Matriarca do samba

Corpo de Dona Ivone Lara é enterrado sob aplausos no Rio

Sambista morreu por conta de um quadro de insuficiência cardiorrespiratória. Antes do enterro, parentes, amigos e fãs prestaram homenagem na quadra do Império Serrano

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
A cantora Alcione ao lado do caixão com o corpo da sambista Dona Ivone Lara
A cantora Alcione ao lado do caixão com o corpo da sambista Dona Ivone Lara (A cantora Alcione ao lado do caixão com o corpo da sambista Dona Ivone Lara)

RIO - O corpo de Dona Ivone Lara foi enterrado no final da tarde de ontem no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A sambista morreu na noite de segunda-feira,16, por conta de um quadro de insuficiência cardiorrespiratória.

Dona Ivone Lara estava internada desde sexta-feira,13, no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI) da Coordenação de Emergência Regional (CER), no Leblon, na Zona Sul.

Os sucessos da carreira da cantora e compositora embalaram o velório e o enterro. Na saída do cemitério, fãs e amigos cantaram "Aquarela Brasileira", como uma última homenagem ao Império Serrano, escola do coração da dama do samba, como era conhecida.

No velório, parentes, amigos e fãs fizeram uma roda de samba onde cantaram os maiores sucessos de Dona Ivone Lara e outros sambas clássicos. O caixão, colocado no meio da quadra, recebeu a bandeira do Império e do América, time de coração da sambista.

Despedida emocionada

O corpo de Dona Ivone Lara deixou a quadra da escola por volta das 16h com muitos aplausos e ao som de um dos seus maiores sucessos: Sonho Meu e Acreditar.

A cantora Alcione falou do legado da sambista e chamou Dona Ivone de "matriarca do samba". Os netos da sambista também celebraram a carreira da avó mesmo em um dia de tristeza. Maria Bethânia gravou um áudio em homenagem a Dona Ivone Lara. Martinho da Vila e Teresa Cristina estiveram no cemitério.

"Ao mesmo tempo que é um dia de muita tristeza, temos que celebrar essa carreira maravilhosa. Minha avó foi um ser de luz. Ela era muito humilde, às vezes não tinha noção dessa representatividade dela para a música e para o país. É muito orgulho para mim (ser neto)", disse André Lara.

Segundo ele, as composições inéditas da avó devem ser recuperadas. "Ela sempre compôs e teve muitos parceiros. São coisas que não foram gravadas, músicas que foram resgatadas e finalizamos. Se Deus quiser, vamos tirá-las do baú".

Alfredo Lara, filho de Dona Ivone, diz que ela precisou vencer barreiras até mesmo em casa. "Ela ia no samba mas não frequentava, meu pai ficava com ciúme. Quando viu que era a carreira que ela queria seguir, e que todo mundo elogiava, ele aceitou".

Sem perder a essência

O sambista e amigo Marquinhos de Oswaldo Cruz afirmou que Dona Ivone Lara fez história. "Ela conseguiu ser a maior compositora da história do país, não só do samba. Do país, e sem perder a essência do morro. Ninguém queria entrar no palco depois dela no final dos anos 90. Ela levantava o povo", afirmou Marquinhos.

Dona Ivone Lara já vinha apresentando um quadro de anemia e precisou receber doações de sangue. O estado de saúde dela já era considerado bastante grave. No hospital, a família comentou a morte da sambista.

"Ela estava sempre procurando um caderninho pra escrever uma música, estava sempre cantarolando pro neto. Até a última semana ela estava superbem, com a cabeça ótima. Ela estava muito fraquinha, mas a cabeça estava ótima", contou a nora Eliana Lara Martins da Costa.

Segundo o colunista Mauro Ferreira, Dona Ivone Lara morreu aos 96 anos e não aos 97 anos, como informam quase todas as fontes, pois nasceu em 1922, não em 1921. A data de 1921 foi forjada pela mãe da artista em 1932 para que ela pudesse ser admitida em colégio interno, cuja idade mínima para o ingresso era 11 anos.

O ano de 1921 passou a constar até nos documentos de Ivone, mas ela nasceu de fato em 13 de abril de 1922. Essa questão já foi esclarecida na biografia de Ivone.

Conhecida como a “Grande Dama do Samba”, ela nasceu em família de amantes da música popular e enfrentou o preconceito por ser mulher e sambista. Seu maior sucesso é “Sonho meu”, música que estourou nas paradas de sucesso com Maria Bethânia e Gal Costa.

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