WASHINGTON - O presidente americano Donald Trump cedeu às pressões e assinou ontem uma ordem para evitar a separação das famílias de imigrantes que cruzarem a fronteira com o México, mas manterá a "tolerância zero" em sua política de imigração.
Segundo a ordem, famílias imigrantes que entrarem ilegalmente nos EUA serão detidas juntas. Trump mandou o Departamento de Defesa tomar as medidas para acolhê-las da forma necessária.
"Estamos assinando uma ordem executiva. Considero que é uma ordem executiva muito importante. É sobre manter as famílias unidas e, ao mesmo tempo, ter certeza de que temos uma fronteira muito forte e muito forte", disse Trump.
Trump desistiu de separar famílias migrantes depois de sofrer intensa pressão dos mais diferentes setores: líderes religiosos, políticos e internacionais condenaram a postura de seu governo, que fez com que mais de 2.300 menores de idades fossem separados de suas famílias em cinco semanas.
"Não me agradou a visão de famílias sendo separadas", disse o presidente. A ordem também dará prioridade às famílias no que diz respeito aos procedimentos de imigração.
Antes da política de "tolerância zero", as famílias que chegavam na fronteira sem autorização e que alegavam medo de voltar para a casa eram autorizadas a entrar em território americano e pedir refúgio. Durante o processo de solicitação de refúgio o imigrante podia ou não ser detido, dependendo de uma série de fatores, inclusive a disponibilidade de vaga nos centros de detenção. Também eram realizadas audiências na fronteira, e a família toda poderia ser deportada, em vez de ficar detida nos EUA.
Até o momento, ao serem separadas de seus pais, as crianças eram designadas pelo governo como “crianças imigrantes desacompanhadas” e, por isso, levadas para abrigos sob custódia do governo, sem saber para onde seus pais foram. Imagens repetidas à exaustão pela imprensa americana mostraram crianças dentro de grades, dormindo em colchões no chão com cobertores de alumínio, o que ajudou a fazer pressão sobre Trump
A política do governo americano estabelece que imigrantes ilegais adultos tenham que responder a processos criminais. Com isso, os menores de idade que chegavam junto com seus pais eram separados e levados a abrigos sob custódia do governo.
Funcionários do Departamento de Administração trabalharam desde a manhã de ontem em uma ordem executiva para o presidente. Houve conversas contínuas entre a Casa Branca, o Departamento de Justiça e o Departamento de Segurança Interna, explicou uma fonte da CNN.
Embora o procurador-geral Jeff Sessions não tenha estado na reunião na Casa Branca pela manhã, seu chefe de gabinete esteve lá para representar o Departamento de Justiça, acrescentou a CNN.
Contra separação
Ivanka Trump, filha e assessora de Trump, pediu a seu pai para pôr fim à prática de separação de famílias na fronteira entre Estados Unidos e México, informaram meios de comunicação americanos. A Câmara americana votará amanhã um novo projeto de lei migratória que também poria fim à separação das famílias.
Ivanka não fez nenhum comentário público sobre o tema, mas Trump disse a parlamentares na reunião da noite de terça-feira que recebeu um pedido da filha em relação à questão, de acordo com a emissora CNN e o jornal "The Washington Post". Segundo o deputado Chris Collins, de Nova York, Trump contou que Ivanka havia "visto as imagens" de crianças separadas dos pais em abrigos e disse a ele que havia "muitas razões" para solucionar a crise, informou a CNN.
"(Trump) Mencionou que sua filha Ivanka o havia alertado para terminar com isso, disse que reconhece que isso deve acabar e que as imagens são dolorosas", disse o deputado Carlos Curbelo, da Flórida, à CNN. — Discutiu a ótica e a política em si, e acredito que não está confortável com o tema.
Maggie Haberman, jornalista do "The New York Times", informou no Twitter que Trump citou Ivanka dizendo: "Papai, o que estamos fazendo sobre isso?"
Rejeição internacional
O apelo de Ivanka se soma à rejeição internacional à medida de Trump, que já recebeu alertas da primeira-dama Melania e de várias outras figuras políticas. Nesta quarta-feira, além do Papa Francisco, a primeira-ministra britânica, Theresa May, classificou como perturbadoras as imagens de crianças imigrantes separadas de seus pais ao chegar aos Estados Unidos.
"As imagens da crianças detidas no que parecem ser jaulas são profundamente perturbadoras, é um erro, não é algo com que estejamos de acordo", afirmou May no Parlamento, quando foi indagada sobre a possibilidade de cancelar a visita de Trump ao Reino Unido em 13 de julho em função dessa situação. A premier, no entanto, afirmou que o convite a Trump continua de pé.
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