Alerta

Mais de 30 municípios em risco de surto de poliomielite no Marranhão

Estado é o 2º com maior risco, segundo o Ministério da Saúde; falta de vacinação pode gerar surto; campanha será iniciada no mês que vem

Monalisa Benavenuto / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
Criança é imunizada em posto de saúde de São Luís
Criança é imunizada em posto de saúde de São Luís (vacinação poliomielite)

SÃO LUÍS - Segundo o Ministério da Saúde, 30 municípios estão em risco de surto de poliomielite no Maranhão. Em todo o Brasil, mais de 300 municípios estão com cobertura abaixo de 50% para a enfermidade. Apesar de não haver registros da doença no país há 28 anos, o risco de retorno é grande devido ao número de crianças que não receberam imunização.

O Brasil erradicou a poliomielite em 1990 e em 1994 recebeu a Certificação de Área Livre de Circulação do Poliovírus Selvagem da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). No entanto, o último levantamento feito pelo Ministério da Saúde apontou que 312 municípios estão com cobertura vacinal para a doença abaixo de 50%.

O Maranhão é o 2º colocado entre os estados com maior risco de surto, com 14,29% dos municípios da pasta, entre eles destacam-se Arame, São Domingos do Maranhão e Alcântara, apresentado respectivamente 14,81%, 15,25% e 15,64% de cobertura da vacina.

“Uma cidade com esses indicadores tem todas as condições de voltar a transmitir a doença em nosso país. Será um desastre para a saúde como um todo”, declarou a coordenadora do Programa de Imunização, Carla Domingues, durante a reunião entre o órgão federal, secretarias estaduais e municipais da saúde.

A ameaça, de acordo com o ministério, é grande nesses municípios com 50% de cobertura vacinal, mas também há risco nas cidades com coberturas abaixo de 95%.

Vacinação
De acordo com o Ministério da Saúde, os gestores dos estados que estão abaixo da meta de vacinação são orientados sobre a organização de redes de saúde, inclusive com a possibilidade de readequação de horários mais compatíveis com a rotina da população. Outra orientação é o reforço das parcerias com creches e escolas, que podem potencializar a mobilização sobre a vacina e envolver o núcleo familiar.

O órgão ainda reforça que todos os pais e responsáveis mantenham as cadernetas de vacinação atualizada, em especial para as crianças menores de cinco anos devem ser vacinadas, conforme esquema de vacinação de rotina. O esquema de vacinação contra a poliomielite oral trivalente deve ser administrado aos 2, 4 e 6 meses de vida. O primeiro reforço é feito aos 15 meses e o outro entre 4 e 6 anos de idade. A vacinação pode ser feita nos postos da rede pública de saúde diariamente e durante as edições da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, que neste ano acontecerá no período de 6 a 31 de agosto de 2018.

Outro lado
Em nota encaminhada a O Estado, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) confirmou que, em 2017, 31 municípios apresentaram cobertura abaixo de 50%, índice considerado muito baixo, representando alto risco para ocorrência de casos da doença na população.

Por esta razão, a SES adotou as seguintes medidas: envio de documento de alerta geral para os gestores municipais de saúde; apoio com técnicos e de estrutura para campanhas em áreas prioritárias; seminários de orientação quanto à organização da campanha; abastecimento com insumos (seringas, agulhas e vacinas de todas as regiões); e avaliação mensal das coberturas vacinais dos municípios, encaminhada às regiões de saúde.

Saiba Mais

A doença

Causada por um vírus que vive no intestino, o poliovírus, a poliomielite geralmente atinge crianças com menos de 4 anos, mas também pode contaminar adultos. A maior parte das infecções apresenta poucos sintomas e há semelhanças com as infecções respiratórias, com febre e dor de garganta, além das gastrointestinais, náusea, vômito e prisão de ventre.
Cerca de 1% dos infectados pelo vírus pode desenvolver a forma paralítica da doença, que pode causar sequelas permanentes, insuficiência respiratória e, em alguns casos, levar à morte.
A poliomielite não tem tratamento específico. A transmissão pode ocorrer de uma pessoa para outra por meio de saliva e fezes, assim como água e alimentos contaminados.

Municípios em risco de surto e a cobertura vacinal

Arame – 14,81%

São Domingos do Maranhão – 15,25%

Alcântara – 15,64%

Bequimão – 19,08%

Santa Luzia do Paruá – 21,45%

Jenipapo dos Vieiras – 23,24%

Bacuri – 24%

Turiaçu – 24,41%

São João Batista – 25,27%

Santana do Maranhão – 28,57%

Peri Mirim – 32,59%

Dom Pedro – 34,73%

Axixá – 35,92%

Bacabal – 35,99%

Magalhães de Almeida – 36,40%

Humberto de Campos – 37,33%

Matões do Norte – 38,40%

Vargem Grandes – 38,72%

Pinheiro – 40,25%

Carutapera – 40,32%

Chapadinha – 41,92%

Serrano do Maranhão – 43,24%

Vitorino Freire – 43,37%

Belágua – 43,50%

Raposa – 43,72%

São Vicente Ferrer – 44,01%

Presidente Dutra – 46,57%

Grajaú – 47,26%

Presidente Sarney – 47,99%

Central do Maranhão – 48,39%

Primeira Cruz – 48,92%

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.