Crise na Segurança

Entidade emite nota de repúdio e chama secretário de totalitário

Depois de Jefferson Portela determinar a punição de três delegados do interior do estado após criticas, Adepol se manifestou em apoio aos policiais

Carla Lima/Subeditora de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Jefferson Portela foi duramente critica em nota de repúdio da Adepol
Jefferson Portela foi duramente critica em nota de repúdio da Adepol (Jefferson Portela)

Associação dos Delegados da Polícia Civil do Maranhão (Adepol-MA) emitiu nota de repúdio contra o secretário Estadual de Segurança, Jefferson Portela, depois que três delegados foram punidos no interior do estado. Gustavo Tavares Barbosa e Fábio Silva Cordeiro estão respondendo a processo administrativo e Virgínia Loíola Beserra foi removida da delegacia de Imperatriz. Para a entidade, secretário é totalitário.
Os três casos de punição a delegados ocorreram após críticas ou atos que desagradaram Jefferson Portela.

O delegado Gustavo Tavares, por exemplo, estar respondendo um processo administrativo instaurando por determinação de Jefferson Portela porque o delegado comunicou a um membro do Ministério Público Estadual que o Sistema Integrado de Gestão Operacional (Sigo) estava desativado para substituição par um outro sistema.

Na interpretação de Portela, Gustavo Tavares comprometeu a instituição Polícia Civil.
A delegada Virgínia Beserra, por meio de rede social, criticou a situação da delegacia de Imperatriz, onde era titular. Segundo ela revelou, falta condições de trabalho na região.
Devido ao desabafo, o titular da SSP entendeu que a delegada também comprometeu a Polícia Civil e, por isso, também deve responder a processo administrativo. E com Beserra a punição acabou sendo maior porque ela acabou sendo removida de Imperatriz para a delegacia de Açailândia.

O outro caso – e talvez mais grave – foi do delegado Fábio Silva, que em Peritoró viu a delegacia ser despejada do prédio onde funcionava por falta de um ano de pagamento de aluguel. O delegado chegou a comunicar a Secretaria de Segurança sobre o atraso, mas nada foi feito.

Como houve o despejo, Jefferson Portela também determinou a abertura de processo administrativo.

Para a Adepol, as punições aos delegados não têm previsão legal para serem aplicadas.
Na nota, divulgada no fim de semana, a entidade diz que o secretário não aceita críticas e que na Secretaria de Segurança, as pessoas são livres somente para concordar e nunca para criticar. E quando decidem ir contra o que determina Portela são intimidados, perseguidos e criminalizados.
“Estamos em processo avançado de apoderamento da estrutura da PC/MA [Polícia Civil] e implantação de uma distopia orwelliana, que que todos serão livres para concordar com a visão prevalente do gestor máximo, nunca para discordar, sob pena de serem declarados inimigos, perseguidos e criminalizados”, diz a nota da Adepol.

A entidade chega a dizer que as ações de Portela são semelhantes a de regimes totalitários. “A humanidade já produziu diversos regimes de pensamento uniforme, pasteurizados, em que todos concordam. Isto chama-se totalitarismo”, afirma.

Governador

A nota da Adepol faz referência ao governador Flávio Dino (PCdoB). A entidade afirmar que não há intenção de travar uma “guerra” com a gestão comunista e reclama que falta diálogo por parte da SSP com a categoria.

A entidade diz ainda que mesmo diante das punições, não haverá recuo.
“A Adepol não deseja guerrear com ninguém e não fazemos oposição a nenhum governo legitimamente eleito, pelo que repudiamos qualquer tentativa de politização do nosso propósito, pois nossos repúdios são justamente pela ausência de diálogo e de democracia da gestão da SSP/MA; mas asseguramos que nunca nos dobraremos à ameaças e perseguições ou fugiremos ao bom combate", diz trecho da nota.

A reportagem de O Estado entrou em contato com o governo do estado para tratar da nota de repúdio da Adepol contra o secretário de Segurança e também saber sobre as punições aplicadas aos três delegados. Até o fechamento da edição, a solicitação não foi respondida pela Secretaria Estadual de Comunicação e Articulação Política.

Punição máxima

Em maio deste ano, o delegado Sérgio Luís Rêgo Damasceno foi exonerado do cargo pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP). Na época, Rêgo disse que punição máxima ocorreu devido a perseguições que sofria da cúpula da SSP. O ex-delegado disse que a perseguição é cruel, injusta e covarde.

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