Debate

Estudantes opinam sobre a Reforma do Ensino Médio

<b>O Estado</b> promoveu roda de conversa com alunos do Colégio Dom Bosco para discutir as mudanças realizadas pelo Governo Federal

Poliana Ribeiro, de OEstadoma.com

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40
Letícia, Gabrielle e Guilherme em bate-papo promovido por O Estado
Letícia, Gabrielle e Guilherme em bate-papo promovido por O Estado

Se o aluno Guilherme Ferrari cursasse o ensino médio a partir de 2019, teria problemas para escolher entre as áreas com as quais se identifica – Exatas e Humanas. Isso porque, de acordo com a Reforma do Ensino Médio – sancionada pelo presidente Michel Temer no dia 16 de fevereiro -, seria difícil ele conseguir cursar as disciplinas dessas duas áreas, já que, pela reforma, as escolas não são obrigadas a oferecer todas as cinco áreas, chamadas de itinerários formativos.

Na prática, Guilherme – que é aluno do 2º ano do colégio Dom Bosco e participou de uma roda de conversa promovida por OEstadoma.com, em parceria com a escola – teria de escolher entre cursar Matemática e Suas Tecnologias ou Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. “Ao mesmo tempo que eu gosto da área de Exatas, também gosto muito de Ciências Humanas. Eu gosto muito de geopolítica, então tenho vontade de fazer Relações Internacionais para me aprofundar mais nisso. Só que, com essa Reforma do Ensino Médio, ficaria bem mais encurtado esse meu caminho”, avalia.

Gabrielle Polary, que cursa o 3º ano, e Júlio Nunes, do 2º ano, também evidenciam que, muitas vezes, os alunos chegam à reta final do ensino médio ainda sem saber que área seguir, decisão que deverá ser tomada ainda mais cedo, com as mudanças promovidas pelo Governo Federal. “Quando eu cheguei ao ensino médio, foi aí que eu comecei a ter Sociologia e Filosofia, disciplinas com as quais eu me identifico muito. Então, eu me preocupo com isso, de a escola escolher o que ela vai colocar porque existem pessoas que não vão se encaixar na matemática, no português”, observa Gabrielle.

Professor de História, Thiago Borges, e os alunos do Dom Bosco João Pedro e Júlio frisam que reforma poderá aumentar abismo entre escolas públicas e privadas
Professor de História, Thiago Borges, e os alunos do Dom Bosco João Pedro e Júlio frisam que reforma poderá aumentar abismo entre escolas públicas e privadas

Embora os alunos que participaram da roda de conversa, realizada no final de fevereiro, não sejam afetados pelas mudanças no ensino médio, eles mostraram-se preocupados com esta nova realidade e bastante inteirados do assunto. “A reforma deveria começar na base. A principal deficiência do Brasil é a alfabetização e o ensino fundamental”, opina Letícia Muniz, aluna do 2º ano.

Abismo

Para o professor Thiago Borges, que ministra a disciplina História na escola, a Reforma do Ensino Médio aumenta ainda mais o abismo entre redes pública e privada. “O aluno da escola particular vai poder optar e, depois, se ele não gostar, ele pode fazer de novo. E a escola particular vai poder oferecer [todos os itinerários], não vai ficar tão limitada assim quanto a escola pública. Porque, na verdade, a escola pública já tem uma série de limitações. O aluno do ensino público não vai ter essa opção, e isso é um problema. A maioria deles vai optar pelo ensino profissionalizante”.

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