Desaparecida há mais de 30 anos, a escultura “Sereia da Ponta d’Areia”, que ficava instalada na Praça do Sol, localizada no calçadão da Praia da Ponta d’Areia, teve sua cauda reencontrada na areia, próximo ao calçadão, na última semana, possivelmente trazida pelo vaivém das ondas do mar. Segundo historiadores, o monumento fazia referência à lenda da sereia. A estátua desapareceu do logradouro durante um projeto de readequação que foi realizado nos bares que ficam no entorno da praia.

Uma parte da escultura, a cauda, foi entrada pelo fotógrafo Charlles Eduardo e por um dos pioneiros do estatuísmo - espécie de estátua viva - no Brasil, o maranhense Uimar Júnior. Juntos, realizando uma escavação de onde estava fincada a escultura e limpando-a para identificação de fato, conseguiram reconhecer o nome do autor e o período em que foi produzido o monumento, datado de 25 de setembro de 1983.

O escultor
A escultura, que foi um dos principais ícones da praia na década de 1980, é uma obra de um artista italiano, natural da região de Milano, Luigi Dovera. O escultor é responsável por diversas obras vistas em São Luís, como o monumento de São Luís Rei de França, fixado na intersecção das avenidas dos Franceses e Guajajaras, e O Pescador, escultura localizada em frente ao Mercado do Portinho, na região central da capital maranhense.

“O objetivo agora é encontrar o tronco e a cabeça, pois é possível fazer uma restauração, para trazermos o monumento de volta para a Praça do Sol. Sonhei um dia ver a volta da estátua da Mãe d’Água para a Praça Dom Pedro II, e hoje ela voltou. Assim foi também com os bustos que voltaram à Praça do Pantheon, que era outro sonho. Então, já que não temos ela por completo, e caso nem encontremos, ainda assim, é muito importante instalar novamente o que sobrou da obra no espaço”, destacou o estatuísta.

[e-s001]Ainda segundo Uimar Júnior, o monumento foi retirado durante a obra no calçadão com a promessa de reinstalação, mas de lá para cá não mais se ouviu falar da escultura, que sucumbida pela ação de quem a retirou e o esquecimento de quem muito admirou os anos de história para os quais colaborou a “Sereia da Ponta d’Areia”.

Em reportagem veiculada por O Estado no dia 20 de outubro do ano passado, sobre monumentos históricos, inclusive desaparecidos, a escultura da “Sereia da Ponta d’Areia” foi uma das obras sobre a qual se indagou o sumiço, assim como o de outras, que também foram objetos para o material publicado.

SAIBA MAIS

Monumentos destruídos e sem paradeiro

Historiadores em geral apontam a capital maranhense caracterizada por não preservar seus monumentos. A tese é corroborada quando se listam algumas dessas estruturas, que, por vários motivos, não estão presentes em seus locais de origem. Outras elaboradas no início do século XX também marcaram época na sociedade ludovicense. O monumento do “Roque Santeiro”, como era conhecido popularmente, retratava Manuel Beckman e estava fixado na Avenida Jerônimo de Albuquerque, em uma rotatória que dava acesso ao bairro Bequimão. Devido à reorganização urbana do trecho, em 19 de janeiro de 2004, a Prefeitura de São Luís decidiu retirar o monumento do local, o que trouxe - na avaliação de autoridades - benefícios para a malha viária do trecho.

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