Motivo político

Tribunal condena Rússia por detenções de Navalny

Principal opositor de Vladimir Putin, ele disse estar muito feliz após leitura do julgamento que reconheceu prisões por caráter ''político''

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

LONDRES - O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos condenou a Rússia, ontem, por prender várias vezes Alexei Navalny, o principal opositor de Vladimir Putin, reconhecendo um caráter "político" nesse procedimento.

O "motivo político subjacente às suas detenções representava um aspecto fundamental do caso", com duas dessas detenções tendo como objetivo "sufocar o pluralismo político", afirmou o tribunal.

O TEDH também constatou a violação do artigo 18 da Convenção Europeia dos Direitos Humanos.

"Estou muito contente, inclusive muito feliz", reagiu Navalny, de 42 anos, que foi a Estrasburgo, na França, para presenciar a leitura do julgamento.

Em primeira instância, os juízes não reconheceram a natureza política das detenções. "Estamos muito satisfeitos (...) Hoje, ganhamos todos os casos, e o mais importante é que conseguimos que essas detenções sejam reconhecidas como motivadas politicamente", disse o opositor russo à imprensa.

O tribunal também determinou que se violou o artigo 11 da Convenção (direito à liberdade de reunião e de associação), porque "duas das detenções não tinham objetivo legítimo, e as outras cinco não eram necessárias em uma sociedade democrática".

O tribunal "também recomendou (...) que o governo tome medidas para garantir o direito à liberdade de reunião pacífica na Rússia".

Com isso, a Rússia foi condenada a pagar 50 mil euros (R$ 213 mil) por danos morais a Navalny, 1.025 euros (R$ 4,3 mil) por danos materiais e 12.653 euros (R$ 54 mil) por custos e gastos.

Entre 2012 e 2014, o ativista anticorrupção foi detido sete vezes pela Polícia russa, coincidindo com manifestações políticas contra o governo do presidente Vladimir Putin.

Acusação

Em cada uma dessas situações, foi levado para uma delegacia, detido durante várias horas e acusado de um crime administrativo por "violação do procedimento estabelecido para a realização de atos em um lugar público", ou por "desobediência a uma citação legal da Polícia".

Segundo o TEDH, todas as acusações deram lugar a um julgamento, ao término do qual ele foi declarado culpado de um delito. Em cinco ocasiões, foi condenado a uma multa de entre 1 mil e 30 mil rublos (entre 13 e 395 euros - cerca de R$ 55 e R$ 1,6 mil) e, em outras duas, a detenções administrativas de entre sete e 15 dias.

O opositor havia denunciado essas detenções sem sucesso à Justiça russa, antes de se dirigir para o tribunal de Estrasburgo, onde apresentou cinco demandas entre 2012 e 2014.

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