NOVA YORK — Um enorme lago subterrâneo foi detectado em Marte pela primeira vez, o que representa o maior corpo de água líquida já encontrado no Planeta Vermelho, anunciaram cientistas ontem. Localizado a 1,5 quilômetro abaixo de uma camada de gelo marciano, o lago é amplo, com cerca de 20 quilômetros de largura. A descoberta levanta a possibilidade de haver mais água e, talvez, vida em Marte, afirma o texto publicado na revista americana "Science".
"Isso nos tomou longos anos de análise de dados e provas para encontrar um bom método para estarmos seguros de que o que observávamos era inequivocadamente água líquida", disse o coautor do estudo Enrico Flamini, cientista chefe da Agência Espacial Italiana.
Segundo a publicação, a presença de água líquida nas calotas polares de Marte já levantava suspeitas dos pesquisadores há 30 anos, mas ainda não tinha sido confirmada. Os cientistas observaram o Planeta Vermelho com um radar de baixa frequência da nave Mars Express, usado em busca de água líquida por mais de 12 anos. O conteúdo coletado entre os anos de 2012 e 2015, de acordo com a "Science", mostra evidências de que há água líquida sob uma camada de gelo no Sul do planeta.
"Este é um resultado assombroso que sugere que a água em Marte não é um escoamento temporal, como foi revelado em descobertas prévias, mas sim um corpo de água persistente que cria as condições para a vida durante largos períodos de tempo", disse Alan Duffy, professor associado da Universidad Swinburne, na Austrália.
Saber se outros lugares, além da Terra, já abrigaram vida é uma das grandes perguntas da ciência e as novas descobertas oferecem evidências promissoras. A água é considerada um ingrediente fundamental para a existência de vida. Os pesquisadores disseram que poderia levar anos para a verificação de vida neste lago, algo que poderia inspirar uma futura missão para perfurar o gelo, a fim de coletar amostras do líquido.
" Este é o lugar de Marte onde há o que mais se assemelha a um habitat, um lugar onde a vida poderia existir", disse o astrônomo Roberto Orosei, do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália, que liderou a pesquisa. "De fato, há organismos terrestres que podem sobreviver e se desenvolver em ambientes similares. Há microorganismos na Terra que são capazes de sobreviver inclusive no gelo".
Lagos
Marte é agora um planeta frio, árido e desértico, mas há pelo menos 3,6 milhões de anos era quente e úmido e tinha grande quantidade de água líquida e lagos. Por anos, cientistas tentam decifrar o que aconteceu com as águas que já estiveram pela superfície do planeta.
Dentro da chamada zona habitável do Sistema Solar, ele era quente o suficiente para ter água, como comprovam estruturas geológicas semelhantes a leitos de rios secos e minerais que só se formam na presença da substância em estado líquido. Porém, em algum momento, este cenário foi transformado num mundo frio e desértico. Um estudo publicado no ano passado da revista “Science” defende que esta transformação foi provocada pela perda da atmosfera, varrida por radiação e ventos solares.
Uma pesquisa divulgada pelo "Geology Journal of Geological Society of America" este ano confirmou a existência de lagos há bilhões de anos. Os cientistas atestaram que rachaduras de lama encontradas na superfície, que só se formam quando sedimentos molhados são expostos ao ar, indicavam que Marte passou por ciclos parecidos com os da Terra.
Saiba Mais
- Tempestades polares gigantes encontradas pela Nasa em Júpiter
- Missão da Nasa em Marte capta áudio do vento no planeta
- Inibidor do Zika deve levar 10 anos para ser produzido em larga escala
- Arqueólogos descobrem quadra de jogos e templo asteca no México
- Cientistas descobrem super-Terra considerada promissora para a busca de sinais de vida
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.