Cinema

Cinematografia experimental maranhense em cartaz

O filme “Boi de Lágrimas”, de Frederico Machado, será lançado amanhã, em São Luís, Salvador, Rio de Janeiro, Teresina e Belém

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

São Luís - Quarto longa-metragem do diretor Frederico Machado, o filme “Boi de Lágrimas” estreia amanhã, no Cine Lume (Renascença II), nas sessões de 18h e 21h. Além disso, será lançado em Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), Teresina (PI) e Belém (PA). Trata-se de obra com traços experimentais sobre política e cultura popular. Foi filmado em três dias, com orçamento de apenas R$ 10 mil. A equipe e o elenco trabalharam de forma colaborativa. Agora, Frederico Machado concentra-se em “As Órbitas da Água”, em fase de montagem, e que será lançado este ano.

“Boi de Lágrimas”, para Frederico Machado, é uma iniciativa que complementa o seu trabalho autoral de 20 anos na cinematografia e que foi produzido, assim como seus outros longas e curtas, de maneira independente, pois, geralmente, há dificuldades financeiras. Nesse, o desafio foi ainda maior. “Devido ao momento social e político que vivenciamos, senti a necessidade de colocar tudo isso na tela. É um filme panfletário e que, de certa maneira, reflete essa dualidade que vivemos atualmente, a falta de diálogo, de equilíbrio, de se compreender o outro, entre outras coisas”, explica o autor.

A obra concentra-se em cinco personagens: um homem tocador de pandeiro em um grupo de bumba meu boi da periferia de São Luís; sua filha, dançarina do boi e que resolve participar das manifestações políticas da cidade; o namorado da filha; o amigo da família e sua esposa, que grávida, aguarda com dor o nascimento do filho. Esses personagens avulsos são trabalhados apenas para servirem como propulsores de sentimentos e dualidades quanto ao momento social, político e cultural de hoje e sempre no Brasil.

Mais do que a narrativa, o longa-metragem procura descobrir caminhos para linguagens. Feito como cinema de guerrilha, onde a equipe também trabalha como elenco, o filme é construído sobre a égide da liberdade de criação. De acordo com Frederico Machado, é um exercício do fazer cinematográfico, descrito pela crítica como “um registro da poderosa resistência poética”, fazendo ligações com o cinema de Glauber Rocha.

“Enquanto Glauber era fixado em um conceito modernista das artes, Frederico Machado é mais antenado a uma visão de contemporaneidade. Glauber era afeito à alegoria, inclusive nos discursos de seus personagens. Já Frederico prefere recursos mais sóbrios. Mas a similaridade entre os dois vem mais de uma proposta de criar um mosaico que instaura ou assume o caos como realidade”, atesta o crítico Marco Fialho.

Projeto - “Boi de Lágrimas”, que não tem nenhuma correlação com a obra de Nauro Machado, pai do cineasta, está inserido em um projeto mais amplo, chamado “Filme Político”, do qual fazem parte não só Frederico Machado, mas também os diretores Cristiano Burlan, Dellani Lima e Taciano Valerio Alves da Silva. Por ser uma obra que utiliza o horror para propulsão do tratamento do tema, fica claro o empréstimo de alguns elementos de, por exemplo, Glauber Rocha, em especial, na fase mais alegórica de sua filmografia, e de David Lynch, cuja pegada art house é comumente usada para gerar incômodo e choque de uma maneira inesperada.

O filme tem produção executiva assinada por Mônica Mello, montagem e desenho de som de André Garros e Daniel Costa, e no elenco estão Auro Juriciê, Hilther Frazão, Rosa Ewerton Jara, Guilherme Verde e Júlia Martins.

Diretor, distribuidor e exibidor nascido em São Luís, Frederico Machado fundou, em 2000, a produtora Lume Filmes, que já produziu mais de 40 filmes, entre curtas, longas, telefilmes e séries. Em 2006, a Lume Filmes transformou-se em distribuidora, lançando mais de uma centena de filmes autorais e independentes no Brasil no mercado de homevídeo. A partir de 2011, passou a distribuir também para o cinema. É diretor e proprietário do Cine Lume e da Cinemateca Lume, além de idealizador do Festival Internacional Lume de Cinema.

O cineasta foi membro do Comitê Gestor da Ancine. Sua primeira experiência na direção de filmes foi com o curta-metragem “Litania da velha” (1997). O primeiro longa-metragem foi “O exercício do caos” (2013), seguindo O Signo das Tetas (2015) e Lamparina da Aurora (2017). Boi de Lágrimas (2019) é o seu quarto longa-metragem. Como realizador, já ganhou mais de 100 prêmios internacionais.

Serviço

O quê

Lançamento do filme “Boi de Lágrimas”

Quando

Amanhã, nas sessões de 18h e 21h

Onde

Cine Lume (Renascença II) e nas cidades de Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), Teresina (PI) e Belém (PA)

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