Superação

Muitas lutas e vitórias

Atleta maranhense conseguiu recurso para competir após ser tema de reportagem de O Estado vendendo água em semáforo de São Luís

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36
Andressa Raquel, campeã mundial de jiu-jitsu pela Confederação Brasileira de Lutas Profissionais, com suas medalhas
Andressa Raquel, campeã mundial de jiu-jitsu pela Confederação Brasileira de Lutas Profissionais, com suas medalhas

SÃO LUÍS - Atual campeã mundial de jiu-jítsu pela Confederação Brasileira de Lutas Profissionais (CBLP), na categoria pesadíssima, na competição realizada em Fortaleza (CE), de 19 e 20 deste mês, Andressa Raquel Silva Pitombeira, 13 anos, sem patrocínio, teve que vender água em semáforos para poder competir. A atleta, que treina diariamente e já pratica box e muay thai, quer um dia competir no UFC.

Andressa Raquel conquistou o título mundial ao vencer o primeiro combate em apenas 14 segundos e o outro embate em 30 segundos e levou o Maranhão ao lugar mais alto do pódio. “A coisa que eu mais gosto no esporte é levar o nome do meu estado no topo do pódio. Eu tenho uma bandeira do Maranhão no meu quimono”, afirmou.

Para reunir o montante necessário para disputar a competição em Fortaleza, Andressa Raquel, acompanhada de seus pais e seu irmão, vendeu garrafas de água na Avenida Daniel de La Touche (ao lado da entrada da rua do Aririzal, na Cohama).
“Infelizmente, meus pais, apesar de formados em Logística, estão desempregados. Para realizar meu sonho de ser uma grande atleta, meu pai teve a ideia de vender garrafinhas de água em semáforos para conseguir o dinheiro para as passagens, hospedagem e alimentação”, justificou.

O Estado encontrou Andressa Raquel (vestida de quimono, roupa tradicional da modalidade) vendendo água no semáforo. Após a publicação da reportagem, com a foto da atleta na capa da edição, surgiram apoiadores. “Depois da reportagem de O Estado, pessoas me deram as passagens e dinheiro para a alimentação e hospedagem. Até mesmo o reconhecimento foi maior. As pessoas passaram a me chamar pelo nome e a me desejar sucesso nas competições. Tem gente até que pede para tirar fotos comigo. Com certeza, o jornal me ajudou muito a conseguir chegar a Fortaleza para disputar o Mundial”, disse.

A atleta Andressa Raquel com o pai, André, que vendeu água no semáforo para ajudá-la a ser campeã
A atleta Andressa Raquel com o pai, André, que vendeu água no semáforo para ajudá-la a ser campeã

Falta patrocínio
Apesar do sucesso e do ótimo resultado alcançado, Andressa Raquel continua sem um patrocinador oficial. “É muito ruim não ter um patrocínio, porque, para arrecadar o dinheiro necessário para disputar as competições fora do estado, precisa abrir mão até mesmo dos treinamentos diários. E para quem sonha em ser um atleta de ponta é preciso disputar competições”, contou.

Após disputar outras modalidades, Andressa Raquel começou no jiu-jitsu há três anos. “Um pessoa levou um panfleto de uma academia na minha escola e pedi para meu pai me levar lá. Foi onde conheci a academia Guigo Team, na Cohab, do mestre Roberto Ferreira, e me apaixonei pelo esporte. E hoje sou faixa laranja, mas um dia vou ser faixa preta”, afirmou.

A primeira competição que disputou foi em julho deste ano, quando conquistou a medalha de bronze na categoria infanto-juvenil (até 13 anos de idade) no campeonato mundial organizado em São Paulo (SP). “Fui inspirada por Bruno Ribeiro, que treina na mesma academia que eu, e já foi campeão mundial em várias confederações. Como estava muito frio em São Paulo, fiquei doente e não cheguei à final por causa de uma punição, mas não desanimei e me foquei mais nos treinamentos. Como Teresina tem um clima mais parecido com o nosso, consegui duas medalhas de ouro na 14ª edição do Campeonato Norte-Nordeste, realizado em Teresina (PI) e ouro no Mundial realizado em Fortaleza”, enumerou.

O maior incentivador da jovem é o pai dela, André Vieira. “Meu pai me leva para os treinos e me apoia muito nas competições. Foi dele a ideia de vender garrafas de água no semáforo. Ele me incentiva a praticar o esporte. Ele fica até preocupado quando ando de bicicleta perto das competições”, disse.

Para conquistar tantas medalhas de ouro, Andressa Raquel tem uma árdua dedicação ao treinamentos. “De segunda a sexta-feira treino jiu-jítsu na Academia GuigoTeam,na Cohab, sábado e domingo treino no Projeto Social Kerigma, que trabalha com jovens em situação de rua, na Igreja Católica da Forquilha, sob a orientação do mestre Wellington Júnior. Treino duas horas todos os dias”, descreveu.

Muitos títulos

Andressa Raquel é também a atual campeã maranhense de Jiu-Jítsu (infanto-juvenil) por três federações: Federação Maranhense de Lutas Profissionais (FMLP), Federação Maranhense de Jiu-Jitsu Esportivo (FMJJE) e Federação Maranhense de Jiu-Jitsu (FMJJ) e Norte-Nordeste pela promovido pela Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Esportivo (CBJJE).
Agora, a atleta sonha em disputar o Campeonato Internacional de Jiu-Jítsu, que será realizado no dia 21 de outubro, em São Paulo, e mais uma vez o maior oponente dela é a falta de patrocínio.

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