RISCO

Crateras são ameaça para moradores e casas na Ribeira

Com o período chuvoso e o perigo de deslizamento cada vez mais presente, moradores reclamam da situação e reivindicam intervenção das autoridades; crateras apenas crescem e comprometem via

IGOR LINHARES / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Cratera cresce a cada dia e compromete via; moradores se preocupam e temem que casas sejam atingidas
Cratera cresce a cada dia e compromete via; moradores se preocupam e temem que casas sejam atingidas (crateras)

Com o início adiantado do período chuvoso em São Luís, moradores do Residencial Ribeira ficaram ainda mais preocupados com as crateras que se abriram às margens da Rua Gurupi. A cerca de 10 metros de uma residência, uma das crateras compromete a segurança, tanto dos proprietários dela, quanto de quem precisa transitar pelo perímetro, comprometido pelo avanço da erosão, que se deve, além das chuvas, pelo problema na tubulação de esgoto, que escorre como uma cachoeira pelo local.

Segundo quem reside perto de onde estão as crateras e vive, diariamente, os riscos que o local oferece, a situação é de descaso, uma vez que o problema persiste sem que tenha havido nenhuma intervenção estadual ou municipal desde que o problema surgiu, há cerca de dois anos. Para eles, o sonho de obter uma casa própria foi realizado, mas o conforto não veio junto. As moradias do residencial são obras do programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”, do Governo Federal.

“A reportagem já esteve aqui várias vezes durante este ano, mas na­da é resolvido. Acaba sendo uma situação muito complicada para a gente, já que eles [os governantes] sabem disso e não fazem nada, e eles são os únicos que poderiam fazer alguma coisa”, relatou a dona de casa Iza Morais, 38.

Ainda de acordo com Iza Morais, com as frequentes chuvas que têm atingido a cidade neste mês, ela e os demais vizinhos que estão de frente à cratera estão reféns da situação e do medo, que ressurge sempre que é noite de chuva. “A gente tem muito medo de acontecer deslizamentos à noite, acidentes, até mesmo de pessoas caírem. Crianças brincavam por aqui, mas com essa cratera os pais nem deixam mais, com me­do do pior”, contou.

Os moradores dizem que a situação já esteve “na mão” de todos os governantes e autoridades possíveis, mas em nenhuma das vezes foi definitivamente resolvido. Para eles, conviver com a situação não tem sido fácil, principalmente quan­do o céu nublado anuncia que o solo logo ficará encharcado, apresentando que o porvir pode chegar em forma de prejuízos materiais ou mais extremos, como a própria vida.

“Com esse tempo todo, desde que surgiu até agora, a situação só vem piorando. A gente percebe que a cratera vem avançando em direção às casas e cada vez que chove a situação só fica mais gra­ve. Essas casas aqui já estão se tornando área de risco, porque elas podem cair a qualquer momento”, destacou a doméstica Jéssica Silva, 20. “Como a gente não tem para onde ir, só se torna mais complicado. As autoridades que vieram tiraram foto e nada”.

Os moradores afirmam que em 2015 a empresa contratada pela Caixa Econômica Federal não realizou a contenção da erosão que hoje tem prejudicado e causado medo a quem mora próximo do local.

Cerca de três mil unidades do Residencial Ribeira, relativas às etapas I, II, III, V, VI, VII e VIII, compõem a obra federal. Segundo a Caixa Econômica Federal (CEF), mais de 15 mil pessoas foram beneficiadas com a entrega das residências do “Programa Minha Casa, Minha Vida”, que recebeu investimento de aproximadamente R$ 100 milhões, com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), tendo sido o empreendimento destinado a famílias com renda de até R$ 1,6 mil.

Erosão
Além das crateras de grandes proporções, em largura e profundidade, que chegam a atingir mais de 10 metros, as vias de todo o residencial apresentam problemas infraestruturais. Cheias de buracos, que formam poças de lama e armadilhas nessas chuvas, os moradores e quem mais trafega pelo local têm tido que enfrentar a situação com o que lhes restou: a necessidade e a coragem.

Acidente
Devido à falta de sinalização no entorno da cratera, um motociclista caiu no precipício há mais ou me­nos dois meses. Na ocasião, o condutor teve vários ferimentos pelo corpo, e só conseguiu sair com a ajuda de moradores que presenciaram a situação, que serviu de alerta para outros condutores que trafegam pelo local.

Sobre a situação da cratera e o rompimento da tubulação de esgoto que tem contribuído para erosão, O Estado manteve contato com a Prefeitura de São Luís e o Governo do Maranhão. Em nota, a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) informou que enviou uma equipe, ainda ontem, para avaliar o procedimento de interrupção do ramal de esgoto, impedindo o lançamento na vala que foi aberta pelas chuvas. Porém, após vistoria, constatou que o procedimento não seria adequado por diversos motivos, entre eles, por colocar em risco a segurança das equi­pes. A Caema ressaltou, ainda, que a solução definitiva do proble­ma está condicionado à uma obra de drenagem, de responsabilidade da Prefeitura de São Luís. A Companhia reiterou que, inclusive, já informou a situação à Semosp e está à disposição para colaborar no que for possível e necessário para cessar o problema. Até o fechamento desta edição, o Município não se posicionou.

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