Criminalidade

Membros de facções de outros estados instalam pânico na Ilha

Assassinatos, roubo, venda de drogas, tiroteios são praticados pelos membros de facções que deixam seus estados para ocupar a capital; famílias foram expulsas de suas residências na Ilha, segundo a polícia, por “faccionados”

Ismael Araújo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Quinze famílias foram expulsas da Rua do Futuro, na Vila Embratel, no mês de março deste ano
Quinze famílias foram expulsas da Rua do Futuro, na Vila Embratel, no mês de março deste ano (Rua do Futuro)

Pelo menos seis localidades da Ilha de São Luís estão sob o comando de integrantes de facções criminosas, onde predominam a ocorrência de tiroteios, roubos, homicídios, latrocínios e a venda de drogas. Muitas famílias “de bem” foram expulsas de suas residências, sob a pressão de serem mortas pelas mãos de criminosos, segundo a polícia.
O delegado da Polícia Civil, Carlos Damasceno, declarou que o condomínio inacabado, localizado no Bequimão, em uma área conhecida como Poeirão, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no momento, é comandado por integrantes de uma facção criminosa oriunda do Rio de Janeiro. Um dos líderes desse bando, o ex–presidiário Luan Alexandre da Silva, de 23 anos, foi preso durante uma operação integrada das Polícias Militar e Civil, com a participação do Corpo de Bombeiros Militar e da equipe do Centro Tático Aéreo (CTA), na última quinta-feira, 23.
Em poder desse criminoso, a polícia apreendeu uma pistola 380 e uma quantidade de maconha. O delegado informou que durante esse cerco policial foram apreendidas uma balança de precisão, munições de calibres diversos e roupas possivelmente utilizadas em assaltos na Ilha.

Condomínio do Poeirão
Carlos Damasceno também afirmou que esse condomínio começou a ser construído no ano de 2005 com recursos do programa federal Promorar e a Prefeitura pretende terminar a obra do condomínio por meio do programa Minha Casa, Minha Vida.
Ainda segundo o delegado, no momento, 237 famílias ocupamos apartamentos, e possivelmente, podem ter ligação com faccionados. “Esse condomínio foi invadido primeiramente por integrantes de uma facção criminosa do Rio de Janeiro e, logo após, foram morar pessoas de bem, mas, permitidas pelos faccionados”, afirmou Carlos Alberto Damasceno.

Pavor
O clima de medo continua instalado na Vila Funil, por causa das ações ilegais, de acordo com a polícia, cometidas por uma facção criminosa também proveniente do Rio de Janeiro. No Maranhão, essa organização criminosa tem como chefe, Marcos Antônio Rodrigues Correa, o Marquinhos Satã, que foi preso no último dia 1º, durante uma incursão policial.
Além de Marquinhos Satã, foram presos, mediante ordem judicial, Maria de Paula da Costa Sá, Irlane Cecília Duarte Muniz, a Tainha; Lindalva Duarte Muniz, Crislene de Morais do Espírito Santo, Marciana de Jesus Carvalho, Elisdênia Farias Silva, Ednaldo Soares da Silva, Possidônio Mendes da Silva, Bruno Damasceno Pereira, o Pombo Branco; Hélio de Sousa Oliveira, Alan Mendes da Silva, Laefson Monteiro Santos, Wanderson Pereira Soares, Elivaldo Araújo Silva, José Tiago Silva Pereira, Alisson Júnior Duarte Muniz, Daniel dos Santos, Daniel Santos Teixeira, Cássio Mendes Gabriel, Marlon Mendes da Silva, Gilvan Lima Pereira e Gabriel Patrick Sousa da Silva.
Os quadrilheiros são suspeitos de expulsar mais de 50 famílias da região da Vila Funil, além da prática de crimes como extorsão, tráfico de drogas, roubo, e de terem assassinado a tiros, dentro de sua residência, o líder comunitário Almir Silva dos Santos, de 46 anos, no dia 8 de julho do ano passado.
Segundo a polícia, esse assassinato foi motivado pela vítima ter conseguido a construção de uma ponte que ligaria a Vila Funil ao bairro Tibirizinho. Para os criminosos, essa ponte facilitaria a entrada de policiais na comunidade e dificultaria a realização de suas ações.

