Lava Jato

Joesley usou Miller para se aproximar de Rodrigo Janot

Objetivo do dono da JBS era se aproximar do procurador-geral da República para tentar um acordo de delação que lhe garantisse não ser punido pelos crimes cometidos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36
Joesley Batista tentou armar para o MInistério Público
Joesley Batista tentou armar para o MInistério Público (Joesley Batista)

BRASÍLIA - Na última segunda-feira, 4, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, surpreendeu o país ao anunciar que está analisando os novos áudios entregues pelo empresário Joesley Batista, presidente da JBS, e que o conteúdo poderia acarretar na anulação da delação do empresário do ramo frigorífico.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin decidiu retirar o sigilo da gravação da JBS, que motivou a abertura do processo de revisão do acordo de colaboração de Joesley Batista, Ricardo Saud e Francisco e Assis e Silva, delatores ligados à JBS. A gravação tem cerca de quatro horas e deve ser divulgada ainda esta noite.

Nas gravações, é possível ouvir como Joesley e os diretores da JBS atuaram para obter o acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Nos diálogos, os delatores relatam suposta influência sobre o ex-procurador da República Marcelo Miller, que fez parte da equipe do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Nesta terça-feira, 5, a gravação feita involuntariamente com os advogados Francisco de Assis e Ricardo Saud, Joesley orienta dois empregados a fazerem uma aproximação com o então procurador Marcelo Miller, como um caminho para chegar até Janot.

O objetivo de Joesley era se aproximar de Janot para abrir caminho para um possível acordo futuro de delação premiada, inclusive considerando possível uma imunidade aos colaboradores. Na época, muitos advogados tentavam fechar acordos de delação nos mesmos moldes e com os mesmos benefícios que se formava às portas do grupo responsável pelas investigações da Operação Lava Jato na PGR.

Durante a conversa, Joesley, Francisco de Assis e Ricardo Saud falam sobre uma tentativa de gravar um diálogo com o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, com o intuito de obter confissões de Cardozo sobre supostas irregularidades de algum ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Os três acreditavam que, se conseguissem obter mais munição contra ministros do Supremo, teriam maiores chances para obterem um acordo de delação premiada com mais vantagens. Porém, a estratégia não deu resultados pois Cardozo não teria aceitado as manobras.

Mais

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que as atitudes que tem tomado no cargo são por “medo de errar” e não são por "coragem". De acordo com ele, sua motivação é o medo de decepcionar o Ministério Público. “Ontem foi um dos dias mais tensos, um dos maiores desafios desse período. Alguém disse para mim: ‘Você é um homem de muita coragem’. Eu pensei: ‘Será que sou?’ E eu pensei que não tenho coragem nenhuma. Eu tenho é medo. O medo nos faz alerta. Tenho medo de quê? De errar muito e decepcionar as instituições. As questões que enfrentei, enfrentei por medo de errar, de me omitir e de decepcionar a instituição, mais do que por coragem de enfrentar os desafios”, contou Janot, nesta terça-feira (5), em reunião do Conselho Superior do Ministério Público Federal.

Ministério Público quer

bloqueio de R$ 1 bilhão

dos bens de Nuzmam

Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro é acusado de comprar votos para escolha do Rio como sede da olimpíada

BRASÍLIA - O Ministério Público Federal (MPF) pediu o bloqueio de até R$ 1 bilhão do patrimônio de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB); do empresário Arthur Cesar Soares de Menezes Filho, conhecido como "Rei Arthur"; e de sua ex-sócia Eliane Pereira Cavalcante. Os três são acusados de participar de esquema de compra de voto para a escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016.

De acordo com o MPF, o bloqueio tem o objetivo de reparar os danos causados na fraude na escolha da sede da Olimpíada, e inclui bens como apartamentos, joias, carros e até um jatinho particular. As investigações apontam que os três obtiveram lucros mediante prática de corrupção e, com isso, lesaram os cofres públicos.

Na ação de busca e apreensão realizada na casa do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, durante a Operação Unfair play, nesta terça-feira (5), policiais federais apreenderam a quantia de cerca de R$ 480 mil em dinheiro vivo. O que chamou a atenção dos agentes foi o fato de terem sido encontrados valores em cinco moedas diferentes, nas seguintes quantidades: Real (102.950), Dólar (35.472), Euro (67.720), Libra (1.315) e Francos Suíços (8.260).

O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça que autorize o bloqueio de pelo menos R$ 1 bilhão dos patrimônios de Nuzman, do empresário Arthur César de Menezes Soares Filho — conhecido como "rei Arthur" por dominar os contratos de prestação de serviços com o governo do estado do Rio — e de sua sócia Eliane Pereira Cavalcante, a título de danos morais à coletividade fluminense.

Ele também teve os veículos bloqueados - poderá continuar usando, mas não poderá vendê-los, para o caso de serem apreendidos futuramente. Nuzman precisará ainda entregar o passaporte - há a suspeita de ele possuir um passaporte russo para usar em uma eventual fuga, mas o documento não foi encontrado em sua casa.

Além do dinheiro, a polícia apreendeu na casa de Nuzman documentos e um computador, de onde pretende tirar provas de sua participação no esquema de compra de votos para a candidatura do Rio. Pesam contra o cartola as viagens feitas a países africanos nos meses que antecederam a escolha da sede olímpica. A suspeita contra Nuzman ainda precisa de mais elementos concretos, o que explica ele ter sido apenas levado a depor, e não ter tido a prisão pedida pelo MPF.

Mais

A Polícia Federal (PF) encontrou um "bunker" com milhares de notas em reais que, de acordo com a operação deflagrada nesta terça-feira, 5, é usado por Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Michel Temer (PMDB). A operação, autorizada pela 10ª Vara Federal de Brasília, foi nomeada Tesouro Perdido e é a terceira fase da Operação Cui Bono. Segundo a PF, as últimas fases da Operação possibilitaram encontrar o endereço em Salvador, que seria utilizado para armazenagem de dinheiro. Os valores apreendidos foram transportados a um banco para serem contabilizados e depositados em conta judicial.

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