Em períodos de festas, muitos catadores aproveitam para recolher os resíduos recicláveis. Então, o folião pode, se a lixeira estiver um pouco longe, ficar atento à presença desses profissionais e entregar as latinhas ou garrafas PET para eles. Assim, além de se divertir, o folião ainda contribui para a reciclagem”, completou, por fim. “O fundamental é ser consciente, mesmo durante a folia”.


SAIBA MAIS

Dicas para evitar sujeira no Carnaval
- Levar o copo ou garrafinha para evitar o uso de descartáveis
- Jogar todo o lixo produzido na lixeira
- Quando a lixeira estiver distante e o material for reaproveitável, deve-se entregar os resíduos a catadores que trabalham durante a festa
- Utilizar os banheiros químicos para fazer as necessidades fisiológicas

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