Opinião

A trajetória de Roseana no Governo do Maranhão

Benedito Buzar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
“Ela cumpre o mandato de governadora de 1º de janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 1998, ao longo do qual realiza uma administração exemplar com um secretariado jovem e competente, promovendo obras importantes na capital e no interior do Estado”Benedito Buzar

Numa segunda-feira, 21 de maio de 2018, após ansiosa reunião, na casa da família Sarney, no Calhau, Roseana pulverizou a angústia que dominava os seus eleitores, interessados em saber se seria candidata ao cargo de governador, nas eleições de 07 de outubro de 2018, para exercer o mandato de janeiro de 2019 a 2022.

No que aceitou disputar o pleito, depois de meses de expectativa, Roseana, convicta de sua liderança na política maranhense, atendeu ao apelo de um eleitorado que nela vota desde 1990, quando ingressou na vida pública, elegendo-se com expressiva votação para o mandato de deputada federal, que cumpriu com brilho no exercício de 1991 a 1995.

Primeiro Mandato: 1995 a 1998

Ao decidir ser candidata ao Governo do Maranhão, pela quinta vez, Roseana retoma uma caminhada iniciada em outubro de 1994 e enfrentando um adversário duro na queda, o ex-prefeito de São Luís, Epitácio Cafeteira, hábil, astucioso, maquiavélico e apontado como o mais aguerrido adversário político e inimigo pessoal de seu pai, o senador José Sarney.

Aquelas eleições foram dramáticas para Roseana, pois só se definiram no segundo turno. A sua votação no primeiro turno, em torno de 541.005 sufrágios, ainda que superior às de Cafeteira e de Jackson Lago, respectivamente, 353.032 e 231.528 votos, não alcançou a maioria absoluta.

Com esse resultado, Roseana e Cafeteira, os dois mais votados no primeiro turno, partiram para um novo embate realizado em clima de guerra, com os candidatos armados até os dentes. Ao final da apuração, disputada voto a voto, Roseana vence o pleito pela apertadíssima diferença de 18.060 votos.

Ela cumpre o mandato de governadora de 1º de janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 1998, ao longo do qual realiza uma administração exemplar com um secretariado jovem e competente, promovendo obras importantes na capital e no interior do Estado, que a projetaram como gestora de alto nível e líder política da melhor qualidade. Teve como companheiro de chapa, o engenheiro José Reinaldo.

Segundo Mandato: 1999 a 2002

Com o prestígio político em alta e incontida popularidade, dentro e fora do Maranhão, só comparada à do pai, José Sarney, Roseana impôs-se candidata à reeleição, concorrendo pelo Partido da Frente Liberal.

Para enfrentá-la, um batalhão de candidatos entra em cena, capitaneado por Epitácio Cafeteira (PDT), seguido de Domingos Dutra (PT), Marcos Igreja (PV) e Marcos Silva (PSTU).

O destino, porém, reserva a Roseana, em plena campanha, um inesperado momento de sofrimento. Por recomendação médica, viaja às pressas a São Paulo, a fim de submeter-se a uma delicada cirurgia. Por isso, não participa dos eventos políticos da temporada que precede à pugna eleitoral, quando o corpo-a-corpo clamava pela sua presença.

Mas o seu carisma era tão forte junto ao povo que a campanha eleitoral ocorre como se ela tivesse presente, no que conta com a boa vontade de amigos e correligionários políticos, que se desdobraram para a sua candidatura se manter firme e inabalada.

E assim aconteceu. Realizadas as eleições, a sua supremacia nas urnas foi incontestável. Dos 2.059.544 eleitores que votaram em outubro de 1998, Roseana conquistou 1.005, 755 sufrágios, enquanto Cafeteira e Dutra, seus mais ferrenhos adversários, receberam, respectivamente, 405.578 e 97.538 votos.

Empossada a 1º de janeiro de 1999, afasta-se do cargo a 5 de abril de 2002, em cumprimento à lei de desincompatibilização, para ser candidata ao Senado da República. O vice, José Reinaldo, entra em ação e completa o mandato até 31 de dezembro de 2002.

O segundo mandato de Roseana, não foi igual ao primeiro, no que diz respeito ao desempenho administrativo, fato atribuído a um audacioso projeto, introduzido em 1999, com o objetivo de promover profunda reforma na máquina administrativa estadual, com a criação de oito Gerências Centrais de Estado e dezoito Gerências de Desenvolvimento Regional, para o Governo administrar com mais eficiência e atender as reivindicações do povo com maior rapidez.

Esse novo modelo de gestão, além da extinção de secretarias de Estado e de órgãos da administração indireta (autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas públicas), pretendia enxugar a máquina do Estado e aplicar os recursos em setores mais carentes e necessitados da presença do Governo.

Ainda que o segundo mandato não chegasse perto do primeiro, a governadora projetou-se no plano nacional e recebeu aplausos da mídia e dos tecnocratas, pela iniciativa pioneira de implantar no Maranhão uma Reforma Administrativa inédita no Brasil, que poderia servir de modelo para outros estados da Federação. Reflexo disso: o nome de Roseana desponta nas pesquisas de opinião pública, como potencial candidata à Presidência da República, projeto implodido por forças políticas não interessadas na disputa da sucessão de Fernando Henrique Cardoso.

