Assalto reflete a ineficiência da Segurança no Estado, dizem entidades
Sindicatos dos Bancários, dos Policiais Civis e Associação dos Policiais Militares do Médio Mearim ressaltam a falta de policiamento e de um serviço de inteligência eficaz
SÃO LUÍS - Após uma quadrilha especializada em assalto a bancos invadir Bacabal, explodir a agência do Banco do Brasil (BB) e colocar pânico nos moradores da região no último dia 25 de novembro, instituições que representam os policiais civis do Maranhão, policiais militares do Médio Mearim e Bacabal e os bancários ressaltam a ineficiência da Segurança Pública no Estado, o que facilita ações criminosas desse tipo.
De acordo com Eloy Natan Silveira Nascimento, presidente do Sindicato dos Bancários do Maranhão, o Governo Estadual deveria investir mais em serviços de inteligência e na contratação de policiais civis e militares, para inibir ações criminosas contra as agências bancárias.
“Há uma falha por parte dos bancos, que não garantem a segurança dos profissionais que ali estão e dos clientes, mas também o Governo do Estado não investe em serviço de inteligência, em investigações mais preventivas. Uma quadrilha interestadual desse porte não chegou na cidade do nada, teve um planejamento. Há uma facilidade para os criminosos, porque o Estado é pouco vigiado. Acredito que há um baixo número de policiais civis e militares disponíveis, para manter a segurança e vigiar as cidades maranhense. Além disso, deve haver mais policiamento, também, nas fronteiras”, sugeriu Nascimento.
Neste ano, o Sindicato dos Bancários do Maranhão já contabilizou 21 ações criminosas contra agências bancárias. Do total, foram 13 arrombamentos, quatro tentativas de assaltos/saidinhas, dois assaltos e duas saidinhas bancárias.
Por meio de nota, o Sindicato dos Policiais Civis do Maranhão (Sinpol) destacou que em março deste ano a diretoria visitou a delegacia regional de Bacabal, a 240 km de São Luís, e constatou o baixo efetivo e a falta de investimento em inteligência policial. Reiterou que tem denunciado o descaso do governo Flávio Dino para com a segurança pública, reafirmando que a atual gestão investe menos de 1% na Polícia Civil. A entidade denunciou, ainda, a perseguição que investigadores e escrivães sofrem dentro da instituição, embora trabalhem na legalidade.
A Associação dos Policiais Militares da Região do Médio Mearim (Aspommem) condenou a vulnerabilidade do policiamento no município e enfatizou que o episódio expôs a fraqueza do sistema de segurança pública, “notadamente em decorrência da falta de um sistema de inteligência eficiente, capaz de trocar informações e monitorar previamente a ação dos delinquentes, a fim de evitar a ação”.
A entidade que representa os PMs de Bacabal e região também chamou atenção para o baixo efetivo, o armamento discrepante, o péssimo sistema de comunicação via rádio e a falta de planejamento para o combate a assaltos a bancos.
Apresentação:
Ontem, os suspeitos de envolvimento no assalto, que foram presos na segunda-feira, 3, durante um confronto com a Polícia Militar em Santa Luzia do Paruá, a 370 km de São Luís, foram apresentados na sede da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA), no bairro da Vila Palmeira, na capital. Durante o cerco policial, quatro suspeitos morreram e 10 acabaram presos. Eles estavam sendo transportados em um caminhão-baú. A polícia encontrou com o bando armas de grosso calibre e malotes com cédulas, que, segundo a SSP, contabilizam mais de R$ 45 milhões.
Após a identificação foram revelados os nomes dos suspeitos mortos: Arthur Silva Santos; Vadenilson Moreira; José Eduardo Zacarias e Renan Santos dos Prazeres. Os presos apresentados ontem foram Geilsimar Venâncio de Oliveira, o Sardinha; Alexandre Gomes de Moura; Wagner Cézar de Almeira; Robson Cezar Ferreira; George Ferreira Santos, o Capenga; Ricardo Santos de Sousa, o Ricardinho, que usava o nome falso de Pablo da Silva Gomes; José Eduardo Zacarias Barbone; Giliolii Luís, o Paranã; Valdeir Carvalho dos Santos, o Velho ou Coroa, e Fábio Batista de Oliveira, o Bardal.
Linha de Investigação:
Uma das linhas de investigação considera a possibilidade de outro caminhão-baú ter saído do estado com parte do dinheiro roubado da agência bancária de Bacabal, no dia 25 de novembro. Esta possibilidade foi levantada após depoimentos dos assaltantes, que foram presos pela Polícia Militar em Santa Luzia do Paruá Eles passaram boa parte de segunda-feira na Delegacia Regional de Zé Doca prestando informações aos policiais e foram transferidos para São Luís por volta das 16h. Tudo apurado pela regional será encaminhado à Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic).
Relembre:
No domingo, 25 de novembro, uma quadrilha invadiu a cidade de Bacabal, explodiu e assaltou a agência do Banco do Brasil (BB), fuzilou o quartel da Polícia Militar e uma delegacia de Polícia Civil. Durante a ação, três criminosos e um morador da cidade morreram. A polícia calcula que aproximadamente 40 pessoas participaram do roubo.
Os bandidos incendiaram veículos e fizeram dezenas de moradores reféns. Dados ainda não confirmados indicam que os assaltantes teriam roubado cerca de R$ 100 milhões. O prédio do Banco do Brasil ficou destruído. Entre os bandidos que foram mortos em confronto com a polícia no dia da ação criminosa, estava Edielson Francisco Lumes, o Dô ou Titi, irmão de Zé de Lessa, apontado como chefe do grupo.
Desaparecido
O caminhoneiro pernambucano identificado como Obadias Pereira da Silva, de 44 anos, que estava desaparecido desde a noite do assalto em Bacabal, e que teve o seu veículo incendiado pelos criminosos, pode estar envolvido na ação criminosa, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-MA). Ele também será investigado.
Fotos que chegaram ao poder da polícia, indicam a passagem do caminhoneiro em Santa Inês, a 250 km de São Luís, em um carro pequeno, acompanhado de uma pessoa. Conforme a SSP-MA, se a perícia confirmar que de fato se trata do motorista na foto, ele será considerado suspeito de integrar o bando.
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