Final feliz

Marido reencontra esposa que foi arrastada por tsunami na Indonésia

Casal ficou dois dias separado em Palu, uma das cidades mais devastadas. Tragédia deixou mais de 1.200 mortos na Indonésia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Azwan abraça sua mulher, Dewi, na casa da família em Palu, na Indonésia
Azwan abraça sua mulher, Dewi, na casa da família em Palu, na Indonésia (AFP/Indonésia)

PALU - Foram dois dias de angústia, procurando nos necrotérios e hospitais, mas finalmente Azwan encontrou a esposa Dewi, que havia sido arrastada pelo tsunami na cidade de Palu, uma das mais devastadas pela tragédia na Indonésia.

Ou seja, uma quase segunda parte do filme "O impossível" (2012), que conta a trágica história real, mas com final feliz, de um casal e seus três filhos separados por um violento tsunami na Tailândia.

Azwan, de 38 anos, conta a história ao lado da esposa em uma pequena barraca instalada à margem de uma estrada. A emoção é visível e ele não consegue conter as lágrimas. "Estava tão feliz, tão emocionado. Graças a Deus consegui voltar a encontrá-la", disse Azwan à AFP.

Palu, cidade de 350 mil habitantes na costa oeste da ilha Sulawesi, foi abalada na sexta-feira por um violento terremoto, seguido de um tsunami devastador. A tragédia deixou mais de 1.200 mortos e 59 mil deslocados, de acordo com o balanço mais recente. Além disso, 799 pessoas feridas gravemente continuam internadas em vários hospitais.

Desde então reinam a desesperança e dor. A história de Azwan e Dewi é uma exceção. Como muitos indonésios, Azwan tem apenas um nome.

Dewi estava registrando os convidados que participariam em um festival em um hotel quando a terra tremeu. Uma hora depois a onda gigante atingiu a cidade.

"A onda me acertou com força. Quando retomei a consciência estava na rua, na frente do hotel. Lembro que ouvi as pessoas gritando 'tsunami, tsunami'", conta Dewi à AFP.

Ela caminhou pelas ruas repletas de escombros e passou a noite em um abrigo.

"Sem comida, sem água", recorda. "Pediram que aguardássemos até que a situação fosse considerada segura, os tremores secundários não paravam".

No outro lado da cidade, Azwan estava angustiado. Ele escapou da tragédia com a filha, mas não tinha nenhuma notícia da mulher.

Ele iniciou uma busca que durou quase dois dias, com visitas a necrotérios e hospitais lotados. "Como não via minha mulher nos sacos (mortuários), retornei ao hospital e verifiquei no necrotério", recorda Azwan. "Havia uma quantidade gigantesca de corpos. Estava tudo desordenado, uns por cima dos outros".

No domingo, quando se preparava para aceitar a "vontade de Deus", a esposa apareceu na casa da família, de moto. "Quando desceu da moto foi uma euforia", conta Azwan. "Todos choravam. Os parentes, chorando, a abraçaram".

Dewi agradece a Deus pela "segunda chance", mas ainda tem dificuldades para acreditar em tudo. "Mesmo agora não consigo acreditar que estou vivia. Ainda estou traumatizada", afirma.

Vítimas

O balanço de vítimas cresce à medida em que os socorristas avançam e começam a ter acesso às regiões mais remotas. Em um cenário de devastação, as equipes de resgate lutam contra o tempo para encontrar sobreviventes e retirá-los dos escombros.

Em um primeiro momento, as autoridades reuniram os corpos em necrotérios improvisados para poder identificá-los. Diante do risco sanitário, decidiram organizar enterros em massa.

Em Poboya, na colinas que cercam Palu, voluntários começaram a enterrar as vítimas em uma gigantesca fossa comum, com capacidade para 1,3 mil corpos.

O Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU calcula que 191.000 pessoas precisam de ajuda humanitária de emergência, incluindo 46.000 crianças e 14.000 idosos.

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