Espaços da cidade

Reserva do Itapiracó: prestigiada à noite, apesar da fraca iluminação

Criada em 2014 pelo Governo do Estado, a área, que preserva parte da vegetação remanescente da Floresta Amazônica, é atualmente espaço para vários amantes de práticas esportivas, mas ainda tem problemas

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

[e-s001]Inaugurada em dezembro de 2014 como um ponto de preservação de um dos biomas mais importantes do planeta, a Reserva do Itapiracó, em São Luís, tornou-se rapidamente um dos locais mais frequentados na cidade por quem deseja, em especial, praticar atividades físicas. À noite, o número de pessoas que circulam pela área, de pouco mais de 322 hectares, costuma aumentar de maneira considerável. Apesar da boa procura, O Estado constatou que quem usa a reserva a partir das 19h precisa lidar com alguns problemas. Um deles é a precária iluminação em vários pontos, o que, de acordo com os usuários, eleva os riscos de assaltos.

O ponto de maior concentração à noite na reserva é o acesso ao calçadão usado por pessoas que desejam estar em dia com as atividades físicas. “Moro aqui no Solar dos Lusitanos e adoro passar por aqui para fazer a minha caminhada”, disse o motorista Marinho dos Santos. A beleza da vegetação remanescente da Floresta Amazônica, que forma a reserva e que está fixada nas cercanias do calçadão, chama a atenção de quem circula diariamente. “Eu sempre achei bonito passar por aqui e, quando posso, venho”, disse Rosário Rocha, funcionária pública e assídua frequentadora da reserva. “Saio do trabalho e venho logo para cá”, completou.

Sede da “turma dos patinadores”
Praticantes de caminhada se juntam aos amantes de modalidades radicais e usam simultaneamente a Reserva do Itapiracó. Diariamente, patinadores de várias partes da cidade costumam se reunir no local e usam o espaço para treinar suas manobras. Um desses grupos é o “Patinadores de Rua”, que agrega homens e mulheres de diferentes idades. “A gente não costuma ter espaços como esse e, para nós, a reserva [do Itapiracó] é um destes que costuma proporcionar conforto e espaço para nós. O ruim é somente a iluminação baixa”, disse Antônio Luiz, líder dos “Patinadores de Rua”.

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Para ele, faltam áreas como essa para o uso de quem quer apenas caminhar ou queimar algumas calorias. “Não há espaços como este na cidade para poder utilizar. Uma área como esta, que consegue conciliar natureza e bem-estar, é algo que precisamos valorizar”, disse. Ele esclareceu que a turma costuma se reunir à noite devido aos compromissos de trabalho.
“Como a galera trabalha durante o dia, a gente se contacta pelo WhatsApp e depois marca para vir todo mundo”, afirmou.

[e-s001]O empresário Moacir Rocha, de 50 anos, usa a Reserva do Itapiracó para andar de patins. “Comecei a andar há alguns meses, pois fazia musculação. Porém, como apresentei lesão em um dos ombros, decidi mudar de modalidade [risos]”, afirmou. Ele elogiou a estrutura da Reserva. “Gosto daqui e acho que é um espaço muito bacana para quem gosta de esporte”, declarou.

Amantes do esporte
Em outra parte da reserva, entregue no ano passado, jovens de diferentes bairros da cidade se reúnem para praticar desde vôlei, passando por futebol e até mesmo basquete. Um grupo foi até fundado: o “Vôlei do Itapiracó”. Segundo os defensores do grupo, a ideia é fomentar a prática de várias modalidades. O “Vôlei do Itapiracó” é constituído basicamente por jovens que recentemente completaram o Ensino Médio. “O espaço daqui da reserva é muito bom, tem várias qualidades. Aqui a gente pode praticar nosso esporte com tranquilidade”, disse Thaynara Simons, de 22 anos, moradora do Cohatrac e assídua frequentadora da reserva.

