Ameaça constante

Moradores de áreas de risco se recusam a deixar casas

De acordo com a Defesa Civil Municipal, existem 60 pontos de risco de desmoronamento em São Luís; preocupação é maior com a intensificação das chuvas; mesmo assim, ninguém sai das casas, à espera de ação do poder público

Thiago Bastos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40
Casas em risco por causa das constantes chuvas que atingem São Luís; moradores não abandonam local
Casas em risco por causa das constantes chuvas que atingem São Luís; moradores não abandonam local (Casas Vila Embratel)

SÃO LUÍS - Moradores que vivem em áreas de risco em São Luís se recusam a deixar os imóveis. Segundo os donos das residências, a falta de um plano de contingenciamento por parte do poder público e o parco poder aquisitivo contribuem para a permanência. A preocupação com as estruturas das casas fixadas próximas a barreiras é maior, com a intensificação do período de chuvas na cidade.

Uma das localidades mais conhecidas pelo risco iminente de deslizamento de terra é a Vila Embratel, na área Itaqui-Bacanga. Por causa da característica do terreno onde fica o bairro, a maior parte das residências foi construí­da em pontos mais altos e a poucos metros de barreiras. Mesmo com a proteção vegetal, as chuvas encharcam o solo, que fica mais frágil e sujeito a ceder.

A Rua São Felix é a via do bairro com maior número de residências ameaçadas por desmoronamento. O Estado identificou, na tarde de ontem, seis imóveis com risco de deslizamento de terras. Dessas, mais da metade está ocupada. Uma das moradias que está abaixo de uma barreira é a do apo­sentado Jorge Oliveira, que vive na comunidade há mais de vinte anos. Segundo ele, até o momento nenhum representante da Defesa Civil esteve no local. “Enquanto isso, torço para que as chu­vas diminuam”, disse.

Ele vive na pequena residência de dois cômodos com um filho e a esposa. O aposentado garantiu que, por enquanto, não tem condições de se mudar. “Com o que ganho de aposentadoria, mesmo com o meu filho trabalhando, ain­da não dá para comprar outra ca­sa”, afirmou. O montador de móveis Raimundo Lopes, de 36 anos, contou que os alagamentos são comuns durante as chuvas no bairro. “Sem falar que a água vem da parte alta daqui da rua e encharca as casas embaixo”, lembrou.

Outros casos
O bairro Salina do Sacavém – próximo ao Coroadinho – também tem registro de imóveis localizados em áreas de risco. Para conter a ação da erosão, alguns moradores recorrem a ações caseiras, como empilhar pneus na base das barreiras. Em outros casos, até sacos de areia são usados para o mesmo fim. “A gente não tem o que fazer, a não ser rezar”, disse Marilene Souza, moradora do bairro.

Em dezembro do ano passado, a Prefeitura de São Luís – por meio da Defesa Civil – informou que 20 pluviômetros estão instalados em pontos estratégicos da cidade e em bairros considerados de risco de deslizamento. No entanto, no bairro Salina do Sacavém nenhum pluviométrico foi colocado.

O Município informa que monitora as áreas de risco na cidade. De acordo com a Prefeitura, durante o Carnaval – por exemplo – um plantão especial foi mantido com o objetivo de atender às possíveis solicitações e dar a assistência necessária. Até o momento, a Prefeitura não informou o saldo deste trabalho e nem o que será feito para impedir possíveis casos de desmoronamento nas próximas semanas.

Números
153
é o telefone da Defesa Civil Municipal
60 é a quantidade de áreas de risco na capital maranhense

SAIBA MAIS

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), pelo menos até o próximo sábado, 4, o tempo será predominantemente nublado na capital maranhense. De acordo com o órgão, as temperaturas deverão variar na cidade entre 23ºC e 31ºC. Ainda segundo o Inmet, deverão cair chuvas intensas no período, possivelmente acompanhadas de raios, com ventos fracos ou moderados.

CONTATO

Defesa Civil Municipal 153

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