Eleições 2018

Haddad mininiza papel de Lula em eventual governo do PT

Candidato a presidente confirma, no entanto, que os principais pontos do programa de governo petista foram discutidos e elaborador por ele próprio e pelo ex-presidente, preso em, Curitiba

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

SÃO PAULO - Em seu primeiro compromisso de campanha desde que foi oficializado como candidato do PTà Presidência, o ex-prefeito Fernando Haddad desconversou sobre qual será o papel do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um eventual governo petista.


"Tivemos muito cuidado com isso em função das circunstâncias. Fizemos um programa muito pormenorizado para que a sociedade saiba o que faremos a partir de 1º de janeiro: reforma tributária para reduzir a carga sobre os mais pobres, reforma bancária para reduzir os juros, retomada de obras públicas", elencou, entre outros pontos. "Então, quem quiser saber como será o próximo governo do PT, a nossa cartilha a partir de janeiro foi assinada por Lula e por mim", disse.

Haddad participou, com a vice Manuela D'Ávila (PCdoB), de um encontro com estudantes e cotistas do programa Universidade para Todos em um teatro no centro da capital paulista. Também participam Eduardo Suplicy e Jilmar Tatto, candidatos ao Senado por São Paulo, Ana Bock, candidata à vice na chapa de Luiz Marinho ao governo do Estado, e Ana Estela, esposa de Haddad.

Com a oficialização de sua candidatura, o ex-prefeito da capital também passou a ser alvo de ataques de outros candidatos, como Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB). O petista, no entanto, não quis comentar. "Nós temos um programa de governo, não vamos ficar batendo ou alisando ninguém. Faz 18 anos que sou vidraça. Todo mundo já me acompanhou em eleição, sempre fiz propostas para governar", disse.

Segundo o último Ibope, o petista tem 8% das intenções de voto, embolado no segundo lugar com Ciro, Marina Silva (Rede) e Alckmin. O levantamento mostrou também que a capacidade de transferência de votos de Lula para seu nome se estabilizou nos últimos dois levantamentos.

Questionado sobre qual a estratégia do partido para que os votos do ex-presidente permaneçam com ele, Haddad desconversou. "Surpresa", disse.

Candidato do PT vira alvo de Ciro

Pedetista apostava em herdar os votos de Lula e vai precisar polarizar com petista

Ciro Gomes passou a polarizar com Haddad pelos votos de Lula
Ciro Gomes passou a polarizar com Haddad pelos votos de Lula

Em ato público em frente à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde Luiz Inácio Lula da Silva está preso desde abril, o PT anunciou nesta terça-feira, 11, publicamente a candidatura presidencial de Fernando Haddad em substituição ao ex-presidente, enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Pela manhã, antes mesmo de ser confirmado, Haddad foi alvo de críticas do agora concorrente Ciro Gomes (PDT), com quem disputa o espólio eleitoral de Lula, principalmente no Nordeste.

A 26 dias da eleição, Haddad inicia oficialmente a campanha presidencial com 8% das intenções de votos, segundo pesquisa Ibope divulgada nesta terça. O petista está empatado tecnicamente com Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede), ambos com 9%; e Ciro Gomes (PDT), que registrou 11%.

A possibilidade de crescimento das intenções de voto do petista, principalmente nos Estados nordestinos, onde Lula e o PT têm mais força eleitoral, causou uma inflexão no comportamento de Ciro, que também busca conquistar eleitores inclinados à esquerda e na região.

Nesta terça pela manhã, ao cumprir agenda de campanha em Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo, Ciro já deu sinais de como pretende se comportar na disputa direta. Ele foi aconselhado a questionar a experiência administrativa do petista e o desempenho eleitoral de 2016 sem tecer críticas pessoais a Haddad, com quem tem relações de amizade.

Em Taboão da Serra, o pedetista criticou o desempenho eleitoral de Haddad e a postura do PT de insistir na candidatura de Lula à Presidência. Ao discursar, lembrou a campanha de 2016, quando o então prefeito da capital paulista e candidato à reeleição Fernando Haddad foi derrotado no primeiro turno para João Doria (PSDB).

"Eu e Lula apoiamos o Haddad em 2016 e tivemos uma decepção profunda, já que ele perdeu no primeiro turno para o Doria e perdeu para os votos brancos e nulos. Isso não desqualifica o Haddad. Gostaria de tê-lo como vice em outra configuração. Mas ele sai muito fragilizado", afirmou o pedetista.

Em outro momento, sem mencionar o nome de Haddad, Ciro condenou a cúpula do PT. "Eles incitaram frações importantes do nosso povo que quer bem o Lula para tentar manipular este sentimento e lançar uma pessoa que talvez tenha dificuldades para interpretar com fidelidade aquilo que o Brasil precisa agora", disse.

Ciro também afirmou que a esquerda do País já está dividida. "Nós já estamos divididos, porque não aceito a imposição da cúpula do PT. Eu fui convidado para exercer este papelão aí, de ser vice de ataque e amanhã ser escolhido na frustração do povo diante da não candidatura de Lula. Não é assim que se constrói uma liderança", disse.

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