Violência

Pesquisa: 23% das mulheres foram ameaçadas por homem este ano

Instituto Locomotiva revela que 94% das pessoas avaliam que uma mulher ser “encoxada” ou ter o corpo tocado sem a sua autorização é uma forma de violência sexual

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36
Diego Ferreira de Novais, denunciado por crimes sexuais, deixa 78ª DP e é levado para o 2º DP
Diego Ferreira de Novais, denunciado por crimes sexuais, deixa 78ª DP e é levado para o 2º DP (Diego Ferreira de Novais, denunciado por crimes sexuais, deixa 78ª DP e é levado para o 2º DP)

BRASÍLIA - Pesquisa divulgada ontem do Instituto Locomotiva aponta que 94% das pessoas avaliam que uma mulher ser “encoxada” ou ter o corpo tocado sem a sua autorização é uma forma de violência sexual. A pesquisa ouviu, entre os dias 15 e 20 de agosto, 2.030 mulheres e homens em 35 cidades brasileiras.

De acordo com a pesquisa, somente este ano 13,7 milhões de mulheres afirmaram que já foram “encoxadas” ou tiveram o corpo tocado sem autorização, o que representa 17% do total de mulheres adultas do país. Este número é ainda maior (20% do total) entre as mais jovens, na faixa etária de 18 a 34 anos.

Conforme a pesquisa, 35% dos brasileiros adultos, ou o correspondente a 84 milhões de pessoas, conhecem uma mulher que foi beijada à força no último ano, o que também constitui violência sexual. A pesquisa mostra que 23% das mulheres (17,8 milhões de mulheres) foram ameaçadas por algum homem este ano.

O presidente do instituto, Renato Meirelles, lamenta que essa realidade seja presente na vida de muitas brasileiras. “Um juiz pode achar que não é violência sexual, mas 94% acham que é. E não estamos falando nem em ejacular”, disse. Na última terça-feira, Diego Ferreira de Novais foi preso após ter ejaculado em uma passageira em ônibus na cidade de São Paulo. No entanto, na ocasião, o juiz José Eugênio Amaral Souza o liberou aplicando uma pena de multa, por considerar o fato uma contravenção penal, e considerou que não houve constrangimento para vítima, o que repercutiu no país.

Violência

Para Meirelles, nesse caso e também de um homem que ejaculou me uma mulher em um coletivo no Rio de Janeiro, na última semana, a violência praticada foi interpretada de forma errônea pelo juiz ou a lei não está em sintonia com a vontade da sociedade.

“É importante entender que isso sempre existiu no Brasil. A questão é que agora as mulheres estão mais cientes dos seus direitos, por um lado, e por outro lado, tem as redes sociais que funcionam como denúncia e isso acaba criando uma pressão popular para que as autoridades sejam mais rigorosas no cumprimento da lei”, comentou Renato Meirelles.

A pesquisa pretende provocar o debate na população sobre o tema para mostrar que atos recentes não são exceção, mas são a regra do dia a dia brasileiro. “As mulheres são mais vítimas de abusos e de machismo do que se pode imaginar”, apontou. Completou que não se trata de um ato isolado. “É um ato contínuo”.

Crimes sexuais

O homem que já teve 17 passagens na polícia – e agora está preso – por crimes sexuais foi denunciado em uma publicação no Facebook em dezembro de 2016. Uma mulher fez um relato de que ele estava se masturbando no ônibus e tirou fotos dele.

Diego Ferreira de Novais, de 27 anos, foi detido duas vezes na semana passada por abusar de mulheres em ônibus na região da Avenida Paulista. Após a segunda prisão, a Justiça decidiu em audiência de custódia neste domingo (3) mantê-lo preso.

Na publicação de dezembro de 2016, a jovem contou que estava no ônibus quando percebeu que um homem estava com a mão direita na calça, "e a outra segurava a mochila de uma forma que escondesse de quem passasse pelo corredor".

Ela escreveu que demorou para aceitar que aquilo estava acontecendo. "A gente lê e lê casos na internet, mas quando você está passando por essa situação sempre fica aquela dúvida".

"Sério, que bosta, nojo, levantei a voz, expus mesmo, fiz escândalo". Segundo ela, ninguém se manifestou e Diego "levantou na hora para fugir do ônibus".

A última vítima de Diego comemorou neste domingo,3, a decisão da Justiça em mantê-lo preso até seu julgamento. O ajudante geral responderá pelo crime de estupro contra a empregada de 39 anos, cometido no sábado,2. Ele esfregou o pênis no corpo dela quando ela estava dentro de um ônibus no Centro da capital paulista.

"Eu me sinto gratificada porque ele está preso. E querendo ou não eu ajudei a manter ele agora preso, e que nenhuma mulher mais corre o risco no momento de ser atacada por esse louco, doente", disse a empregada, que aceitou falar sob a condição de que seu nome e foto não fossem divulgados.

Na última terça-feira,29, também em um ônibus na Paulista, Diego chegou a ejacular sobre uma outra mulher. Na quarta-feira,30,, no entanto, o juiz José Eugenio do Amaral Souza Neto entendeu não ter havido constrangimento ou violência contra a vítima e decidiu deixá-lo em liberdade. Neste domingo, 3, após novo abuso no sábado, o juiz Rodrigo Marzola Colombini entendeu que ele cometeu mesmo o estupro e manteve a prisão.

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