Música

Inéditas de Chico Maranhão em álbum duplo

CD “Contradições” é o 10º do cantor e compositor maranhense e sai pelo selo da gravadora Kuarup; discos reúnem canções inéditas, a maioria autorais, compostas nos últimos anos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Chico Maranhão reuniu inéditas em seu 10º álbum de carreira
Chico Maranhão reuniu inéditas em seu 10º álbum de carreira (Chico Maranhão)

SÃO LUÍS - Em quase 50 anos de carreira, Chico Maranhão contabiliza em sua trajetória muitos sucessos. O artista, que lançou várias obras em diferentes linguagens, apresenta agora seu 10º álbum. “Contradições” é o novo trabalho do intérprete, compositor, violonista, tocador de tambor de crioula, escritor e arquiteto. O álbum duplo resgata canções inéditas, a maioria autorais, compostas nos últimos anos e marca a estreia do maranhense na gravadora Kuarup.

Ainda sem previsão de show em São Luís, o disco terá lançamento nacional em São Paulo, com show no dia 1º de dezembro. No entanto, o álbum físico e digital estará disponível ao público a partir do dia 9 de novembro. Uma das fixas do trabalho já foi lançada digitalmente e a próxima estará nas plataformas virtuais a partir do dia 2 de novembro.

O músico, que emplacou a canção “Gabriela” no festival de 1967 e que foi defendida pelo grupo MPB-4 mostra, com o novo trabalho, uma vasta produção. O disco é composto por 22 faixas e foi gravado em São Luís, no Sonora Estúdio. Os arranjos, produção e direção musical foram comandados pelo violonista Luiz Júnior. A capa do CD traz uma arte especial que desmembra a palavra contradições recriando outros significados em um jogo de letras com a criação gráfica e artística do pintor e desenhista Cláudio Tozzi.

O som do músico traz elementos da cultura maranhense como o bumba meu boi e ainda baiões, modinhas, frevos ou uma mistura de todos estes ritmos, mas foge de padrões estigmatizados. “Minha obra tem um aspecto que gostaria de chamar atenção: Sou muito eu e meus sons, minhas canções, minhas ilusões, eu e meu violão. Acho que sou um criador de sons ligados intrinsecamente às palavras da minha cultura, dentro de uma sintaxe especificamente maranhense e seus maneirismos”, frisa Chico Maranhão.

Das 22 canções, somente duas são em parcerias. Tratam-se de “Quando Baixa o Crepúsculo”, feita com o saudoso poeta ludovicense Nauro Machado; e “Roça Brasil”, com o cantor Chico Teixeira. “Na casa de Renato Teixeira, seu filho Chico me mostrou uma melodia ao violão. Isso gerou em mim uma letra sobre o tema de uma casinha na roça. Estava criada uma nova parceria”, explica Chico Maranhão.

No repertório, o disco traz canções compostas ao longo de anos como o baião “Mandioca Pinga Sushi”, cuja letra foi feita em resposta a um trecho do conhecido discurso de Caetano Veloso no III Festival Internacional da Canção, de 1968. Há também algumas pérolas que enaltecem a sua veia arquitetônica como a poética “Os Telhados de São Luís” e o choro “Sobrado”. O samba humorado “Filho d’uma égua” e a divertida “A Vida é Uma Festa”, também merecem destaque.

Conhecido por canções que trazem referências do bumba meu boi, o músico alega que neste projeto ele não está presente explicitamente. Entretanto, traços deste folclore brasileiro estão presentes em canções como “Pé-de-Vento” e “Gritos”. “As vibrações do boi neste projeto estão implícitas, menos perceptivas, intra-emoção ou até se quisermos, de uma forma ‘complexa’, que podemos dizer: um boi complexo”, diz o artista, entre risos.

A partir da observação acerca do conteúdo das letras, o álbum retrata uma obra reivindicatória. “Este álbum clama por discutir questões mais históricas de uma visão mais profunda da trajetória do artista na música popular brasileira. Por isso seu título. Há contradições de temas, de ritmos, de enfoques, etc.”

Sobre a questão de canções com temas tão diversos Chico explica que gosta de ter à mão várias composições antes de entrar em estúdio e, geralmente, registra 30 ou mais músicas de uma só vez e vai distribuindo em possíveis projetos. As canções pertencem muitas vezes a períodos distintos da vida do artista. “Prefiro ficar muito tempo compondo até satisfazer meus anseios. Vou costurando ponto a ponto momentos internos, externos, situações do passado, do presente e talvez do amanhã”.

Trajetória

O primeiro registro da obra de Chico Maranhão se deu em 1969 em um disco brinde feito com o compositor Renato Teixeira. Nestes quase 50 anos de carreira, Chico Maranhão lançou várias obras como a criação da “Ópera Boi” e um livro dedicado à arquitetura chamado “Urbanidade do Sobrado”.

Antes de gravar o disco, por volta de setembro de 1964, nos preparativos para a montagem da peça “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto para o Teatro da Universidade Católica, Chico Maranhão recebeu o convite para tocar violão na montagem da peça pelo autor da música, seu colega na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Chico Buarque. A peça arrebatou os prêmios de crítica e público do IV Festival de Teatro Universitário de Nancy, na França.

O artista começou sua vida artística profissional em 1967 quando participou do III Festival da Record, classificando a música “Gabriela”, usando o pseudônimo de Maranhão. A música foi defendida pelo conjunto MPB-4 e foi uma das seis finalistas. Chico Maranhão participou de diversos festivais e traz, em sua discografia, álbuns como “Maranhão”, “Lances de agora”, “Fonte Nova”, “São João, paixão e Carnaval”, “Só carinho”, entre outros discos.

Saiba Mais

Sobre a Kuarup

A gravadora Kuarup foi fundada no Rio de Janeiro em 1977 pelo produtor Mario de Aratanha e o saudoso fagotista Airton Barbosa, do Quinteto Villa-Lobos. Hoje, é uma das principais gravadoras independentes do país. Especializada em música brasileira, possui mais de 200 títulos em seu acervo, além de ter a maior coleção de obras de Villa-Lobos em catálogo no Brasil. O repertório traz choro, música nordestina, caipira, sertaneja, MPB, samba e instrumental, entre outros gêneros. A gravadora passou a atuar na edição de músicas e no mercado editorial de livros.

Faixas do CD - “Contradições”

CD 1: Faixas: 1. Mandioca Pinga Sushi / 2. Os Telhados de São Luís / 3. Sobrados e Trapiches / 4. Sobrado / 5. Roça Brasil / 6. Hino Do Vira Vila / 7. Ponto de Fuga / 8. Meu Vovô / 9. Bom Dia, Dia / 10. Manguezal de Sal / 11. A Vida É Uma Festa.

CD 2: Faixas: 1. Filho d’uma égua / 2. Sós / 3. Stradivarius Malúdico / 4. Prostituta / 5. Doce de Espécie / 6. Quando Baixa o Crepúsculo / 7. Contador de Lágrimas / 8. Pé-De-Vento / 9. Gritos / 10. Passando À Vida / 12. Sonhar.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.