Prestação de contas

PCdoB não explica destino de R$ 880 mil da campanha de 2014

Partido registrou despesa de R$ 1,38 milhão, mas empresa diz que só recebeu R$ 500 mil; comunistas admitem que assumiram dívida, mas não informam destino do restante do recurso

OEstadoMA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
Documentos mostram suposta imagem de Dino.
Documentos mostram suposta imagem de Dino. (Flávio dino)

SÃO LUÍS - A tentativa do Diretório do PCdoB no Maranhão de explicar a suspeita de lavagem de dinheiro na campanha eleitoral de 2014 contém inconsistências. O partido não conseguiu explicar o destino efetivo de pelo menos R$ 880 mil usados durante as eleições daquele ano.

Segundo revelou O Estado no fim de semana, a empresa Aldo Oberdan Pinheiro Montenegro-ME, ou Aldoimagem, emitiu notas fiscais totalizando R$ 1.380.000,00 em serviços de produção de programa de rádio e TV e vídeos dos comunistas há quatro anos. A operação está assim registrada na prestação de contas comunista.

Ocorre que, segundo o proprietário, apenas R$ 500 mil efetivamente passaram pela conta da produtora.

“A nota fiscal diz que ela foi endereçada ao PCdoB. Agora não sei qual foi a atividade dessa nota né. Se foi prestado algum serviço, se não foi, essa nota. Se ele entrou mesmo em forma de nota. Porque os 800 mil não passou na conta. Só entrou a nota fiscal foi feita, foi pago o imposto”, explicou Aldo Montenegro.

Em nota, o PCdoB admite que contratou os serviços da Aldoimagem, mas garante que só pagou R$ 500 mil e que assumiu o restante da dívida.

“A empresa de fato prestou serviços para a campanha, conforme consta em contrato e na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral – e aprovada. Parte dos serviços foi paga à época e o restante consta de assunção de dívida pelo partido, tudo nos marcos da legislação eleitoral e partidária”, diz o comunicado.

Ao admitir a dívida, o PCdoB deveria apontar, então, o destino da diferença de R$ 880 mil, já que a prestação de contas atesta a entrada de R$ 1.380.000.00, e uma saída de R$ 1.380.000.00 – embora o próprio partido e a empresa contratada confirmem o efetivo pagamento de apenas R$ 500 mil.

Saque – Um extrato da conta-corrente da Aldo Oberdan Pinheiro Montenegro-ME a que O Estado teve acesso mostra que os R$ 500 mil do PCdoB foram depositados no dia 12 de agosto de 2014 e liberados pelo banco no dia seguinte.

Já no dia 14 de agosto daquele ano ocorre a primeira operação com o recurso oriundo da campanha comunista: um saque de R$ 60 mil, em espécie, na boca do caixa.

Depois disso, no mesmo dia, foram efetivadas operações totalizando mais de R$ 220 mil. No dia 15 de agosto, a empresa transferiu a terceiros mais de R$ 160 mil – só em uma transação, a primeira daquele dia, foram transferidos R$ 101 mil.

O saldo restante, de R$ 43,4 mil é retirado da conta no dia 18 de agosto.

MAIS

De acordo com as prestações de contas encaminhadas à Justiça Eleitoral, os comitês de Flávio Dino e do PCdoB, referentes à campanha de 2014, terminaram a eleição daquele ano devendo quase R$ 4 milhões. O comitê do candidato teve déficit de R$ 940 mil, e o do partido terminou a campanha devendo R$ 2,8 milhões.

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