Terceiro Mandato: 2009 a 2010

No pleito de 2002, Roseana se elegeu senadora, por isso, José Reinaldo Tavares, o vice-governador conquistou o direito de ser o candidato do grupo Sarney ao Governo do Maranhão, eleito para o exercício de janeiro de 2003 a dezembro de 2006.

Mas o que parecia inimaginável aconteceu na política maranhense: José Reinaldo, devido a problemas particulares, que não merecem ser comentados, distanciou-se do grupo político onde nasceu e foi criado, fazendo-o cair nos braços dos opositores de Sarney.

Resumo da ópera: em 2006, com a deflagração do processo sucessório, forma-se, com o aval e a cobertura de José Reinaldo, uma poderosa frente de combate ao sarneísmo, com o lançamento de seis candidatos: Jackson Lago (PDT), Edison Vidigal (PSB), Aderson Lago (PSDB), João Bentevi (Prona), Saturnino Moreira (PSOL) e Antônio Aragão (PSDC).

Para enfrentar tão aguerridas candidaturas, Roseana Sarney, pressionada pelo PFL entra numa luta política pesada e imprevisível, em companhia do indomável João Alberto, candidato a vice.

Contra tudo e contra todos, consegue ser a candidata mais votada, com 1.282. 053 sufrágios, enquanto Jackson, Vidigal e Aderson Lago, pela ordem, conquistaram, respectivamente, 933.089, 387.337 e 93.651 votos.

No somatório da votação geral, Roseana não atinge a maioria absoluta, o que provoca um segundo turno, entre ela e Jackson Lago, confronto que muda o cenário da política maranhense, ao apontar ao final da apuração a vitória do candidato do PDT, com 1.393.754 votos, enquanto a candidata do PFL obteve 1.295.880 sufrágios.

As forças partidárias que apoiaram Roseana não se conformaram com o resultado do pleito, com o vencedor acusado de praticar e abusar do poder econômico e político, razão pelas quais ingressaram na Justiça Eleitoral com ação de impugnação do mandato do candidato do PDT, argumento que convence o Tribunal Superior Eleitoral a cassar o mandato de Jackson e mandar a segunda colocada no pleito, Roseana Sarney, a assumir o cargo de governador, para cumprir um mandato de curta duração, ou seja, de 17 de abril de 2009 a 31 de dezembro de 2010.

Quarto Mandato: 2011 a 2014

Levando em conta de que a presença de Roseana no governo do Estado foi meteórica, pois mais da metade do mandato havia sido exercido por Jackson Lago, os partidos que lhe davam sustentação política - PFL, PMDB, PT e PV, lançam a sua candidatura às eleições de outubro de 2010, para desenvolver um trabalho fecundo em favor do Maranhão.

Naquelas eleições, Roseana depara-se com um quadro bem diferenciado dos anteriores, que exige mudanças na sua estratégia política, com vistas a neutralizar as investidas do jovem deputado federal, Flávio Dino, bem colocado nas pesquisas, e do veterano Jackson Lago, que magoado e revoltado com a perda do mandato de governador, promete dar a volta por cima.

A proposta dos dois candidatos de desestabilizar Roseana, juntos ou separados, nos programas veiculados pelas emissoras de rádio e televisão, não se consubstancia em sua plenitude, graças a uma iniciativa do senador José Sarney, que se vale do presidente Lula, empenhado até a medula, na eleição de Dilma Rousseff para sucedê-lo no Palácio do Planalto.

Trata-se de um acordo de mão dupla, em que o sarneísmo se comprometia a votar na candidata do PT a Presidente da República, e Lula, por sua vez, garantia a presença no palanque roseanista dos petistas tupiniquins. Para fechar solenemente o acordo, Lula ainda emplaca o seu lugar-tenente no Maranhão, Washington Oliveira, na chapa de Roseana, como vice-governador.

Realizado o pleito a 3 de outubro de 2010, ao qual compareceram 4.320.748 eleitores, com 3.285.100 votos apurados, Roseana conquista 1.459.792 sufrágios, Flávio Dino, 859.402, e Jackson Lago, 569.412, votação que assegura a ela uma espetacular vitória no primeiro turno.

Em 1º de janeiro de 2011, Roseana, pela quarta vez, é empossada no cargo de governadora, para cumprir o mandato que acabaria a 31 de dezembro de 2014. Eu disse acabaria, porque antes de seu mandato chegar ao final, ela, estranhamente, renuncia ao cargo a 10 de dezembro de 2014, ato que conduziu o presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo Melo, ao comando do Poder Executivo.

Antes disso, em 27 de outubro de 2011, a governadora se licencia para tratamento de saúde e transmite o governo ao vice, Washington Oliveira, o qual, a 31 de outubro daquele ano, entrega o poder ao presidente da Assembleia, Arnaldo Melo, este, por sua vez, transfere a 3 de novembro de 2011, ao presidente do Poder Judiciário, desembargador Jamil Gedeon, que permanece no cargo até o dia 7 de novembro de 2011, quando, finalmente, é devolvido a Roseana Sarney.

Quinto Mandato: 2019 a 2022

Caso o leitor queira saber se Roseana, pela quinta vez, assumirá o comando do Poder Executivo do Estado, resta esperar a abertura das urnas e a contagem dos votos, amanhã, a partir das 17 horas.

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