Artigo

Luís de França, santo do Maranhão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

A história do Maranhão é profundamente marcada pela presença e influência da fé cristã. Em 2012, por ocasião da celebração dos 400 anos de fundação da cidade de São Luís, celebrou-se também os 400 anos da chegada do Evangelho em terras maranhenses.

Fundada por franceses, a capital do Maranhão recebeu o nome São Luís, em homenagem ao rei da França, Luís IX. Embora passe um pouco despercebido, o santo que dá nome à cidade é uma figura de grande inspiração. Nasceu em 25 de abril de 1215, em Poissy, na França. Em 1226, ainda muito jovem, assumiu o trono, tendo reinado até sua morte, em 25 de agosto de 1270.

A fama de homem justo, amante da ética e da moral é ponto convergente em toda a sua biografia. Seu lema de vida era viver para Deus, servindo ao seu povo. E o fazia com humildade e determinação. Homem público, filho, pai, esposo e cavaleiro, dividia seu tempo entre as atribuições de monarca e o acompanhamento e a instrução de seus 11 filhos, fruto do casamento com Margarida de Provença.

Para Luís, religião não é apenas a prática das devoções piedosas e do cumprimento dos preceitos, mas é uma obrigação para a caridade, para a vivencia do amor evangélico. Assim, os empobrecidos ocupam lugar de destaque na atuação política e na vida pessoal do santo rei. Alguns de seus biógrafos afirmam que comumente ele repetia o gesto de lavar os pés dos pobres e monges, cercando-os com especial carinho e afeto, imitando a Cristo, que veio para servir.

Mas, que poderia este homem nos inspirar ainda hoje? O que de sua vida, passada no longínquo 1.200, pode iluminar o nosso tempo?

Certo que estamos vivendo tempos difíceis. Uma onda de mudanças que mal conseguimos acompanhar. Alguns falam de uma mudança de época e de uma época de mudanças. O mundo envolto pela revolução tecnológica, de informação e de comportamento. Quase tudo que nos serve hoje, não nos servirá amanhã. E seguimos numa avalanche desenfreada do consumismo, do imediatismo e do descartável.

Em paralelo, vemos aumentar a pobreza, a indiferença e o isolamento social. Fazemos opções - conscientes ou não - da busca obsessiva pelo bem-estar físico, psíquico e espiritual, que gera conforto e segurança pessoal, mas que não dialoga nem questiona a realidade.

São Luís pode nos inspirar! Sua fé nos aponta para uma experiência de seguimento, de caminhar lado a lado, com Cristo e com os irmãos, sobretudo os sofredores. Mais que isso, a vivência em comunidade, em companhia dos outros, nos ajuda a interpelar o tempo presente, fazendo-nos corresponsáveis pelas causas do sofrimento e da dor humana. Isto não é um privilégio, nem obrigação apenas para os cristãos, mas uma alternativa para todos os que lutam para a construção de um tempo novo, de plena justiça e de paz.

Em tempos de descrédito, desânimo e indiferença com as instituições - e com aqueles que as comandam - a sensibilidade, a coragem e o apego à justiça despontam como virtudes cristalinas da vida do rei-santo e servem como caminho de inspiração para aqueles e aquelas que cuidam, ou deveriam cuidar, da vida das pessoas.

São Luís, rei da França, é patrono da cidade de São Luís do Maranhão, conforme dom Felipe Condurú Pacheco, em a História Eclesiástica do Maranhão: “São Luís - cidade ilustre, de 2000 habitantes, sede do bispado, estendido do Ceará ao Cabo Norte - teria o mesmo ex-soberano francês por Patrono” (1968, 16).

Ó bom e justo Rei-padroeiro, rogue pelo Maranhão! Venham tempos de paz, de crescimento e harmonia. Sem ódio, sem violências e perseguições. Se estabeleça entre nós o desejo franciscano, tão caro a São Luís: a paz e o bem!

Kécio Rabelo

Advogado, membro da Comissão Justiça e Paz de São Luís

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