Eleições 2018

Com histórico de traições e ingratidão, Flávio Dino chega esvaziado ao processo eleitoral

Comunista enfrenta o ressentimento de lideranças que o ajudaram desde a primeira eleição, em 2006, e tiveram dele apenas o desprezo quando no comando do governo

Marco Aurélio D''Eça - Editor de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32
Flávio Dino tem histórico marcante de traições em sua trajetória
Flávio Dino tem histórico marcante de traições em sua trajetória (Traição)

O governador Flávio Dino (PCdoB) vai chegar ao processo eleitoral de outubro com uma pecha incômoda: a de ingrato e traidor daqueles que o ajudaram a chegar ao poder. O afastamento do ex-governador José Reinaldo Tavares (sem partido), que ajudou a criar o Dino político, foi apenas o mais recente na crescente lista de ressentidos com o tratamento que receberam do comunista ao longo de seus anos no poder estadual.

Além de Tavares, a lista de vítimas da ingratidão de Dino inclui o ex-governador Jackson Lago (PDT), o senador Roberto Rocha (PSDB), o deputado federal Waldir Maranhão (Avante), o ex-ministro Edison Vidigal, o ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB), o deputado estadual Eduardo Braide (PMN), o empresário Dedé Macedo, e diversos outros políticos que, de uma forma ou e outra, contribuíram para transformar o ex-juiz federal, praticamente desconhecido do eleitorado maranhense, em liderança política hoje ocupante do Palácio dos Leões. (Veja quadro nesta página)

Todos estes líderes têm uma queixa comum; e um culpado na relação ingrata do governador comunista: seu lugar-tenente, homem forte do governo e principal secretário, Márcio Jerry. Para todos, Jerry isola Flávio Dino e o influencia a gestos de traição contra todos que trabalham a seu favor. Nesta galeria estão José Reinaldo e a família de Jackson Lago, morto em 2011.

Outros, com Eduardo Braide e Sebastião Madeira, preferem ver o problema no comportamento do próprio Flávio Dino, tido por autoritário e incapaz de ouvir senões às suas idéias. “O que todo mundo já sabe é que Flávio Dino é um ditador”, disse Braide, em debate sobre aprovação e projetos na Assembleia Legislativa.

“Ele só convive com quem diz amém, com labigó. Qualquer político que tenha um mínimo de independência, ele descarta. Veja o governador Zé Reinaldo, ele foi o responsável pela entrada do Flávio na política, pois ele não tinha um voto no Maranhão”, completou Sebastião Madeira.

As manifestações públicas que vêm ocorrendo são de lideranças que foram traídas por Dino ou decidiram se afasta dele por causa de sua postura ingrata. Mas há quem ainda se mantenha no governo, ressentido, com mágoa do tratamento recebido desde que o PCdoB hegou ao poder no Maranhão.

Mas a porteira aberta por José Reinaldo deve forçar a esses incógnitos também se manifestar ao longo da campanha eleitoral. O que pode trazer inúmeras dores de cabeça para o governador e seus aliados mais próximos.

COLEÇÃO DE TRAÍDOS

Como Flávio Dino tratou cada um que o ajudou

José Reinaldo Tavares: o ex-governador foi o responsável por introduzir o ex-juiz na vida política; e articulou também pela sua eleição de governador. Em troca, Dino o humilhou durante quatro anos, em seu sonho de tornar-se senador, até o afastamento recente;

Jackson Lago (PDT): O ex-governador aceitou o comunista em sua chapa, em 2006, fazendo dele deputado federal. Quatro anos depois, Flávio Dino saiu candidato a governador; e trabalhou contra a campanha de Jackson, para tomar seus votos.

Roberto Rocha (PSDB): Eleito na chapa de Dino em 2014, o senador esperou participação efetiva no governo comunista. Foi ignorado e esvaziado por Dino, até se afastar definitivamente, atraindo mais ataques da mídia comandada pelo Palácio.

Sebastião Madeira (PSDB): O ex-prefeito de Imperatriz decidiu se afastar da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) para apoiar Dino em 2014, dando-lhe 80% dos votos na região tocantina; em troca, recebeu de Dino uma série de perseguições ao seu governo.

Eduardo Braide (PMN): Líder do governo na primeira metade do mandato comunista, o deputado decidiu sair candidato a prefeito, atraindo a ira do Palácio dos Leões, que usou toda a mídia alinhada para desconstruir a imagem do adversário do prefeito Edivaldo júnior (PDT);

Waldir Maranhão (Avante): o deputado federal passou ridículo nacional ao atender os pedidos do governador maranhense no debate do impeachment de Dilma. Hoje, sequer é recebido pelo comunista para tratar da promessa e apoiá-lo ao Senado.

Dedé Macêdo (PDT): o empresário pecuarista bancou as campanhas eleitorais de Flávio Dino em 2010 e 2014; depois de eleito, Flávio Dino proibiu até a entrada dele no Palácio dos Leões, e ainda tentou tirá-lo da chapa do ex-governador José Reinaldo ao Senado.

Neo-dinistas são tratados com desconfiança

Lideranças que aderiram ao governo ao longo do mandato de Dino vivem ás voltas com deboches e piadinhas nos corredores do Palácio dos Leões

Não bastasse o tratamento de desprezo com os que o apoiaram nas primeiras campanhas para chegar onde chegou, o governador Flávio Dino – e seu lugar-tenente Márcio Jerry – demonstram absoluta desconfiança com aqueles que decidiram aderir ao governo após chegada ao poder.

Nesta lista estão lideranças estaduais, como o ex-ministro Gastão Vieira (Pros), o deputado federal Pedro Fernandes (PTB), o prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva (PSDB), e vários deputados estaduais, entre eles o próprio líder governista, Rogério Cafeteira (PCdoB), cujo histórico de adesismo a todos os ocupantes do Palácio dos Leões é ridicularizado nas rodas mais próximas a Flávio Dino.

Cabe ao lugar-tenente do governador, Márcio Jerry, a missão de “filtrar” a chegada de ex-oposicionistas. E nas entrelinhas do seu discurso, o secretário faz questão de alfinetar esses neo-dinistas, tratando-os como dependentes do governo.

Foi o que fez, por exemplo, com Gastão Vieira. “O Gastão tem uma estatura política e, como tal, foi recebido no nosso grupo com a importância que ele tem. Não o queremos apenas como um emblema do grupo adversário, queremos dar a ele a importância que ele merece”, destacou Jerry, em recente entrevista ao jornalista Gilberto Léda. A declaração foi vista nos meios políticos como deboche a Viera. O ex-ministro não comentou.

Buchas

A formação das coligações que devem embalar o projeto de manutenção do poder comunsita também privilegia apenas os alaidos mais próximos de Dino e Jerry. A montagem da união de partidos é feita para beneficiar candidatos ligados à dupla. Os demais, terão que se virar, as chamadas buchas de canhão, usadas para favorecer a vitória de outros.

A deputada federal Eliziane Gama, por exemplo – outra a manter relação de idas e vindas com Diuno desde 2006 – está sendo incensada a disputar o Senado porque o Palácio entende que ela perderá para o projeto comunista de eleger um senador. Mesmo assim, ela pretende seguir em frente com a candidatura.

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