Criminalidade

Bandidos fazem da zona rural de São Luís uma terra sem lei

Assaltos a pedestres e coletivos, invasões de residências e assassinatos são ocorrências registradas com frequência; polícia diz que violência na região cresceu por causa da construção de condomínios do Minha Casa, Minha Vida

Ismael Araújo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
Estabelecimento comercial e residências fechados devido à falta de segurança no bairro Pedrinhas
Estabelecimento comercial e residências fechados devido à falta de segurança no bairro Pedrinhas (Pedrinhas)

SÃO LUÍS - A criminalidade continua predominando na zona rural da capital, principalmente na Estiva e bairros adjacentes. Os assaltos a pedestres, coletivos, e a residências, além dos assassinatos estão entre as ocorrências com registros frequentes no 12º Distrito Policial, que abrange essas localidades. Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) revelam que somente este mês ocorreram três mortes violentas nessa região de São Luís. Entre esses casos, dois foram latrocínios (roubo seguido de morte).

O advogado Amandio Duarte, de 23 anos, informou ontem a O Estado que foi agredido fisicamente e ainda assaltado por dois bandidos encapuzados e fortemente armados na entrada da capital, nas proximidades da Eletronorte, área do Parque Industrial, na noite da última segunda-feira. Os bandidos, inclusive, levaram um processo judicial que está na fase de recurso. “Não pensei em reagir ao assalto, pois fiquei com receio de perder a minha vida”, desabafou Amandio Duarte.

Ele disse ainda que o seu veículo, um Corola preto, teve os pneus danificados pelos vergalhões que são jogados pelos criminosos no leito da rodovia. Ao descer do carro para verificar o que havia acontecido, acabou sendo abordado. Os assaltantes saíram do matagal e colocaram uma arma de fogo na sua cabeça. Em seguida, eles revistaram o carro e fugiram com os objetos de valor e até mesmo com uma quantia em dinheiro.

O advogado declarou que ainda ontem comunicou o caso na Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Maranhão (OAB/MA) e registrou uma ocorrência na Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), na Vila Palmeira. “O fato foi comunicado a polícia para tomarem as devidas providências”, afirmou Amandio Duarte.

Assassinatos

Também na noite de segunda-feira, 14, segundo a polícia, dois criminosos invadiram a residência de Wanderson Rodrigues Brandão, de 18 anos, no povoado Mangue Seco, área do bairro Pedrinhas, com o objetivo de roubar. Os bandidos, além de levarem celulares, televisão e um aparelho de som, mataram a tiros o proprietário do imóvel.

O outro caso de latrocínio ocorreu no último dia 8 no bairro Estiva e teve como vítima Raimundo Nonato dos Santos Sousa, de 68 anos. Já no dia 10, um homem não identificado foi assassinado a tiros por criminosos, no bairro Pedrinhas. O caso está sendo investigado pelas equipes do 12º Distrito Policial e da Superintendência Estadual de Homicídios e Proteção a Pessoas (SHPP).

Medo

Os moradores da zona rural vivem com medo. No bairro Pedrinhas, por exemplo, é comum encontrar ruas desertas. Nas proximidades do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, a maioria dos pontos comerciais está fechada e muitos utilizam grades de ferro. Várias residências com placas de venda ou aluguel.

Ainda é possível observar alguns imóveis abandonados e as paredes com mensagens ameaçadoras deixadas por integrantes de facções criminosas. Um comerciante, que não se identificou, disse que os assaltos em via pública ocorrem diariamente e a noite é arriscado sair de casa.

Outro morador, que também não se identificou com receio de sofrer algum tipo de represália, declarou que as facções criminosas estão impondo ordem na localidade e muitos de seus vizinhos estão abandonando o bairro para não se tornarem mais uma vítima dessa onda de violência.

Combate

O delegado do 12º Distrito Policial, Luigi Conte, concedeu, ontem, entrevista à Rádio Mirante AM e informou que as principais ocorrências da zona rural continuam sendo roubo e homicídio. Essa onda de violência aumentou nessas localidades após a construção dos conjuntos residenciais do programa federal Minha Casa, Minha Vida.

Segundo o delegado, parte dos moradores desses residenciais tem ligação com algum membro de uma facção criminosa e a maior quantidade de roubos nessas áreas é realizada por criminosos que residem em outras localidades da Ilha.

Luigi Conte disse, também, que a Polícia Civil e a Polícia Militar estão desenvolvendo ações de combate a criminalidades juntas e vários criminosos, inclusive líderes de ações criminosas foram presos. “Recentemente conseguimos prender alguns criminosos, principalmente aqueles que estavam agindo na Estiva, Vila Nova República e Quebra-Pote”, declarou o delegado.

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