Alerta

Infestação de aranhas e caramujos africanos preocupa na capital

A primeira espécie ocupa vegetação na Laga da Jansen; a segunda apareceu na Ponta d’Areia; causas do aparecimento não foram de fato definidas

Daniel Júnior/ O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
Teias de aranha dão nova cor às folhas de vegetação na Lagoa da Jansen; infestação preocupa população
Teias de aranha dão nova cor às folhas de vegetação na Lagoa da Jansen; infestação preocupa população (aranha na Lagoa da Jansen)

SÃO LUÍS - A proliferação de aranhas na Lagoa da Jansen e de caramujos africanos na Ponta d’Areia, ambos locais situados em áreas nobres de São Luís, têm provocado preocupações e indagações sobre os reais motivos pe­los quais o fenômeno vem acontecendo; os perigos aos seres humanos e as ações que estão sendo executadas pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Renováveis do Maranhão (Sema), com o objetivo de conter a reprodução desenfreada dessas espécies.

Quem transita nas proximidades da Lagoa da Jansen para se exercitar ou a caminho do trabalho se depara com teias de aranhas que estão sufocando a vegetação presente na área. Essas teias também afetam algumas edificações e monumentos turísticos. Pescadores e outros trabalhadores que atuam na região es­tão apreensivos com o caso.

“Pesco na Lagoa da Jansen há muito tempo. Desde criança. Mas nunca vi isso. Ninguém sabe explicar ao certo. Acredito que seja por causa da grande quantidade de inseto, que são alimentos para essas aranhas. E também, depois das obras na comporta da Lagoa, muita coisa mudou por aqui. Estamos prejudicados”, disse o pescador José Coimbra em recente entrevista a O Estado.

Segundo a Sema, com a urbanização sem planejamento da área da Lagoa da Jansen houve modificação significativa do ambiente, o que ocasiona interferências na biota local, possibilitando o aparecimento de animais invasores e aumentos das populações nativas como insetos e consequentemente aranhas. A situação se agravou por causa do período chuvoso prolongado, o que facilita a reprodução dos insetos, acarretando um aumento dos predadores por causa da grande oferta de alimento.

Contudo, as aranhas do gênero Tetragnatha encontradas na área não oferecem perigo ao homem. São consideradas animais benéficos, por serem predadoras de insetos, ajudando no controle biológico.

Os insetos que estão aparecendo na região da Lagoa da Jansen não são hematófagos (animais que se alimentam de sangue). Por isso não representam riscos à saúde pública. Os referidos insetos são atraídos pela luz das residências e condomínios que foram construídos muito próximos à Lagoa da Jansen, ainda conforme a Sema.

De acordo com biólogos, o fenômeno se deve ao aparecimento de aranhas em grande quantidade nesta época do ano. Ainda conforme os especialistas, o desequilíbrio ecológico da região, agravado por obras na comporta da Lagoa, contribui para a infestação.

Caramujo
O aparecimento de caramujos africanos no bairro da Ponta d’Areia, no final do mês de maio deste ano, foi outro fenômeno que causou apreensão. Contaminado com verme de rato (seu alimento), a espécie passa a ser nociva à saúde humana e pode ocasionar meningite, caso o indivíduo tenha algum tipo de contato.

Há suspeitas de que esses caramujos tenham chegado à capital maranhense em plantações da área do Espigão costeiro e também pode ter sido introduzido para criação e fins comerciais para substituir o escargot, de acordo com a pesquisadora Patrícia Cantanhede, da Universidade Estadual do Maranhão (Uema).

“É possível que pequenos ovos e exemplares do caramujo africano tenham chegado em plantas, da região do Espigão costeiro. Eles enterram os ovos na areia. Mas há registros mais antigos de que essa espécie pode ter sido introduzida aqui no Maranhão para criação e fins comerciais para substituir o escargot, assim como em outros Estados do Brasil. Fomos chamados para identificar qual o tipo de caramujo e constatamos que de fato é o caramujo africano. Essa espécie se alimenta de fezes de rato e, com isso, contrai o verme Ongiostrongylus cantonensis (prejudicial à saúde humana)”.

“Estamos estudando o caso e umas amostras serão levadas à Fundação Osvaldo Cruz, para diagnóstico preciso e saber se esses moluscos estão contaminados”, disse.

Saiba Mais

Caramujos e a contaminação

Os caramujos africanos causam contaminação ao ser humano, por meio do seu muco, que pode ser expelido em frutas, hortaliças ou em qualquer outro produto. “A infecção ocorre porque o caramujo ao se locomover libera um muco. Essa secreção faz mal à saúde humana. Tem que ter também muito cuidado com os brinquedos dos bebês, pois as crianças colocam na boca. E se esse objeto também estiver contaminado com o muco?”, indagou Cantanhede.

A recomendação da pesquisadora Patrícia Cantanhede é que, em caso de contato com o animal, seja feita a higienização correta das mãos, lavar com bastante água e sabão. Frutas, legumes e hortaliças, também devem ser bem limpas.

“O ideal é fazer uma solução de água com água sanitária (uma colher de sopa de água sanitária para um litro de água) e deixar as verduras de molho por 30 minutos. Esse molho consegue matar as larvas”, disse ela.

Nota da Sema

Sobre os caramujos africanos, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) informa que, além das ações de conscientização e orientação realizadas pela pasta, está instituindo um grupo de trabalho para tratar do assunto. A minuta de decreto para a criação do grupo já foi encaminhada para a Casa Civil e a publicação do mesmo deverá ocorrer nos próximos dias.

Já em relação às aranhas, a Sema esclarece que a urbanização sem planejamento da área da Lagoa da Jansen, trouxe modificação significativa do ambiente, ocasionando interferências na biota local. Este fator possibilita o aparecimento de animais invasores e aumento das populações nativas como insetos e, consequentemente, aranhas.

A situação se agrava por causa do período chuvoso prolongado, o que facilita a reprodução dos insetos, acarretando um aumento dos predadores por causa da grande oferta de alimento. Contudo, as aranhas do gênero Tetragnatha encontradas na área, não oferecem perigo ao homem. De modo geral, elas são consideradas animais benéficos, por serem predadoras de insetos, ajudando no controle biológico.

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