Número ruim

São Luís é 1ª do ranking em casos de hanseníase em crianças

Projeto inovador para o enfrentamento da doença é realizado no Maranhão para reduzir números; ação é promovida pelo Ministério da Saúde e parceiros

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35
Projeto quer reduzir número de casos de hanseníase
Projeto quer reduzir número de casos de hanseníase (hanseniase)

São Luís é a primeira cidade no ranking em números de casos novos de hanseníase em crianças em relação ao restante do país, de acordo com o Ministério da Saúde, seguido de Recife e Olinda. São José de Ribamar está no 29º lugar, Paço do Lumiar no 61º, Alcântara no 435º e Raposa é o 1.698º no ranking. Para tentar reduzir estes números, será realizado nesses municípios maranhenses o projeto Abordagens Inovadoras, que intensifica esforços para um Brasil livre da hanseníase.

A ação, que se inicia na semana de 23 a 28 de outubro e busca reduzir a carga de hanseníase nessas cidades, é uma parceria do Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), com apoio da Fundação Nippon do Japão, com duração de três anos (2017/2019).

No total, o projeto será realizado em 20 cidades de seis estados brasileiros que estão entre as que registraram maior número de casos novos da doença, geral e em menores de 15 anos, em 2015. Além de apresentarem elevado número de casos novos em crianças, os municípios participantes do projeto foram selecionados pela disponibilidade de serviços, de profissionais de saúde e intervenção pedagógica.

O objetivo do projeto é diminuir a carga de hanseníase nas cidades selecionadas, com a ampliação do trabalho da detecção de casos novos; promoção da educação permanente para os profissionais da Atenção Primária à Saúde; fortalecimento dos centros de referência; redução da proporção de casos novos com Grau 2 de incapacidade física - GIF2 (como garras em mãos e/ou pés e atrofia muscular), por meio do diagnóstico precoce e ações de prevenção de incapacidades, e enfrentamento do estigma e da discriminação contra as pessoas acometidas pela doença.

Ações do projeto
O projeto será conduzido por um núcleo de 27 equipes de especialistas nas áreas de Clínica Geral, Prevenção de Incapacidades e Mobilização Social, além de três coordenadores, sendo um coordenador para cada área: o Instituto Lauro de Souza Lima (ILSL) para clínica, tratamento e manejo de reações da doença; a Coordenação-Geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação (CGHDE/DEVIT/SVS/MS) para a prevenção de incapacidades; a CGHDE e o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) para as ações sobre o envolvimento das pessoas acometidas pela doença na comunidade. Haverá também um coordenador municipal para o acompanhamento das atividades em nível local.

Os especialistas terão o compromisso de ir a campo para a atualização dos profissionais da saúde que atuam na Atenção Básica dos 20 municípios, quanto à teoria e prática do diagnóstico, tratamento, prevenção de incapacidades em hanseníase, além de ações que promovam a prevenção do estigma e da discriminação. Cada equipe de especialistas, composta por três profissionais, será responsável pelas atividades em oito Unidades de Saúde durante cinco dias. Atenderão no mínimo 30 pacientes e conduzirão, ao fim desse processo, uma campanha que ocorrerá no sábado, com realização de exame dermatoneurológico para diagnóstico, avaliação para prevenção de incapacidades, além de atividades que alertam a população sobre os sinais e sintomas da doença.

Após a primeira semana de atualização, haverá uma reunião para avaliação e planejamento das próximas etapas previstas para o primeiro semestre de 2018. Ao final dos três anos, os resultados e impacto das ações realizadas nos 20 municípios serão analisados, visando à possibilidade de ampliação para outras cidades ou continuidade das atividades nos mesmos.

SAIBA MAIS

Municípios selecionados para fazer parte do projeto: São Luís, Recife, Olinda, Marabá, Teresina, Cuiabá, Jaboatão dos Guararapes, Palmas, Belém, São José de Ribamar, Araguaína, Cabo de Santo Agostinho, Paço do Lumiar, Gurupi, Porto Nacional, Paulista, Floriano, Parnaíba, Alcântara e Raposa.

A DOENÇA

A hanseníase é uma doença crônica, transmissível, de notificação compulsória e investigação obrigatória em todo o território nacional. Possui como agente etiológico o Mycobacterium leprae, capaz de infectar grande número de indivíduos (alta infectividade), apesar da baixa patogenicidade (poucos adoecem). Tem predileção pela pele e nervos periféricos, podendo cursar com surtos reacionais intercorrentes, o que lhe confere alto poder de causar incapacidades e deformidades físicas, principais responsáveis pelo estigma e discriminação às pessoas acometidas pela hanseníase.
A transmissão se dá por meio das vias aéreas superiores de uma pessoa doente sem tratamento para outra, pelo contato prolongado. O diagnóstico e o tratamento da hanseníase são ofertados pelo SUS, disponível nas unidades públicas de saúde. A doença exibe distribuição heterogênea no país, com registro de casos novos em todas as Unidades Federadas, e sua alta endemicidade compromete a interrupção da cadeia de transmissão. O enfrentamento da hanseníase baseia-se na busca ativa de casos novos para o diagnóstico precoce, tratamento oportuno, cura, prevenção das incapacidades e exame dos contatos, como forma de eliminar fontes de infecção, interrompendo a cadeia de transmissão da doença.

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