Um esgoto exposto e pontos de descarte de lixo no bairro Jambeiro, em São Luís, vem causando transtornos aos moradores. Serviços da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) e Prefeitura foram solicitados pela comunidade, mas até o momento nenhuma medida foi tomada.
O esgoto estourado que se acumula na Rua da Alegria seria proveniente, principalmente, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e há anos é despejado livremente pelo bairro, de acordo com os moradores. “É sempre esse transtorno aqui. Às vezes, a gente quer sair na porta e o tempo todo é essa água escorrendo aqui”, relatou o estudante Danilo Rodrigues, de 19 anos.
O estudante contou que durante o último contato dos moradores com a Caema, foi informado que um serviço de desobstrução das tubulações seria realizado no bairro, mas até o momento nada foi feito.
Foi relatada ainda a presença de animais, como jacarés e cobras na água de esgoto empoçada na rua. “De vez em quando sai jacaré e fica andando aqui pela rua”, afirma o vigilante Leandro Silva, de 29 anos.
O perigo é diário e se torna ainda maior nos dias de chuva, quando a água costuma invadir as casas. Um dos moradores relatou que anteriormente havia uma vala na rua, que foi reformada e aterrada pela Prefeitura, mas não resolveu o problema. “A água invade a casa, as pessoas têm de passar levantando a calça, uma calamidade total. Já teve gente que caiu e bateu a cabeça. No tempo de eleição passa governador, prefeito, entregando folheto, mas na hora que se está precisando mesmo, o poder público não vem”, ressaltou Rosimário Carvalho, de 20 anos, morador da Rua da Alegria.
Além do esgoto, pontos irregulares de descarte de lixo são comuns pelo bairro. Na Avenida Contorno, resíduos são levados de outros bairros e despejados na via. “Vem carroceiro da Vila Embratel e joga lixo aqui”, afirmou a aposentada Maria da Conceição, de 62 anos.
A pescadora Vitória Pereira, de 60 anos, moradora do bairro há 38 anos, conta que essa realidade não é nova. “Desde quando começou o bairro, começou esse lixão aí. Quando chove, o lixo entope bueiro e entra na casa da gente. Ninguém suporta, tem dia que os urubus faltam carregar a gente”, ressaltou.
Os moradores afirmaram que há coleta de lixo, mas não regularmente, devido a isso, a população acaba jogando resíduos de todos os tipos nos pontos de descarte que já se tornaram comuns na avenida.
O Comitê Gestor de Limpeza Urbana informou, em nota, que a coleta no bairro Jambeiro acontece toda terça-feira, quinta-feira e sábado no período diurno e conta com a população para que ela faça o descarte do seu lixo domiciliar conforme os dias e horários de coleta no bairro. O órgão também pede o apoio da população para combater o descarte irregular de resíduos. O Comitê ressalta ainda que irá reforçar o monitoramento no local, buscando identificar a origem de descargas irregulares e possíveis falhas na coleta.
O Estado manteve contato com a Caema, mas até o fechamento desta edição, não obteve resposta.
SAIBA MAIS
Relatório da Agência Nacional de Águas mostra que 27% da população brasileira não tem acesso a tratamento e coleta de esgoto, e tampouco fossa séptica. Além disso, apenas 14% das cidades brasileiras retiram pelo menos 60% de matéria orgânica da água, o mínimo exigido por resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente ( Conama). Os atlas de esgotos e despoluição de bacias hidrográficas, da ANA, analisaram 5570 municípios brasileiros quanto ao esgotamento sanitário e a disponibilidade de recursos hídricos. Não foram consideradas áreas rurais. O relatório aponta que apenas 39% da carga orgânica gerada diariamente no país é removida com a infraestrutura de tratamento de esgotos. A carga orgânica é considerada poluidora e inclui, dentre outros poluentes, fezes e urina.
Doenças relacionadas à falta de saneamento básico
São causadas principalmente por microrganismos patogênicos de origem entérica, animal ou humana:
Febre Tifóide: Doença infecciosa se caracteriza por febre contínua, mal-estar, manchas rosadas no tronco, tosse seca, prisão de ventre mais freqüente do que diarréia e comprometimento dos tecidos Linfóides. Agente Etiológico: Salmonella Typhi, bactéria gram negativa. Modo de Transmissão: doença de veiculação hídrica, cuja transmissão se dá através da ingestão de água e moluscos, assim como do leite e derivados, principais alimentos responsáveis pela sua transmissão. Outros alimentos, quando manipulados por portadores, podem veicular a S. typhi, inclusive sucos de frutas. Prazo de Incubação: Em média, 2 semanas.
Febre Paratifóide: Infecção bacteriana que se caracteriza por febre contínua, eventual aparecimento de manchas róseas no tronco e comumente diarréia. Embora semelhante à Febre Tifóide, sua letalidade é muito mais baixa.
Shigeloses: Infecção bacteriana aguda, principalmente no intestino grosso caracterizada por febre, náuseas e as vezes vômitos, cólicas e tenesmo (sensação dolorosa na bexiga ou na região anal). Nos casos graves as fezes contém sangue, muco e pus.
Sinonímia: Disenteria Bacilar Agente Etiológico: bactérias gram negativas do gênero Shigella, constituidos por quatro espécies: S. dysenteriae (grupo A) , S. flexnere (grupo B), S. boydii (grupo C) e S. sonnei (grupo D) Modo de Transmissão: a infecção é adquirida pela ingestão de água contaminada ou de alimentos preparados por água contaminada. Também foi demonstrado que as Shigelas podem ser transmitidas por contato pessoal. Período de Incubação: varia de 12 á 48 horas.
Cólera: Doença intestinal bacteriana aguda, caracteriza-se por diarréia aquosa abundante, vômitos ocasionais, rápida desidratação, acidose, câimbras musculares e colapso respiratório, podendo levar o paciente a morte em um período de 4 a 48 horas (casos não tratados).
Hepatite A: Início geralmente súbito com febre, mal-estar geral, falta de apetite, náuseas, sintomas abdominais seguido de icterícia. A convalescença em geral é prolongada e a gravidade aumenta com a idade, porém há recuperação total sem sequelas. A distribuição do vírus da Hepatite A é mundial; porém em locais onde o saneamento é deficiente, a infecção é comum e ocorre em crianças de pouca idade.
Amebíase: Infecção causada por um protozoário parasita que está presente em duas formas: como cisto infeccioso, resistente e como trofozoíto, mais frágil e potencialmente invasor. O parasita pode atuar de forma comensal ou invadir os tecidos, originando infecções intestinais ou extra-intestinal.
Giardíase: Frequentemente assintomática, pode também está associada a uma diversidade de sintomas intestinais: diarréia crônica, esteatorréia, cólicas abdominais, eliminação de fezes esbranquiçadas gordurosas e fétidas, fadiga e perda de O primeiro sinal da infestação freqüente é a presença de vermes vivos nas fezes ou ressurgidos.
Sinonímia: Infecção por Ascaris: Agente Etiológico: Ascaris lumbricoides, ou lombriga. Modo de Transmissão: ingestão dos ovos infectantes do parasita, procedentes do solo, água ou alimentos contaminados com fezes humanas. Período de Incubação: de 4 a 8 dias, tempo necessário para completar o ciclo vital do parasita.
Leptospirose: Agente Etiológico: Leptospira interrogans.
Modo de Transmissão: ingestão de água ou alimentos contaminados com a urina do rato.
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