Transporte urbano

SET: reajuste salarial somente será concedido com aumento de tarifas

Reivindicação dos rodoviários depende do aumento de 30% nas passagens; caso seja definido esse índice, a tarifa mais cara no sistema de transporte passará para R$ 4,00

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Empresários do setor de transporte querem reajuste de 30% nas tarifas
Empresários do setor de transporte querem reajuste de 30% nas tarifas (De Jesus)

SÃO LUÍS - O reajuste salarial exigido pelos motoristas, cobradores de ônibus e fiscais depende, de acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET), de um aumento no valor das passagens de, pelo menos, 30%, o que levaria a tarifa mais cara ao valor de R$ 4,00. A constatação, de acordo com os empresários do setor de transporte da capital, tem como base os custos com folhas de pagamento, gratuidades e manutenção da frota de veículos.

Segundo a direção do SET, por causa da licitação do transporte da cidade – consolidada pela Prefeitura em 2016 – a cada mês de setembro os valores das tarifas precisam ser reajustados, com base em índices como inflação e outros fatores. De acordo com os empresários, até o momento, o Município não sinalizou com qualquer aumento. “Estamos esperando desde setembro para que a Prefeitura modifique estes valores que, atualmente, já estão com defasagem”, disse o presidente do SET, Gilson Gonçalves.

Ainda de acordo com o dirigente, a Prefeitura está ciente dos custos e da impossibilidade dos empresários em arcar com as exigências salariais dos rodoviários, que pedem aumento de 12% (além de elevação do ticket alimentação para R$ 650 reais e mudanças nos valores de outros benefícios). A direção da Agência de Mobilidade Urbana (MOB) confirmou, em nota, que recebeu uma planilha de aumento de custeio nas operações de transporte público e semiurbano. Segundo a entidade, a alteração nos preços das passagens está atrelada à decisão da Prefeitura de São Luís, pois essa “adequação de valores” garantiria benefícios aos usuários do bilhete único, ou seja, a passageiros tanto das linhas urbanas quanto das semiurbanas.

Sobre custos do sistema, o SET informou ainda que, atualmente, mais da metade da arrecadação das empresas está destinada apenas ao cumprimento de pagamentos salariais e outros benefícios. Os demais recursos são para custeio das prestações dos ônibus – recentemente adquiridos pelas empresas e um dos requisitos fundamentados na licitação do transporte público – e para manutenção dos veículos.

De acordo com o presidente da entidade, na atual conjuntura das empresas, é inviável qualquer discussão quanto ao reajuste dos rodoviários. “Como é que vamos pagar esta conta se em cima do percentual dado aos trabalhadores há um acréscimo de pelo menos cinquenta por cento nas nossas despesas? Não há como se falar hoje em aumento de salários para os motoristas e cobradores neste momento”, disse Gilson Gonçalves.

Último aumento

A última mudança tarifária em São Luís aconteceu em janeiro deste ano. À época, a passagem – que custava R$ 2,20 no nível I passou para R$ 2,70. Do nível II, de R$ 2,50 para R$ 2,70. E do nível IV, de R$ 2,90 para R$ 3,10.

Para justificar o aumento, na ocasião, a SMTT informou “que o reajuste tarifário atenderia às regras do contrato de concessão do serviço”. A pasta lembrou ainda que “o último reajuste concedido às empresas que operam o sistema de transporte público da capital maranhense tinha ocorrido em março de 2016”.

Tentativa de resolução

Hoje,31, está marcada uma audiência de conciliação às 14h na sede do Ministério Público do Trabalho (MPT), no Calhau, entre os empresários do setor de transporte e os rodoviários. Até ontem, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário do Maranhão (Sttrema), não havia qualquer avanço nas negociações. “Estamos esperando uma resposta dos empresários”, disse o presidente do Sttrema, Isaias Castelo Branco.

Mesmo sem acordo, os coletivos deverão circular normalmente hoje na capital maranhense. De acordo com o Sttrema, dependendo do desfecho da audiência de conciliação, não está descartada uma greve dos trabalhadores de ônibus por tempo indeterminado.

Fique por dentro

Exigências dos Rodoviários:

- Reajuste salarial de 12%

- Aumento do ticket alimentação para 650 reais;

- Manutenção dos demais benefícios, como planos de saúde e odontológico

- Permanência da função de cobrador

O que dizem os empresários

- Congelamento de salários (sem novo reajuste)

- Congelamento no valor do ticket alimentação (sem novo reajuste);

- Participação da categoria no pagamento de 50% do plano de saúde;

- Extinção do plano odontológico

- Terceirização do pessoal da manutenção e do administrativo

- Extinguir a função de cobrador

Frase

“Como é que vamos pagar esta conta se em cima do percentual dado aos trabalhadores, há um acréscimo de pelo menos cinquenta por cento nas nossas despesas? Não há como se falar hoje em aumento de salários para os motoristas e cobradores neste momento”

Gilson Gonçalves

Presidente do SET

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