Expulsão
Quinze famílias foram expulsas des suas casas, localizadas na Rua Bom Futuro, na Vila Embratel, sob a ameaça de serem mortas por integrantes de facções criminosas, no mês de março deste ano. De acordo com informações das vítimas, a ordem de despejo foi ordenada por dois detentos, identificados apenas como Arielson e Roniele, que estão presos em uma das celas do Complexo Penitenciário de Pedrinhas.
Essa dupla é suspeita, também, de comandar o tráfico de entorpecente na localidade, mesmo estando presa em Pedrinhas. Ainda segundo as vítimas, os dois apenados de Pedrinhas ordenaram que os criminosos identificados como Dudu, Baicó, Zeca Diabo, Tom, Bililico, e outros menores, instalassem o clima de terror na Vila Embratel, principalmente, realizando tiroteios.
Ainda no mês de março, policiais militares realizaram rondas pela área e prenderam Jhoanderson Gomes Soares, o Dudu, de 19 anos, e apreenderam um adolescente, de 17 anos. A dupla foi apresentada na Delegacia do Adolescente Infrator (DAI), no Centro, onde foram autuados.

Carandiru
Viaturas da Polícia Militar, principalmente, do Batalhão de Choque e Rotam circulam diariamente pelo condomínio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do bairro Camboa, conhecido como Carandiru, para evitar a onda de criminalidade praticada por integrantes de facções criminosas.
Ainda no mês de março deste ano, uma megaoperação foi realizada pelas polícias Militar e Civil, nos apartamentos do Carandiru, mas o principal objetivo não foi alcançado, já que não conseguiram prender os “cabeças” do tráfico de drogas e chefes de facções criminosas que residem no local, identificados como Valdirene Pereira, a Val, viúva do traficante Daniel Almeida dos Santos, o Danielzinho, e o homem conhecido como Leo Gordo.
Essa dupla criminosa seria os responsáveis pelo clima de terror no residencial, com a venda de entorpecentes, realização de tiroteio e até mesmo de expulsaram moradores que não aprovam as atividades do bando. No decorrer desse cerco policial foi apreendida uma metralhadora de origem argentina, um revólver calibre 38 e duas pistolas, uma delas roubada da Polícia Civil de São Paulo e sete pessoas foram presas e cinco menores apreendidos.
Entre os detidos somente seis foram identificados, Jhennyfer Kerlem Pereira Viana, Carlos Mariano de Sousa Neto, Denes Alexsandro Silva Diniz, Denilson Oliveira Silva, William Cleyton Pinheiro e Adriano Ferreira Silva. A polícia também apreendeu em um apartamento 1,5 kg de maconha pronta para ser comercializada e foi encontrada uma fábrica clandestina de detergente líquido onde estava armazenado material com alto poder explosivo.

Insegurança
Os moradores das Vilas Natal e Colier ainda vivem com o clima de medo devido a ações dos faccionados. Na noite do dia 16 de junho de 2015, integrantes de facções criminosas instalaram clima de terror nessas duas vilas da capital onde mais de 100 famílias foram expulsas de suas casas. Na Vila Natal, localizada na região do Coroadinho, em menos de 24 horas, foram registrados quatro assassinatos e vários moradores foram agredidos fisicamente por bandidos.
Foi montado um cerco policial e foram apreendidos dois revólveres calibre 38, uma espingarda calibre 20, 13 munições calibre ponto 40, 20 munições calibre 20, um binóculo de uso exclusivo das Forças Armadas e dois suspeitos de homicídios, identificados como Samuel Lima Sales, de 25 anos, e Werberson Campos Torres, de 29 anos foram presos. Ainda ontem, a equipe do jornal O Estado esteve nessa localidade, mas os moradores não falaram sobre esse assunto com receio de sofrer algum tipo de represália pela parte da facção criminosa.

NÚMERO

6 localidades da capital maranhense continua sendo comandada por integrantes de facções criminosas

Cronologia dos fatos

Junho de 2015: mais de 100 famílias foram expulsas de suas casas por faccionados nas Vilas Colier e Natal

Marco de 2017: Polícia realiza operação nos apartamentos do Carandiru, na Camboa, para prender os “cabeças” do tráfico de drogas e chefes de facções criminosas acusados de expulsarem moradores e comercializarem droga. Quinze famílias foram expulsas de sua casa, localizada na Rua Bom Futuro, na Vila Embratel, sob a ameaça de serem mortas

Novembro de 2017: clima de medo ainda permanece na Vila Funil por conta das ações ilegais cometidas por uma facção criminosa. Polícia realiza operação no Condomínio Poeirão do Bequimão onde há presença de facção criminosa do estado carioca.

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