Violência

Crianças e adolescentes são alvos de criminosos na Grande São Luís

45 menores de idade já foram assassinados de forma bárbara este ano na Região Metropolitana de São Luís; ano passado, o registro foi de 72 casos, segundo a polícia

Ismael Araújo/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Crianças e adultos na marcha pedindo paz e marcando um ano da morte da menina Alanna Ludmilla
Crianças e adultos na marcha pedindo paz e marcando um ano da morte da menina Alanna Ludmilla (marcha alana ludmila)

SÃO LUÍS - As crianças e adolescentes da Região Metropolitana de São Luís continuam sendo alvos de criminosos. No decorrer dos últimos 10 meses, 45 menores de idade foram assassinados, enquanto no ano passado ocorreram 72 casos na Ilha, de acordo com os dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP). A maioria desses casos teve a participação de integrantes de facção criminosa.
Ainda na sexta-feira (9) ocorreu a II Marcha Alanna Lumilla Todos pela Paz, no Maiobão, em Paço do Lumiar, marcando um ano do assassinato da menina Alanna Ludmilla Borges Pereira, de 10 anos. De acordo com a polícia, essa criança foi violentada sexualmente, assassinada e teve o seu corpo enterrado sob entulhos no quintal da residência onde morava, no Maiobão, no dia 1º de novembro do ano passado. O principal suspeito desse ato bárbaro é o ex-padastro da vítima, Robert Serejo Oliveira, de 31 anos, que está preso no Complexo Penitenciário de Pedrinhas.
A segunda marcha reuniu amigos e parentes de Alanna Ludmilla. O ato teve como ponto de concentração a Escola Comunitária Centro Educacional Sagrada Família, na rua 24 do Maiobão, onde a vítima estudava. Os participantes percorreram por várias ruas do bairro e finalizou na praça da Bíblica, na avenida 10.
A mãe de Alanna Ludmilla, Jaciane Costa, de 33 anos, disse que esse evento vem alertar a população para que não ocorra mais crimes violentos e tendo como vítimas crianças. “A dor da perda da minha filha só vem aumentar a cada ano e nunca será esquecida. No momento, luto para que outras crianças não possam ser vítimas desse tipo de crime bárbaro”, desabafou Jaciane Costa.

Assassinatos
Somente no mês passado, sete adolescentes e crianças foram assassinados de forma bárbara na Ilha, de acordo com a polícia. Um dos últimos casos teve como vítima um adolescente, de 17 anos, na área do Coroadinho, na noite do dia 21. O menor foi morto a tiros por homens, não identificados. No dia anterior, a polícia já tinha registrado a morte de outro adolescente, de 17 anos, no bairro da Cidade Olímpica.
Na noite do dia 17 de outubro, ocorreu a execução de Luís Araújo Santos Chagas Neto, de 15 anos, e Glauberth Fernandes Chagas, de 17 anos, na rua da Cerâmica, no bairro João Paulo. Ainda de acordo com a polícia, dois “faccionados” do Bairro de Fátima são os principais acusados desse duplo homicídio. Eles, ao encontrarem as vítimas nas proximidades de uma obra abandonada na rua da Cerâmica, efetuaram vários tiros.
Os dois adolescentes foram baleados e um deles morreu no local. A outra vítima, alvejada nas costas, foi levada pela ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Socorrão I, no Centro, onde passou por tratamento cirúrgico, mas logo após, veio a falecer.
Na noite do dia 16 de outubro foi assassinado um adolescente, de 12 anos, no São Raimundo. Segundo a polícia, nesse dia ocorreria a festa de aniversário de uma facção criminosa na Ilha e há informes que a morte desse menor teria participação de faccionado. Apenas neste dia, a polícia registrou sete execuções na Região Metropolitana de São Luís.
No dia 2 do mês passado, Roberth Vilela de Jesus, de 14 anos, foi morto apedrejado ao transitar por uma das ruas do bairro Cidade Olímpica por homens, não identificados. O corpo do menor ficou ensanguentado e havia marcas de violência na cabeça, incluindo o ouvido. No local, havia pedras e papel e a parede de uma das residências estavam sujos de sangue. O caso está sendo investigado pela equipe da SHPP e há informações de que esse crime teria sido praticado por integrantes de facção criminosa desse bairro. A vítima residia no Residencial Tiradentes.

Confronto
Também um adolescente, de 16 anos, foi morto durante confronto entre policiais militares e faccionados ocorrido no último dia 10, no Mojó, em São José de Ribamar. Além do menor de idade, também foram mortos Adriano de Oliveira Silva, de 20 anos; Gleison Santos da Silva, de 20 anos; Kailson Rebouças Almeida, de 20 anos, e Cleilson da Silva dos Santos, de 18 anos. A polícia recebeu uma denúncia que havia criminosos instalando o clima nessa localidade, principalmente, realizando assaltos, comercializando entorpecentes e homicídios.

Os militares foram deslocados para esse local onde foram recebidos a tiros. Houve confronto entre os policiais e bandidos. Durante o tiroteio, os criminosos foram baleados e morreram ao dar entrada no hospital. Em poder dos bandidos, foram apreendidos uma arma de fogo, um colete balístico com brasão da Polícia Civil, munições, garruchas, maconha, cocaína e produtos oriundos de roubo.

Inocentes

De acordo com a polícia, a guerra entre facções criminosas na capital maranhense ocasionou a morte trágica de Pedro Matias Reis Martins, de 6 anos, no dia 6 de maio deste ano, na rua da Fofoca, no Bairro de Fátima. Ainda segundo a polícia, Edgleyson Ray Garcia, de 26 anos, membro de uma facção, chegou à rua da Fofoca atirando contra Djavan Estefânio Lopes, que seria membro de uma facção rival.

Edgleyson Ray foi preso no mesmo dia e apresentado na Superintendência de Homicídios e Proteção a Pessoas (SHPP), na Avenida Beira-Mar. Ele estava com a arma usada no crime, com oito munições. O tiro perfurou um dos olhos de Pedro Martins, que retornava da igreja, ao lado de sua mãe. Outro tiro atingiu o tórax de Djavan Lopes, que estava com o seu filho, de 2 anos, no colo. Ele foi levado para o Socorrão I, onde se submeteu a uma cirurgia e ao receber alta médica foi apresentado na SHPP.

Na noite do dia 8 de maio, Luciele Nádia de Brito Ferreira, de 10 anos, foi assassinada a tiros, na Cidade Olímpica. A polícia informou que Luciele Nádia estava em companhia de sua mãe, nome não revelado, retornando de uma igreja evangélica, quando levou um tiro na cabeça. Há informações de que nesse momento estava ocorrendo um tiroteio entre facções.

No dia de 16 de janeiro deste ano ocorreu a morte de Adalton Victor Viana, de 15 anos. O delegado da SHPP, Felipe Freitas, disse que a vítima foi executada sentada no sofá da sala de sua residência, na Vila Cascavel, na frente de seus familiares.

Assassinatos de crianças e adolescentes ocorridos durante este ano na Ilha

Janeiro: 8 casos

Fevereiro: 4 casos

Março: 2 casos

Abril: 3 casos

Maio: 6 casos

Junho: 6 casos

Agosto: 1 caso

Setembro: 4 casos

Outubro: 7 casos

Novembro: 1º até o dia 8 sem registro de morte de criança ou adolescente

Número

117 crianças e adolescentes foram assassinados nos últimos 22 meses na Ilha

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