Caixa de campanha

Deputados querem reduzir repasses a fundações para reforçar caixa de campanhas

A ideia é reduzir repasses do Fundo Partidária para fundações e institutos ligados as legendas e, desta forma, destinar mais recursos para o fundo a ser criado para financiamento público de campanha

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35
Deputados querem aprovar proposta que diminuirá repasses para fundações ligadas aos partidos
Deputados querem aprovar proposta que diminuirá repasses para fundações ligadas aos partidos (Câmara dos Deputados)

Brasília - Com a indefinição sobre a criação de um fundo eleitoral bilionário para bancar as campanhas em 2018, deputados articulam aprovar projeto para reduzir o porcentual do Fundo Partidário que deve ser destinado para fundações e institutos ligados às legendas. Com a medida, querem deixar mais recursos do Fundo Partidário livres para serem usados nas campanhas do próximo ano, quando não poderão receber doações empresariais como no último pleito de 2014.

Hoje, a Lei dos Partidos Políticos estabelece que pelo menos 20% do Fundo Partidário recebido pelas direções das siglas devem ser repassados às fundações. Em 2017, esse porcentual representará R$ 163,8 milhões do Fundo (R$ 819 milhões). Uma das ideias discutidas na Câmara é reduzi-lo para 5%, o que, se aprovado, diminuiria o repasse às fundações neste ano para R$ 49,9 milhões Os outros 80% do Fundo Partidário são usados para manutenção dos partidos e bancar campanhas.

Como o porcentual está previsto em uma lei, a redução dele pode ser aprovada por meio de projeto de lei. Esse tipo de proposta requer apenas maioria simples dos parlamentares presentes no dia da votação na Câmara e no Senado para ser aprovado. Além disso, o entendimento de técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é de que a mudança não é considerada uma alteração eleitoral. Ou seja, passará a valer assim que for aprovada, sem a exigência de ter de aprová-la um ano antes da eleição para valer durante o pleito.

A mudança é encarada pelos deputados como uma alternativa para aumentar os recursos disponíveis para bancar campanhas. Sem a criação de um fundo eleitoral com dinheiro público, restará aos políticos fazer campanhas com doações de pessoas físicas e Fundo Partidário, o qual não pode ser "turbinado" durante a discussão do Orçamento da União de 2018, em razão da limitação imposta pela regra do teto de gastos, que só autoriza reajustar o valor dele pela inflação.

Relator de duas propostas de reforma política em debate na Câmara, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) confirma a articulação. Segundo ele, a estratégia discutida é apresentar uma emenda durante a votação em plenário da reforma política ou na discussão do Orçamento de 2018 na Comissão Mista de Orçamento (CMO). Cândido ressaltou, porém, que o PT é contra a diminuição. "Meu partido é contra. Acho que o fundo eleitoral será aprovado e não haverá necessidade de mudar o Fundo Partidário", disse.

A proposta, contudo, tem apoio de deputados de partidos da base aliada. "O dinheiro destinado às fundações é muito mal utilizado, desperdiçado. No PMDB, só serve para comprar as cartilhas do Moreira Franco", afirmou o deputado João Arruda (PMDB-PR).

Ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira é presidente da Fundação Ulysses Guimarães (FUG), ligada ao PMDB. Para Arruda, o ideal seria "zerar" o repasse e destinar os recursos para campanhas, com fixação de porcentual por cargo em disputa.

Líderes do DEM e do PR na Câmara, os deputado Efraim Filho (PB) e José Rocha (BA) também são favoráveis à redução do porcentual do fundo destinado às fundações. Para Efraim, o porcentual pode ser diminuído dos atuais 20% para algo em torno de "17%, 18%". "Pode reduzir um pouco, mas deve garantir os recursos para estimular a formação política dos jovens pelas fundações", ponderou. "Esse dinheiro é muito mal utilizado. Acho que podemos reduzir pela metade", disse Rocha.

Presidente da Fundação Milton Campos, ligada ao PP, a senadora Ana Amélia (RS), por sua vez, criticou a proposta. "O partido não pode olhar só para seu caixa. Tem que olhar para o trabalho que a sua fundação está fazendo. Essa visão imediatista pode ser um tiro no pé", disse.

Na avaliação dela, a articulação prejudica instituições que trabalham corretamente. "Eles querem reforçar o caixa dos partidos porque não vai ter dinheiro para as campanhas. Esse é o resumo da ópera", acrescentou.

Proposta antiga

Em outubro do ano passado, o presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), chegou a apresentar projeto de lei para diminuir de 20% para 5% os repasses do Fundo Partidário para as fundações. A proposta foi apresentada por ele em um contexto de desentendimentos entre o parlamentar e o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, após Moreira se negar a devolver para o partido um saldo de R$ 8 milhões que sobrou de recursos do fundo de 2016.

Jucá, porém, acabou retirando o projeto, após articulação do Palácio do Planalto para evitar uma crise na cúpula do partido. Mesmo assim, o senador articulou aprovação de resolução pela executiva nacional do PMDB para obrigar a fundação a devolver os saldos do fundo partidário integralmente à direção da legenda. Procurado por telefone e via assessoria de imprensa, o presidente da FUG não respondeu.

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