Contaminação

Deputada denuncia taxa zero de tratamento de esgoto em São Luís

Andrea Murad afirmou que esgoto está sendo despejado nos rios da capital sem passar pelo processo de desinfecção de bactérias

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36
Andrea Murad denunciou precariedade no tratamento de esgoto
Andrea Murad denunciou precariedade no tratamento de esgoto (Andrea Murad)

A deputada estadual Andrea Murad (PMDB) denunciou ontem na Assembleia Legislativa, a queda para zero, da taxa de tratamento do esgoto que é produzido e coletado na capital. De acordo com a peemedebista, todo esgoto que é destinado às estações de tratamento, está sendo despejado nos rios sem passar pelo processo de desinfecção de bactérias.

A denúncia foi levada na terça-feira para o Ministério Público Estadual (MP) e para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Maranhão. Segundo a parlamentar, o Maranhão se tornou, na gestão do governador Flávio Dino (PCdoB), o único estado brasileiro com percentual zero de tratamento de esgoto.

Ela lembrou que a gestão passada deixou em operação as estações do Jaracati e do Bacanga, com o tratamento de 10% do esgoto de um total de 55% que é coletado na capital. Reforçou ainda que a gestão passada também deixou em obras a estação do Anil e a ETE do Vinhais [em fase de conclusão], esta última inaugurada por Dino em 2016.

“O Estado do Maranhão tem 0% de esgoto tratado. Não tem 1%, nem 2%, nem 3%, tem 0% de esgoto tratado, uma bomba no colo do governador Flávio Dino que disse que saiu de 4%, não sei de onde ele tirou esse número, para 40%. Quero saber o que leva um governador a mentir tanto. Governador mentiroso, que ignora a realidade propositalmente. As casas de ozônio, onde se matam as bactérias, não estão funcionando, nem da ETE do Jaracati, nem do Bacanga. A do Vinhais, que ele inaugurou e ontem fez um ano, ele inaugurou sem funcionar. Ele conseguiu essa proeza do Maranhão tratar zero por cento de esgoto e sai enganando a população”, disse.

Andrea Murad explicou que o processo de tratamento de esgoto só é concluído com a desinfecção por ozônio. O equipamento que mata as bactérias em todo o processo está inativo em todas as estações de tratamento da capital.

No processo de tratamento, o esgoto chega aos equipamentos por meio de bombas e estações elevatórias para o tanque preliminar, de onde vai para dentro dos reatores que estão no interior das estações de tratamento. O esgoto bruto é centrifugado, melhorando a cor, turbidez, oxigenação. Em seguida vai para o tanque de ozônio.

Enquanto a água passa, o ozônio é bombeado matando as bactérias, fazendo com que saia da estação água limpa, sem contaminação. É justamente este processo, segundo a parlamentar, que está parado.

Preocupante - Na última terça-feira, a deputada estadual apresentou a denúncia ao presidente da OAB/MA, Thiago Diaz, e para o promotor de Justiça do Meio Ambiente, Fernando Barreto. Ambos, segundo a parlamentar, externaram preocupação e a necessidade de medidas imediatas para garantir o funcionamento pleno das estações de tratamento, principalmente, do processo de ozônio.

“Estamos vivendo um verdadeiro retrocesso no Maranhão. Onde tínhamos 10% de esgoto tratado e que se tivessem dado continuidade ao projeto com as estações do Bacanga, Jaracati, Vinhais e Anil, destacando que as obras desta última caminham a passos de tartaruga, chegaríamos a 80% de coleta e 70% de tratamento. E hoje está 0%, porque nenhuma das estações de tratamento está desinfetando a água contaminada”, disse .

Andrea afirmou que solicitou a intervenção dos órgãos.

“Pedi que a OAB ajude, cobrando providências. O presidente Thiago Diaz irá designar as comissões competentes e fazer todo o levantamento de documentos e informações para tomar as medidas necessárias. Também fui à Promotoria Especializada do Meio Ambiente, onde o promotor Fernando Barreto explicou com maestria sobre saneamento, serviços de água e esgoto, e que vai analisar minha denúncia para que também sejam tomadas as providências. Temos duas estações funcionando mecanicamente, gastando energia, fazendo de conta que trata, mas não trata um litro sequer de esgoto, despejando água totalmente contaminada para nossos rios”, afirmou.

O Estado solicitou posicionamento do Governo do Estado, mas até o fechamento desta edição, não houve resposta.

Saiba Mais

O lançamento de esgoto não tratado nos rios, lagos, praias, causa grandes prejuízos à saúde por causa da proliferação de organismos patogênicos, que podem alcançar a população e provocar surtos de diarreias e vômitos, acarretando em lotação de hospitais públicos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a cada R$ 1,00 investido em saneamento, R$ 4,00 são economizados na área da saúde pública.

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