Tratamento

CFM proíbe médicos de cobrarem por ozonioterapia

Técnica só pode ser usada dentro de protocolo de estudo, diz Conselho Federal de Medicina

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

BRASÍLIA - O Conselho Federal de Medicina determinou que a terapia com ozônio, conhecida como ozonioterapia, só pode ser aplicada em caráter experimental, dentro de protocolo de estudo definido pela Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep). Na prática, isso significa que médicos não vão poder cobrar de pacientes em nenhuma etapa da aplicação, o sigilo e anonimato deve ser garantido e especialistas devem oferecer atendimento médico-hospitalar no caso de reações adversas.

A determinação do Conselho Federal de medicina foi publicada essa semana no Diário Oficial da União. Matéria do "Fantástico" exibida no domingo,16, mostrou que médicos chegam a cobrar R$ 16 mil por tratamento contra a Aids.

A ozonioterapia é uma técnica que utiliza uma mistura de gases oxigênios e ozônio por várias vias: são aplicadas injeções ou a administração pode ser via retal, por exemplo. A finalidade é terapêutica, mas, segundo o CFM, não há estudos com metodologia adequada que comprovem as várias promessas da terapia.

O Conselho Federal de Medicina diz que a decisão foi tomada após análise de uma série de estudos e trabalhos científicos sobre o tema. "Os trabalhos são ainda incipientes e não oferecem aos médicos e aos pacientes a certeza de que a ozonioterapia é eficaz e segura", diz Leonardo Sérvio Luz, médico e um dos conselheiros do CFM.

Em nota, a Associação Brasileira de Ozonioterapia (ABOZ) diz que vai apresentar estudos com evidências ao Conselho Federal de Medicina. Já o conselho, diz que já avaliou mais de 26 mil trabalhos a pedido da associação e que, em geral, os estudos não apresentam metodologia adequada.

R$ 16 mil

Em matéria no "Fantástico" veiculada no domingo,8, repórteres visitaram consultórios em Natal (RN ) e em São Paulo. No Rio Grande do Norte, médico cobrou R$ 16 mil para tratamento da cura da Aids. Já em São Paulo, especialista cobrou até R$ 5.400 para terapia contra hepatite C.

Um dos médicos consultados e em Natal xplica que o ozônio não é capaz de adentrar em células saudáveis, mas trata doenças porque consegue "quebrar especificamente protozoários, fungos e vírus".

Na esteira da explicação, o médico prometeu tratamento anti-HIV com o método e cobrou R$ 16 mil para um tratamento de quatro meses.

Entrevistado pelo programa, o infectologista Esper Kallás, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, diz que "a explicação é muito simplória e não reflete necessariamente o que a gente vê na multiplicação do vírus."

Frase
"Ao final, o CFM entendeu que seriam necessários mais estudos com metodologia adequada e comparação da ozonioterapia a procedimentos placebos, assim como estudos comprovando as diversas doses e meios de aplicação de ozônio"

Nota do Conselho

Federal de Medicina

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