SAÚDE

Curso de Reanimação Neonatal é realizado em São Luís

Profissionais de saúde e parteiras de comunidades indígenas aproveitaram novos conhecimentos

IGOR LINHARES / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

O Maranhão, com uma taxa de mortalidade neonatal elevada em comparação a outros estados do país, foi alvo para a Sociedade de Puericultura e Pediatria do Maranhão (SPPMA), que realizou ontem (16), na sede e com apoio da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, no Renascença, popularmente conhecida como Igreja dos Mórmons, o primeiro dia do curso de Reanimação Neonatal. De acordo com o Ministério da Saúde, o Maranhão ocupa a 4ª posição no ranking da Região Nordeste, com 11,2 mortes a cada mil nascidos.

Realizado pelo Programa de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria (PRN-SBP), por meio de sua filiada no Maranhão, o curso reuniu profissionais de saúde e parteiras, inclusive de áreas de difícil acesso, da capital e do interior do estado. A reanimação, definida de forma ampla como apoio especializado para uma transição bem-sucedida ao nascer, tem sido um foco maior dentre os esforços para diminuir a mortalidade neonatal precoce no estado, que divide posição com Sergipe, com 8,9 mortes a cada mil nascidos, é a 3ª maior no país.

“O componente neonatal, que é até 28 dias, tem sido muito preocupante no Maranhão. A privação de oxigênio ao nascer ainda é um dos principais motivos da mortalidade, assim como das morbidades, que são as sequelas as quais estão sujeitos os bebês. Portanto, esse treinamento vem no intuito de prestar uma assistência de qualidade ao nascimento e, assim, diminuir a morbimortalidade”, ressaltou a coordenadora do programa no Maranhão, a neonatologista do Hospital Universitário do Maranhão Patrícia Marques.

Durante o dia, foram ministradas palestras e aulas, a fim de dar visibilidade a regras essenciais ao parto, que deveria ser acompanhado por um pediatra, e, principalmente, esclarecer sobre o processo de reanimação que, ainda deficiente, também em hospitais, mantém elevada a mortalidade neonatal – quando o bebê morre nos primeiros dias de vida, até 28 dias.

Realidade
Os bebês morrem, principalmente, após as primeiras 24 horas ou 48 horas após o nascimento, o que agrava a redução da mortalidade infantil e neonatal no Maranhão e no Brasil, sendo os fatores variados, como explicou a presidente da SPPMA, Marynéa Silva do Vale. “Nas regiões Norte e Nordeste, infelizmente, a mortalidade neonatal ainda é muito acentuada. Por essa razão, o treinamento está sendo realizado”, pontuou.

“As causas da mortalidade neonatal têm a ver com o tipo de assistência que as populações estão tendo, assim como o nível social e econômico, a distribuição de profissionais, como é feito o pré-natal, a qualificação dos profissionais, isto é, um conjunto de fatores contribuem para o desencadeamento desses números preocupantes”.

Iniciativa
O curso realizado na capital foi mais uma das edições anuais apoiadas pela Igreja dos Mórmons, que oferecem e custeiam o treinamento em regiões nas quais a mortalidade infantil e neonatal ainda é muito acentuada, como acontece no estado. “A igreja começou a desenvolver essas ações acerca de 15 anos, e que pudessem ser usadas no mundo inteiro, como uma maneira para salvar a vida dos bebês. Esse programa começou nos Estados Unidos, país onde houve resultado bastante positivo. Pretendemos atingir no Brasil, também”, afirmou o pediatra e responsável pelos programas assistenciais dos mórmons, doutor Elder Ryan Wilcox.

Quebrando fronteiras
Uma das beneficiadas pelo treinamento oferecido foi a indígena e parteira Kelma Araújo, de 62 anos, que integra a Aldeia Colone, localizada no município de Barra do Corda, distante 450km de São Luís, que realiza partos em sua comunidade há 30 anos. “Eu fiquei tão alegre porque aprendi coisas novas para poder explicar para a mãe que está se preparando para ganhar nenê”.

Durante o treinamento desta edição, realizado pela primeira vez em São Luís, 24 parteiras de comunidades indígenas do interior do estado puderam ter acesso aos conteúdos disponibilizados a materiais essenciais para casos de reanimação do bebê pós-nascimento, até 28 dias de nascido. Materiais iguais aos utilizados durante as simulações foram doados às parteiras, com o objetivo final do uso nos próximos partos e na contribuição para intervir no momento de uma possível necessidade de reanimação do bebê ao seu nascimento.

Saiba mais

Morte Neonatal

É a ocorrida no período neonatal, ou seja, nas quatro primeiras semanas, isto é, entre 0 e 28 dias incompletos após o nascimento. À criança morta dentro deste período, dá-se o nome de neomorto.

Morte Natal Precoce

É a morte de um recém-nascido antes de sete dias completos de vida (até 168h completas).

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