Denúncia

Às vésperas da votação de sua denúncia na Câmara, Temer manda carta a deputados

Presidente se diz vitima de “torpezas e vilezas”, diz que não pode silenciar diante das agressões e classifica o próprio texto como um desabafo contra mentiras e falsidades

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35
Michel Temer quer voltar a ter força entre os deputados federais
Michel Temer quer voltar a ter força entre os deputados federais (Michel temer)

BRASÍLIA - Diante do vendaval provocado pela divulgação da delação do doleiro Lúcio Funaro e às vésperas da votação da segunda denúncia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o presidente Michel Temer escreveu uma carta que será enviada aos deputados nesta segunda-feira, 16.

Temer inicia a carta demonstrando indignação com as acusações de Funaro e com o teor que embasa a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), afirma que tem "sido vítima desde maio de torpezas e vilezas" e acrescenta que não pode "silenciar".

Ainda segundo o presidente, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot esteve, no comando do Ministério Público Federal (MPF), obstinado a incriminá-lo e teria, ainda segundo Temer, rejeitado a delação de Eduardo Cunha (PMDB), atualmente preso em Curitiba, porque o depoimento do ex-deputado não o citava. Janot teria, então, recorrido a Funaro. O doleiro relaciona Cunha a Temer.

Temer declara, no documento enviado aos deputados que votarão sua denúncia, que a carta é um "desabafo" e que "mentiras, falsidades e inverdades" sobre ele estão sendo desmontadas. O peemedebista também acena a deputados e senadores, creditando ao Congresso Nacional "a retomada do crescimento no país".

Ao longo de quatro páginas, Temer cita os áudios das conversas entre os dirigentes da JBS Joesley Batista e Ricardo Saud e diz que neles fica claro que o objetivo era derrubar o presidente da República e chama Funaro de delinquente. “Agora trazem de volta um delinquente conhecido de várias delações premiadas não cumpridas para mentir, investindo contra o presidente, contra o Congresso Nacional, contra os parlamentares e partidos políticos”, defende na carta.

A partir desta terça-feira (17), os deputados se concentrarão na análise, discussão e votação na CCJ da Câmara da denúncia contra Temer e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco. O parecer sobre a peça foi apresentado na última terça-feira (10) pelo relator, deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que recomendou a rejeição do prosseguimento da denúncia, afirmando que ela se baseia em “delações espúrias, sem credibilidade não havendo justa causa para o prosseguimento da ação penal”.

Mais

As revelações geram especulações sobre a possibilidade de um afastamento do governo pela Câmara. O governo, por sua vez, avalia que a Câmara não tinha a obrigação de publicar os vídeos em sua página. Nesta semana, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa vai analisar o relatório da segunda denúncia contra Temer, por obstrução da Justiça e organização criminosa no caso J&F.

Rodrigo Maia diz que delação não tinha sigilo do STF

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM), afirmou neste domingo (15) que o STF (Supremo Tribunal Federal) não pediu sigilo sobre o conteúdo das delações do doleiro Lúcio Funaro. Entre os citados, está o presidente Michel Temer e o ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, atualmente preso em Curitiba.

A resposta de Maia, dada ao site Poder 360, é uma justificativa ao fato de o site da Câmara ter divulgado neste fim de semana os diversos vídeos com o depoimento que Funaro deu à Procuradoria-Geral da República (PGR), em agosto deste ano, como parte do seu acordo de delação premiada.

Já a assessoria do relator, ministro Edson Fachin, do STF, disse que o conteúdo da delação não poderia ter sido divulgado pelo site da Câmara e que o único documento liberado do sigilo foi a inicial da denúncia.

Neste sábado (14), a defesa de Temer sustentou que a divulgação do material faz parte de um "vazamento criminoso com intenção de insistir na criação de grave crise política no país".

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.