Desabastecimento

Falta de produtos provoca prejuízos e transtornos

Boxes da Ceasa-MA estão fechados, por falta de mantimentos; supermercados estão no limite; caminhoneiros mantêm bloqueio em 12 trechos de rodovias federais; aeroporto de Imperatriz ficou sem combustível ontem

Daniel Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31

[e-s001]Frutas, legumes e hortaliças comercializados na Central de Abastecimento do Maranhão (Ceasa-MA), que estão danificados com a ação do tempo, deixaram de ser doados para instituições beneficentes, pois são as únicas opções para os consumidores. Comerciantes informaram a O Estado que esses produtos são os que estão disponíveis até o momento, devido aos desabastecimento ocasionado pela paralisação dos caminhoneiros, que hoje chega ao seu décimo dia. A categoria exige que o Governo Federal reduza o preço do litro do diesel.

“Eu tenho cebola aqui no estabelecimento porque estoquei há um tempo. Esse tipo de cebola demora a se estragar. Mas estão faltando diversos legumes, como batata, por exemplo. Folhagens têm ainda por causa da agricultura familiar, produzida aqui mesmo na Ilha. A situação está complicada”, relatou Adriano Macedo, que trabalha há mais de 15 anos em um dos boxes da Ceasa-MA.

A pedagoga Rita Rosa da Silva procurava legumes para fazer uma sopa para o neto, ontem. “A qualidade dos legumes não está muito boa. Está péssimo encontrar algum produto”, comentou. “Estou tentando comprar limões e coco. O coco encontrei, mas o limão está difícil”, denunciou a funcionária pública Shirley Martins.

“Boxes aqui da Ceasa estão fechados porque não têm mercadorias. Como consequência disso, os comerciantes deixam de faturar. Hoje já tem mais de oito dias que estamos nessa situação. Caminhões estão parados em diversas barreiras. Muito preocupante essa situação da Ceasa. Quando a paralisação dos caminhoneiros terminar, ainda vai demorar um tempo para a Ceasa voltar a funcionar normalmente”, explicou Milton Gadelha, presidente do setor de Cohortifruti da central.

O Estado registrou, na manhã de ontem, um caminhão carregado de abóbora sendo descarregado. Certa quantidade do legume estava danificada e alguns apodrecidos. De acordo com um comerciante, o caminhoneiro só conseguiu chegar à Ceasa-MA porque furou bloqueios e quase foi agredido por outros caminhoneiros.

“Fui à Ceasa na segunda-feira e vi que muitos boxes estavam fechados. Além disso, alguns produtos estavam em um preço mais caro. Estou me sentindo prejudicada, porque não estou conseguindo adquirir mantimentos para trabalhar”, lamentou Karol Barros, empresária de uma loja que comercializa doces e salgados na Cohama.

Em um supermercado situado no Cohatrac IV, em São Luís, a falta de abastecimento de novos mantimentos já refletia nas prateleiras e gôndolas. Ovos, pães, verduras como cebola e pepino já estavam quase no fim, assim como o tomate. No freezer do estabelecimento, também havia poucas unidades de alguns refrigerantes e cervejas.

Caminhoneiros continuam com os bloqueios em Rodovias Federais que cortam o Maranhão. Até às 9h30 de ontem, 12 interdições foram registradas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). O Estado constatou que na BR-135, na capital maranhense, não há bloqueios, mas caminhoneiros estão concentrados no Km-5 da rodovia.

[e-s001]Postos
Na manhã de ontem, dois postos de combustíveis, no Anjo da Guarda, estavam sendo abastecidos por caminhões-tanque. “Estamos recebendo 15 mil litros de gasolina neste momento. Diesel ainda está em falta. Hoje está sendo normalizado aos poucos o nosso estoque. No último domingo, não estávamos enchendo o tanque dos veículos que vinham abastecer, para não faltar para outras pessoas”, revelou Cristiane Cabral, gerente de um posto de combustíveis no Anjo da Guarda.

O tenente-coronel Marcus Vinícius, comandante do 24° Batalhão de Infantaria de Selva (BIS), informou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) ainda não havia solicitado a presença de soldados do Exército para apoiar nas desobstruções de trechos das rodovias federais. “Na última segunda-feira, 28, o Exército, em apoio à PRF, escoltou o camboio e desbloqueiou a BR-135, garantindo a passagem de aproximadamente 70 caminhões para abastecer o interior do Maranhão e os estados do Piauí e do Pará”, relatou o comandante.

Ainda de acordo com o coronel, durante a ação conjunta da PRF e do Exército, os manifestantes soltaram rojões e lançaram pedras para tentar impedir a passagem do comboio. “Houve o uso moderado da força para garantir o abastecimento no interior do estado”, finalizou.

Os 12 pontos bloqueados :

Timon - BR 316, km 610 Em frente ao Posto de Combustível Cinco estrelas
Imperatriz - BR 010, km 246. Em frente ao posto Vale do Sol
Cidelândia - BR 010, km 299,5 Trecho Seco Próx a entrada de São Francisco do Brejão
Em Governador Edson Lobão/MA, BR 010, km 225 – Localidade Ribeirãozinho
Açailândia - BR 222, Km 663, Pequiá Próx. do posto Fiscal
Estreito - BR 010, km 131
Grajaú - BR 226, km 413
Balsas - BR 230, km 396 Posto de Combustível Paizão em Balsas
Balsas - BR 230, km 406 Próx à entrada da UNIBALSAS
São Domingos do Azeitão - BR 230, km 216
Caxias – BR 316, km 535 e 544

Fonte: PRF MA

SAIBA MAIS

Transporte público:
Em São Luís, 90% da frota de ônibus circularam ontem, devido ao impasse para conseguir combustível, de acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte (SET).

Aeroporto
De acordo com informações no site da Infraero, o Aeroporto Internacional Marechal Hugo da Cunha Machado, situado em São Luís, opera normalmente, e o nível de combustível é estável no momento. Já no Aeroporto Renato Moreira, em Imperatriz, não há abastecimento de combustível.

Estabelecimentos de ensino
O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado do Maranhão (Sinepe/MA) comunicou, em nota, que a decisão sobre a suspensão ou não das atividades letivas, em decorrência da paralisação dos caminhoneiros, é exclusivamente da diretoria de cada instituição, que deve avaliar suas condições e particularidades. O diretor deve estar ciente de que a reposição dos dias paralisados deverá ser efetivada de acordo com o calendário de cada instituição de ensino. A diretoria do Sinepe/MA entende que não cabe ao sindicato, determinar ou sugerir a suspensão das aulas, mesmo sabendo das dificuldades vivenciadas. O sindicato está vigilante para acompanhar o processo e orientar as instituições de ensino no que for pertinente às atribuições do Sinepe/MA.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.