Apesar dos elogios, o estudante Gustavo Almeida, de 22 anos, e que também costuma jogar vôlei com os amigos no Itapiracó, disse a O Estado que a oferta de locais para a prática de esportes e outras finalidades é ainda rara. “Sem este espaço, estamos sem condições de praticar qualquer tipo de esporte em outro local próximo. Infelizmente, este é o único espaço que temos”, disse. A quadra usada pelos estudantes no Parque Itapiracó, na Reserva do Itapiracó, é motivo de reclamação. De acordo com os usuários, a área costuma inundar em dias de chuva. “Quando aqui chove, a água fica retida na quadra e nós mesmos temos que retirá-la”, disse Thaynara Simons.

[e-s001]Apesar de exemplo, espaço ambiental ainda inspira medo por sua fraca iluminação


Mesmo com os elogios feitos ao espaço por diferentes frequentadores, a atual estrutura da Reserva do Itapiracó também sofre com problemas, especialmente a noite. Vários pontos do calçadão utilizado pelos cidadãos estão sem iluminação, o que eleva os riscos de assaltos e aumenta o medo. Alguns usuários relataram que, há alguns meses, foram registrados casos de estupro no local.

Na quarta-feira (6) à noite, O Estado verificou a presença de apenas uma motocicleta com dois policiais do Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA) realizando a vigilância no local. Sobre a falta de luminosidade, usuários apontam que – caso este problema seja solucionado – o espaço seria ainda mais utiliza­do. “Tem muita gente que conheço que tem medo de passar por aqui. Teme ser assaltado. De fato, com uma área vegetal em volta, qualquer coisa o bandido joga a vítima para o lado e faz o que quiser”, disse um usuário, que preferiu não ser identificado.

Outro usuário revelou apenas a idade (27 anos), disse que é morador do Centro e que, apesar da distância entre a residência e a Reserva, usa as instalações do Itapiracó. Ele afirmou que já viu vários assaltos no trecho. “Onde fica o ponto final no calçadão eu não aconselho ninguém ir. Vocês, da reportagem, também não devem ir, não!”, afirmou.

Segundo o estudante, houve registro de estupro na reserva. “Eu mesmo já vi uma mulher saindo do matagal com a roupa toda rasgada. Ajudei a moça, que estava bem assustada. Isso foi há alguns meses. Essa escuridão aqui dá medo”, disse.
Ele opinou sobre a pouca vigilância. “Tendo apenas uma motocicleta é pouco. Deveria ter mais”, disse.
Sobre a vigilância na Reserva do Itapiracó, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP) informou que a Polícia Militar realiza constantemente “policiamento preventivo e ostensivo” no local. De acordo com a pasta, apesar dos ca­sos de violência retratados na reserva, as rondas são “realizadas por vinte e quatro horas e reforçadas nos horários de maior fluxo de frequentadores”.

A Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp) informou, em nota, que realiza a manutenção dos pontos de luz na Reserva do Itapiracó, e que vai encaminhar equipe para avaliar e fazer as correções necessárias na iluminação pública do local. A Semosp comunicou que solicitações de manutenção na rede de iluminação pública po­dem ser feitas por meio do número 0800 284 8082.

A secretaria ressaltou ainda que está desenvolvendo ações para modernização e expansão do parque de iluminação pública da capital maranhense, com a substituição das luminárias com luz amarela por outras com luz branca, que possui – de acordo com a pasta - “luminosidade muito mais eficiente e são mais econômicas”.

SAIBA MAIS

Investimento

A Reserva do Itapiracó foi criada a partir de recursos oriundos do Fundo Estadual de Unidades de Conservação, criado em 2012.

Números

322 hectares é a dimensão total da Reserva do Itapiracó
2014 foi o ano de criação da reserva
0800 284 8082 é o telefone para solicitações relativas à iluminação pública em São Luís

Fontes: Governo do Maranhão e Prefeitura de São Luí

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