São Luís é o 4º município do país em doenças causadas pelo zika vírus
Dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde, no Boletim Epidemiológico; foram registrados 8,1 casos a cada 100 mil habitantes na capital, apesar de ter havido queda na incidência, risco de contaminação ainda preocupa população
Dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde apontam que São Luís ocupa a 4ª colocação entre os municípios com maior incidência de prováveis casos de doenças agudas relacionadas ao vírus da zika em 2018. Conforme o levantamento, incidência de viroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti reduziram-se cerca de 60% no Maranhão em relação ao ano anterior, no entanto, risco de infecção ainda amedronta população.
De acordo com o boletim, a capital maranhense registrou incidência de 8,1 casos de zika a cada 100 mil habitantes, sendo 88 casos prováveis. Para quem já foi contagiado pelo vírus, os dados são preocupantes. A artesã Claudecy Lucena sofreu as consequências da doença por aproximadamente dois anos e teme ser novamente infectada.
“Desde que tive zika, uma série de outros problemas de saúde apareceram, mas os mais difíceis foram as dores articulares, que me impediram de trabalhar e deixaram sequelas com que convivo até hoje. Fui diagnosticada com diversos problemas na articulação, principalmente nos pés e nos braços e não sei como seria lidar novamente com essa doença, por isso sempre busco manter tudo limpo, eliminando qualquer foco de água parada em casa”, contou a artesã.
Redução
Os dados demonstram que em 2017 a incidência de dengue, chukungunya e zika no Maranhão foi de 194,8 casos a cada 100 mil habitantes. Em 2018, até o início de novembro, este número foi de 77,4 casos, desses, 28 relacionados à dengue, 8,8 à chikungunya e 1,9 à zika.
Ainda conforme o boletim, houve redução de aproximadamente 29% nos casos confirmados de dengue grave, passando de 51 em 2017, para 36 em 2018. Os registros de óbitos também apresentou redução nos casos relacionados à dengue, caindo de quatro, em 2017, para dois, até o início de novembro. Já a chikungunya, que no ano anterior não registrou nenhuma ligação com óbitos, foi a causa de uma morte no estado em 2018, além de um caso que está sob investigação.
Em entrevista a O Estado, o secretário adjunto de Política da Atenção Primária e Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Marcelo Rosa, informou que a SES, em parceria com outros órgãos estaduais e municipais, vêm adotando várias medidas no combate ao mosquito.
“Realizamos ações educativas e também de redução de criadouros. Conseguimos reduzir o número de lixões em vários municípios, com apoio da Secretaria de Infraestrutura, reduzimos também os depósitos de lixo em oficinas mecânicas e borracharias juntamente aos municípios, reduzindo o número de criadouros, além de ações educativas nas escolas, para que as crianças ajudem nos cuidados de suas casas, já que 80% dos criadouros estão em residências”, ressaltou Marcelo Rosa.
No que se refere ao tratamento das doenças relacionadas aos vírus transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti, o secretário adjunto afirmou que treinamentos são realizados periodicamente com o intuito de melhor preparar as equipes de saúde que lidam diretamente com a população.
“Há cerca de um mês nós fizemos capacitação de médicos especificadamente sobre as essas patologias, para que as equipes saibam identificar e agir imediatamente em casos graves para que não haja avanço para óbitos por falta de atendimento ou por atendimento mal qualificado, além de treinamentos com as equipes de estratégica e saúde da família, junto aos municípios. Também criamos um sistema de suporte e apoio às crianças e famílias com microcefalia, causada pelo vírus da zica”, apontou.
Para questionar as medidas que vêm sendo tomadas em São Luís em relação à alta incidência de casos agudos causados pelo vírus da zika, O Estado manteve contato, A Prefeitura de São Luís, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.
Diferença entre as patologias
A dengue é, sem dúvidas, a doença mais grave quando comparada à chikungunya e à zika. Ela causa febre, dores no corpo, dores de cabeça e nos olhos, falta de ar, manchas na pele e indisposição. Em casos mais graves, a dengue pode provocar hemorragias, que, por sua vez, podem ocasionar óbito.
A chikungunya também causa febre e dores no corpo, mas as dores concentram-se principalmente nas articulações. Na dengue, as dores são predominantemente musculares. Alguns sintomas da chikungunya duram em torno de duas semanas; todavia, as dores articulares podem permanecer por vários meses. Casos de morte são muito raros, mas a doença, em virtude da persistência da dor, afeta bastante a qualidade de vida do paciente.
Por fim, há a febre zika, que é a doença que causa os sintomas mais leves. Pacientes com essa enfermidade apresentam febre mais baixa que a da dengue e chikungunya, olhos avermelhados e coceira característica. Em virtude desses sintomas, muitas vezes a doença é confundida com alergia. Normalmente a zika não causa morte, e os sintomas não duram mais que sete dias. Vale frisar, no entanto, que a febre zika relaciona-se com uma síndrome neurológica que causa paralisia, a Síndrome de Guillain-Barré, e também com casos de microcefalia.
O tratamento da dengue, chikungunya e zika é praticamente o mesmo, uma vez que não existem medicamentos específicos para nenhuma dessas enfermidades. Recomenda-se que o paciente, nos três casos, permaneça em repouso e beba bastante líquido. Alguns medicamentos são indicados para dor, mas não se deve fazer uso de remédios que contenham ácido acetilsalicílico, pois eles podem desencadear hemorragias.
O que a população deve fazer para combater o mosquito Aedes aegypti?
A principal ação que a população tem é se informar, conscientizar e evitar água parada em qualquer local em que ela possa se acumular, em qualquer época do ano.
Saiba quais são as medidas essenciais de prevenção e combate ao Aedes aegypti são:
A principal ação que a população deve fazer é se informar, se conscientizar e evitar água parada em qualquer local em que ela possa se acumular, em qualquer época do ano.
Saiba quais são as medidas essenciais de prevenção e combate ao Aedes aegypti:
- Manter tampados tonéis, caixas e barris de água;
- Lavar semanalmente com água e sabão tanques utilizados para armazenar água;
- Manter caixas d’agua bem fechadas;
- Remover galhos e folhas de calhas;
- Não deixar água acumulada sobre a laje;
- Encher pratinhos de vasos com areia ate a borda ou lavá-los uma vez por semana;
- Trocar água dos vasos e plantas aquáticas uma vez por semana;
- Colocar lixos em sacos plásticos em lixeiras fechadas;
- Fechar bem os sacos de lixo e não deixar ao alcance de animais;
- Manter garrafas de vidro e latinhas de boca para baixo;
- Acondicionar pneus em locais cobertos;
- Fazer sempre manutenção de piscinas;
- Tampar ralos;
- Colocar areia nos cacos de vidro de muros ou cimento;
- Não deixar água acumulada em folhas secas e tampinhas de garrafas;
- Vasos sanitários externos devem ser tampados e verificados semanalmente;
- Limpar sempre a bandeja do ar-condicionado;
- Lonas para cobrir materiais de construção devem estar sempre bem esticadas para não acumular água;
- Catar sacos plásticos e lixo do quintal.
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