Suja e rara

Caema distribui água de qualidade duvidosa para bairros da cidade

Moradores de bairros como Monte Castelo, Coroadinho, Santa Cruz, Radional, Santo Antônio e João Paulo reclamaram da má qualidade no abastecimento

Igor Linhares / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31

SÃO LUÍS - Vários bairros de São Luís que tiveram abastecimento de água na manhã de ontem, 22, receberam o líquido em estado de turbidez, deixando moradores apreen­sivos e duvidosos quanto ao uso e a qualidade da água oferecida pela Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema).

“A água chegou suja, barrenta e nojenta. Não dá nem para lavar louça. Além de ter vindo suja e com mau cheiro, veio fraca. Só serviu para colocar no vaso do banheiro”, declarou Maria da Paz, de 66 anos, moradora do Coroadinho. “A gente paga todo mês e ainda não presta. Só estou cozinhando porque estoquei de outro dia, em que veio limpa. Para banhar, eu aparei água da chuva [de ontem]”.

Moradores do Monte Castelo dizem que a água oferecida pelo Sistema Italuís só está abastecendo as áreas mais baixas do bairro, pois, como está fraca, fica difícil chegar a todas as casas, principalmente as que ficam em locais mais altos. “Tem local aqui em que ainda não está dando água depois das obras [da nova adutora], porque está vindo fraca”, declarou o assessor parlamentar José Carlos Martins dos Santos. Ele disse, ainda, que não confia na qualidade da água da oferecida pela Caema. “A água não serve nem para tomar banho. Para beber e cozinhar, a gente tem que comprar os garrafões de água”.

Nos bairros Santa Cruz, Radional e Santo Antônio, moradores receberam o líquido completamente barrento, tiveram água nas torneiras por um curto prazo - como é recorrente em outros dias - e reclamaram que o abastecimento não foi restabelecido após a obra de interligação à nova adutora do Sistema Italuís, ocasionando a falta de água em algumas residências.

No bairro do João Paulo, a situação não foi diferente. O universitário Efraim Leiver, morador do bairro, disse que não é a primeira vez que a situação acontece e que o abastecimento é feito com a água em tal estado. “Todas as vezes em que eles [os técnicos da Caema] fazem manutenção, a água, além de não voltar no prazo que eles estabelecem, volta assim, sempre suja, com a cor turva”. O jovem declarou, ainda, não confiar na qualidade da água, mas disse que é a única que se tem para uso doméstico.

O controle de qualidade da água é uma das obrigações da Caema e deve ser efetuado nos mananciais superficiais, desde a captação até os locais estratégicos da Rede de Distribuição. É obrigação da companhia, também, garantir que a água esteja nos padrões de potabilidade para consumo humano.

Sobre a coloração da água, a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) informou, em nota, que tal situação é normal devido ao grande volume e força da água, que, ao chegar aos reservatórios, causa agitação e, consequentemente, a turbidez. A Companhia está monitorando todos os locais em que a água está com coloração e realizando testes bacteriológicos e físico-químicos, para garantir a qualidade da água em toda a cidade.

A Caema informou ainda que a terceira bomba da nova adutora iniciou funcionamento na tarde de segunda-feira, 21, e a partir de então a cidade conta com o acréscimo de 30% na vazão, o que representa 500 litros por segundo a mais na operação. A Companhia está trabalhando nos ajustes necessários para que a água seja distribuída de modo a melhorar o abastecimento da capital.

SAIBA MAIS

A adutora do Sistema Italuís passou por vários problemas nos últimos anos: em dezembro de 2017, a instalação de uma nova tubulação foi iniciada, mas houve vazamento três dias depois, deixando vários bairros de São Luís sem água por seis dias. A Caema já contabilizou pelo menos 36 rompimentos na adutora antiga do Sistema Italuís, o último deles registrado no dia 29 de abril. Após tantos rompimentos e má qualidade no abastecimento de água a mais de 600 mil pessoas que necessitam do Sistema Italuís para garantir água em suas residências, a Caema resolveu realizar a interligação à nova adutora, paralisando mais uma vez o abastecimento em 159 bairros da capital, entre os dias 16 e 19 deste mês.

Nova adutora

A interligação da nova adutora deverá representar uma melhora significativa no abastecimento dos 600 mil moradores de 159 bairros que são atendidos pelo Italuís, colocando fim às frequentes interrupções causadas por vazamentos na antiga estrutura.

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